sábado, 23 de março de 2013

Como mudar? Como mudar?

Na mente e nas conversas dos portugueses, não abeirados no sistema de compadrio e nepotismo, independentes de amarras partidárias de interesses inconfessáveis, uma ideia mantém-se e aprofunda-se: - como mudar esta situação trágica e escabrosa que domina e destrói o país, e que os responsáveis, não compreendendo ou ignorando os seus fundamentos, são incapazes de remediar?
Nem mesmo recorrendo aos conhecimentos ancestrais que abriram caminho a novas situações, porque tudo é novo e nada se repete, como pôr em prática a locução latina mutatis mutandis (mudando o que deve ser mudado), se tudo está artilhado de forma engenhosa e que não há ainda especialistas para desarmar tantas e diferente arolas.
Se o cidadão comum se tornar insensível, é notório que não sente alegrias, mas de igual modo não sente sofrimento. Daí ser possível submetê-lo a situações humilhantes, que podem ser desvalorizadas através do relativismo tão em moda.
Os que governam, os que têm o poder económico e financeiro e seus lacaios, vivem num mundo distante da realidade em que se inserem as populações mais pobres, não se inteirando verdadeiramente dos problemas que as afectam. Muitos de nós, por omissão, também temos alguma nesga de responsabilidade nas injustiças sociais, mas também não é viável que cada um possa ou se queira transformar num Robin Hood.
Estabeleceu-se um ciclo vicioso, que vai desde a comunicação social, especialmente a que depende do poder político, aos cargos político-partidários e governamentais, sejam do poder central, regional ou local.
Muitos dos que estão a exercer devem os seus cargos aos que saíram e, logo que lhes seja oportuno, vão tentar recuperar os que os ajudaram, evitando que outros ocupem esses lugares e assim vão perpetuando o sistema.
Na comunicação social, que influencia a opinião pública, salvo raras e honrosas excepções, não há lugar para artigos que refiram assuntos que não façam parte da sua agenda conveniente, mesmo até nas ostracizadas Cartas ao Director.
A prorrogação de mandatos de Presidentes de Câmara, com que uma diabólica interpretação da Lei nos quer brindar, envergonha qualquer pessoa de bom senso.
A cereja no cimo do bolo, o descaramento inaudito, a afronta mediática, é o convite para o “jornalista” José Sócrates nos brindar, na RTP, semanalmente, com uma conversa em família. E referi o eventual comentador como “jornalista”, porque o Sindicato desses profissionais já tomou posição pública a verberar os que são contra.

Joaquim Carreira Tapadinhas

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