terça-feira, 26 de março de 2013

Leitores-escritores de cartas



Em 2010, a investigadora Marisa Torres da Silva defendeu a sua tese de doutoramento intitulada As cartas dos leitores na imprensa portuguesa: uma forma de comunicação e debate do público, na Universidade Nova de Lisboa.
Fui ler algumas passagens:
"As cartas dos leitores podem ser comummente descritas como um meio através do qual os leitores têm voz sobre os mais diversos temas, constituindo-se como um dos lugares do jornal onde o cidadão tem a oportunidade de se expressar. Para estudar a forma como a voz dos leitores é seleccionada e enquadrada na imprensa, centrámos a nossa análise no trabalho de edição das secções "Cartas ao Director" e "Tribuna Livre", respectivamente dos jornais Público e DN (...)".
(...) a perspectiva da imprensa sobre o seu público, nomeadamente, sobre os leitores-escritores de cartas, molda o discurso público, desde logo, nos critérios de selecção utilizados para escolher as cartas a publicar. Convém sublinhar que são os jornais, e não os leitores, que determinam quem pode e não pode ter acesso à secção das cartas e que, por isso, determinam igualmente a composição de vozes do debate público. No entanto, essas regras de escolha das cartas não são explícitas para os leitores, uma vez que "as formas de acesso são orientadas por normas e convenções que não estão escritas. (...) De igual forma, devido à inexistência de um estabelecimento mais formal destes critérios de seleção, por exemplo, num manual de redação, o responsável encarregue de escolher os textos para publicação não dispõe de uma «preparação» específica para este trabalho, baseando-se sobretudo na linha editorial do jornal, nas práticas jornalísticas e até nas suas preferências pessoais".
Fica aqui esta sugestão de leitura interessante para quem, como nós aqui no blogue A Voz da Girafa, «fomos» o objecto de estudo desta investigação!


 

11 comentários:

  1. Mas pior do que não publicar uma carta é cortá-la seleccionando o que vai de encontro à linha redactorial do jornal e excluindo a parte que lhe dá o seu verdadeiro sentido. Muitas vezes começamos por uma parte para rebatê-la e, no jornal, só sai a primeira parte. O DN é mestre nisto, ao contrário do Público que, quando publica, respeita mais o autor.

    Santana-Maia Leonardo

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  2. Eu também gosto mais do PÚBLICO: não cortam praticamente nada, embora seja mais difícil termos as nossas cartas publicadas.
    O DN, por seu turno, chega a publicar cartas do mesmo autor em dois ou três dias consecutivos.

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    1. Claro que é óptimo para quem tem as suas cartas publicadas todos os dias!!
      O Público dá mais liberdade relativamente ao estilo da escrita dos leitor e ao tema escolhido por este, mais um motivo porque gosto mais deste jornal.

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  3. Só conheço a secção do "Público" e curiosamente tenho estado estes últimos dias a ler todas as cartas que eu guardei ao longo destes últimos anos. Dos critérios de selecção são pouco os que me apercebo. Reparei que inicialmente os textos publicados eram mais longos, logo o jornal dava mais espaço de publicação. Quanto aos meus textos enviados dos publicados e dos não publicados nada tenho a dizer. Acho que sim, deveriam dar mais espaço para as 'Cartas à Directora'. De qualquer modo seria interessante haver um espécie de código embora acredito que seja difícil estabelece-lo.

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  4. Há tempos, o PÚBLICO publicava cartas que eu enviava muitos dias antes. Hoje, se lhes interessa, publicam no dia seguinte e se for enviado logo após o almoço.
    (Era giro partilharmos, em forma de registo, o que pensamos sobre este assunto).
    Os jornais também não corrigem os erros e as omissões de palavras que por vezes deixamos passar nos nossos textos...(é mau).

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    1. eu queria dizer: se for enviado até ao almoço ou pouco depois.

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  5. Eu lembro-me de ter mandado muitas cartas para o PÚBLICO e o Expresso antes de ver publicada a minha primeira carta. Já para o DN e o JN é bem mais fácil!
    Parece-me que com o tempo vamos afinando e aprimorando o nosso texto aos diferentes jornais. Que vos parece?

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  6. Só tenho enviado cartas para o JN e dos três ou quatro jornalistas que fazem essa seleção apercebo-me qual o grau de exigência de cada um e de que àrea são originários.

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  7. É verdade que devemos ter em conta o grau de preferência dos jornais que, para sobreviverem, algumas vezes, estão ao serviço de conveniências e nem sempre publicam o que devia ser publicado. Por uma questão de princípio, as cedências de quem quer "gritar" a sua revolta ou concordância, não podem ultrapassar o razoável sob pena de servirem apenas como chuva no molhado.

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  8. Uma boa lembrança, este tema, na era da internet. As cartas dos leitores sempre foram, para mim, uma das secções mais interessantes de um jornal. Gosto de seguir certas polémicas que se criam. Se o jornal nos dá as notícias, pondo-nos a par do que se passa, as cartas dão-nos a visão dos leitores, que reagem de maneira bem diferente uns dos outros à mesma notícia/crónica.

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  9. Tanto quanto me lembro a minha primeira carta foi antes de 1964 e parece-me que para o Diário Popular a propósito de uma passagem subterranea para a Praia de Paço de Arcos. Não fiquei com cópias mas a passagem fez-se e ainda hoje lá deve estar. Penso que os Jornais podiam/deviam dar um pouco mais de espaço aos escritores/leitores pois fornecem muitas vezes fornecem pormenores locais que não chegam aos jornais.

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