quinta-feira, 21 de março de 2013

Somos os melhores! E depois?

Como interpretar os nossos jornalistas e os fazedores de opinião? Dizem verdades, dizem conveniências, são irresponsáveis ou pouco reflectidos, querem adular o nosso ego de portugueses, querem fazer-nos tolos! Afinal o que pretendem com as suas intervenções públicas?
Todos sabemos a situação do nosso país e, infelizmente muitos sentem-na tão duramente, no seu dia-a-dia, tão difícil e escuro, que poderíamos referir como suportando uma noite-a-noite.
Retiramos títulos de um jornal de referência, publicado hoje em Lisboa; - “Criminosos de 60 países nos gangues que actuam em Portugal”. Com regularidade são dadas notícias encomiásticas sobre as acções das nossas polícias e, nalguns casos, se diz que a nossa polícia judiciária é uma das melhores do mundo. Sabendo isso, os criminosos não se incomodam, e actuam no território português, como se depreende pelas notícias contraditórias e factuais a que todos nós temos acesso. A actuação das polícias são marcas nos caminhos que conduzem à justiça, e esta, demorada em excesso quando há dinheiro e influências, também deixa muitos amargos de boca, a quem a ela recorre, e a quem se interessa pela boa ordem social.

Na economia, ou seja na produção de serviços, retiramos outra notícia; - “Gestores portugueses são dos melhores da Europa”, tendo a PT recebido o prémio do melhor CEO nas telecomunicações, enquanto a EDP Renováveis é a segunda das empresas europeias com melhor gestão. Como sabemos estas empresas estão no mercado nuns espaços de monopólio ou quase, e os preços dos serviços estão sempre protegidos por acordos governamentais de modo a que tenham sempre os lucros assegurados. Não tem a ver com um sistema concorrencial de exportação de produtos, onde são necessários esforços de gestão muito mais elevados. Entretanto, apesar do pódio dos nossos gestores, o desemprego galopa nos 17% e a cavalgada está a entrar no trote, com as falências diárias das empresas.
O terceiro título que retiramos é; “Centros de saúde sem qualidade vão ter de fechar” e que o Governo aperta a fiscalização às unidades criadas por Sócrates e que as que não atingirem 65% da pontuação fecham portas. Ora, o Governo e os políticos, que nos últimos anos têm vivido nessa área, vêm enchendo a boca com o SNS que é um dos melhores da Europa e que tem de ser mantido, custe o que custar. Mas, como podemos observar, se é verdade o que agora se diz, com tantas falhas, não é assim tão confiável.
Este tipo de discurso, que nos oferece a informação, seja ela escrita ou falada, conduz-nos a um clima de descrença, que não ajuda a uma estabilidade emocional tão necessária à vida de qualquer cidadão. Entendemos por isso que a comunicação social, para ser credível, tem de ser mais criteriosa e percorrer os caminhos que nos conduzam à verdade dos factos e não dizer o que no momento satisfaça as conveniências de grupos ou entidades influentes e poderosas. 

  Joaquim Carreira Tapadinhas

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