quarta-feira, 24 de abril de 2013

Prescrição não é para o seu múnus!

Soube~se hoje que processo judicial contra os padres suspeitos de crimes sexuais contra menores (crianças!!) não vão existir não houve queixa formal e o tempo prescreveu. Até aí "tudo bem" (tudo mal, como é evidente), agora que a própria Igreja Católica também aceite a prescrição canónica e, pior que isso, rejubile com ela, "valha-nos Nosso Senhor" (diria um agnóstico...)! Então os valores que são o múnus da própria instituição?!

Fernando Rodrigues

6 comentários:

  1. A Igreja é feita por homens e por isso também de pecadores e não é de exigir-lhes muito mais do que se exige aos outros (não crentes). O perdão está inserido como princípio no comportamento entre as pessoas e não se pode arrastar um pecado indefinidamente. Sou agnóstico, mas defendo mais o caminho da prevenção que o da perseguição, porque ninguém pode estar ao mesmo tempo com incumbências que, não se opondo, também são irrealizáveis, pelos mesmos ao mesmo tempo. A educação começa no berço e não quando já se adquiriu os vícios que são condenáveis e que a sociedade tem o dever de preveni-los.

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    1. Eu também defendo o caminho da prevenção. Mas só esclarecendo o que se passou, se pode prevenir. Se continuarmos a deixar prescrever e nos limitarmos a dizer "já passou, olhemos em frente", nunca se modificará nada. As responsabilidades têm de ser assumidas! E o perdão só funciona verdadeiramente quando há arrependimento.

      "não é de exigir-lhes muito mais do que se exige aos outros"? Desculpe, mas não concordo. É lícito exigir muito mais a quem pertence à Igreja. Porque também se confia mais. Muitos pais põem os seus filhos em instituições da Igreja, porque confiam mais nelas do que nas outras. Porque querem ter a garantia de que os seus filhos estão bem entregues. A Igreja tem responsabilidades acrescidas, ponto! É bom que os homens que a fazem (e o problema talvez esteja em serem só homens) levem a sua responsabilidade a sério!

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  2. Se acompanha com cuidado o assunto em causa deverá ter em atenção que os factos eventualmente sucedidos foram há mais de 20 anos e havendo problemas de grande profundidade a serem vividos no momento, talvez, sem esquecer os erros cometidos, fosse mais racional atender e resolver as novas situações que continuar a lavrar nessa mísera sementeira que é indigna para todos os que nela colaboraram. As pessoas são iguais em deveres e direitos e não é por ser membro de qualquer congregação que sobem qualquer patamar. Fui educador durante dezenas de anos, marido,pai e avô e a minha idade trouxe-me também alguma experiência na vida, mas não quero dizer que esteja certo na apreciação que agora faço e respeito as opiniões que são contrárias. Os meus respeitosos cumprimentos e muito grato por ter lido o meu comentário e se ter dado ao trabalho de o analisar. As maiores felicidades para si e todos os seus.

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    1. Eu também compreendo a sua visão dos factos e acho igualmente que é importantíssimo investir na prevenção e/ou tratar dos casos recentes, a fim de minorar as consequências. Mas, lembre-se, caro Joaquim, que situações dessas deixam mazelas para toda a vida, independentemente de terem acontecido há vinte, trinta, ou quarenta anos. Tenho lido testemunhos de pessoas com quarenta ou mais anos de idade, que só hoje se atreveram a falar dos suplícios por que passaram e das mazelas que as acompanharam a vida inteira, impedindo-as de a viverem normalmente, atacadas por ataques de pânico, vindos do nada, ou por pesadelos constantes. Dizem que o tempo cura tudo, mas não é bem assim. Um dos desgostos que pessoas dessas têm é que não as levem a sério, é dizer-lhes: "deixa lá, já foi há tanto tempo. Esquece!". Não devemos deixar essas pessoas sozinhas! O mínimo que podemos fazer é dar-lhes ouvidos e mostrar compreensão.

      Obrigada, felicidades também para si e os seus.

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  3. A sua simpatia em aturar as minha opiniões e dar-se ao incómodo de contextualizá-las é para mim muito gratificante e concordo em tudo o que disse e diz, mas ainda lembro o ditado de que "não adianta chorar sobre leite derramado", embora percebamos e sintamos todo o prejuízo.

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    1. É um assunto que me interessa, o abuso de crianças, seja onde e de que maneira for. As pessoas que o fazem também terão problemas, mas, para mim, não há maior ato de cobardia do que abusar de quem não se pode defender.
      Foi, por isso, um prazer trocar opiniões consigo.

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