sexta-feira, 31 de maio de 2013

o PSD profundíssimo

José Matos Correia, vetusto e "com muito orgulho" deputado do PSD, em remoque público contra Pacheco Pereira, apontou a este a porta de saída do partido. A sua premissa é uma: não pode estar contra o partido e ser do partido.
Não sei se Matos Correia consegue atingir o alcance das suas palavras. E também não sei se anda a dormir nestes dias que correm (também não alcanço se terá mais alguma atividade para além da de deputado orgulhoso, o que explicará, de certo modo, em caso afirmativo, o entorpecimento). Porém, sei que não é só Pacheco Pereira que se encontra "outsider" deste partido que foi fundado por Sá Carneiro numa linha verdadeiramente social-democrata. Neste sentido, seria mais ajustável inventar outro partido para que os Matos Correias possam continuar a chafurdar na arena da politiquice experimentalista.

Quadras I





                                          Se ao teu falar alterado
                                          Respondem palavras feias
                                          E ficas incomodado?
                                          - Só colhes o que semeias!

                                                         *
                                          Ao pobre, a moeda deste!
                                          Fizeste grande avaria?!
                                          Tu, apenas, devolveste
                                          O que ao pobre pertencia!

                                                         *
                                          Se o AMOR fosse moeda
                                          A correr de mão em mão
                                          Haveria PAZ na Terra
                                          E melhor compreensão

                                                        *
                                          O saber cresce e recresce
                                          É maior a cada instante
                                          Só o sábio reconhece
                                          Que se torna ignorante



                                                      JOAQUIM CARREIRA TAPADINHAS
             

Roubaram o corpo de Deus

Ontem, 30 de Maio, foi o dia de Corpo de Deus, o primeiro feriado roubado aos portugueses, dos quatro que o actual governo e seus deputados decidiram eliminar e transformar em jornadas de trabalho gratuito.
São trinta e duas horas de trabalho gratuito oferecido às empresas (4 dias x 8 horas), o que num universo de 3 milhões de trabalhadores por conta de outrem, equivale a 45 mil empregos.
Se acrescentarmos ao roubo dos feriados, os três dias de férias também eliminados e o embaratecimento, directo e indirecto, de trabalho extraordinário, aumentam as hipóteses de as empresas não só não admitirem ninguém, como ainda de despedirem mais pessoas.
Para criar emprego e combater o desemprego, não se pode aumentar o tempo de trabalho ou facilitar o seu prolongamento.
O roubo dos feriados, teve a bênção do Vaticano e do cardeal D. Policarpo. Esperemos que uma nova forma de olhar o que se passa no mundo e no nosso país, do papa Francisco e do futuro cardeal D. Manuel Clemente, contribua para ajudar as pessoas a reclamar e a alcançar a paz e felicidade a que têm direito.

Rainer Werner Fassbinder


Rainer Werner Fassbinder 
 (31.Maio.1945/1982).

Director, Produtor, Actor e Escritor de filmes na Alemanha Ocidental, quando ainda havia o Muro de Berlim. Morreu com 37 anos apenas e no entanto deixou uma obra genial sendo considerado o representante da Nova Vaga de Cinema Alemão da altura. Começou com 21 anos e deixou cerca de 40 filmes, inúmeras peças para teatro e duas séries televisivas. “Berlim Alexanderplatz” teve passagem pelos écrans da RTP nos anos 80, tratando-se de uma série onde se retrata a Alemanha de entre as duas Guerras nos anos 30 do século passado, adaptada do livro de Alfred Döblin com o mesmo título, centrada na personagem de Franz Biberkopff. Na altura da sua morte, depois de ter realizado o seu último filme, Querelle, Fassbinder estava a preparar o seu próximo filme, Rosa L., centrado na vida da activista revolucionária polaca Rosa Luxemburgo assassinada pelos alemães em 1919.
A colossal produtividade de Fassbinder baseava-se, largamente, no facto de ele trabalhar sempre como parte de um colectivo e de se rodear de pessoas familiarizadas com a sua abordagem. As personagens femininas interpretadas, entre outras, por Hanna Schygulla, Irm Hermann, Margrit Carstensen, são marcantes. Fassbinder gostava de colocar as mulheres na posição de serem elas a veicular aquilo que o realizador tinha para dizer por achar as mulheres mais interessantes. As obras de Fassbinder aparentam ser tão pessimistas, tão despojadas de qualquer esperança de desenvolvimento pessoal e social, que se torna compreensível a rejeição que os seus filmes frequentemente encontram. Fassbinder gostava de transmitir a ideia de que se por um lado os seus filmes veiculam algo de desesperado, deprimente ou destituído de esperança por outro acreditava de que se as crianças fossem criadas como flores, talvez posam, um dia, viver de forma diferente dos pais. Daí se dizer que o realizador alemão filmou a partir de uma perspectiva infantil. Daí, também, a sua capacidade para ir directo ao assunto, contando de forma simples e ingénua histórias sobre os mais complexos problemas.
“Nunca tento reproduzir a realidade, o meu objectivo é tornar o mecanismos transparentes, para que as pessoas percebam claramente que têm de mudar a sua realidade.”

Fonte: “O Amor é mais frio do que a morte” Christian Braad Thomsen
Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Cativação de Depósitos

Cativação de Depósitos acima de 100.000 euros. Quando uma Sociedade Anónima abre um processo de insolvência: primeiro respondem pelas dívidas os bens da sociedade, depois os acionistas em função do capital subscrito e finalmente os gestores por gestão danosa. Ora a nova modalidade que é utilizada na insolvência de um Banco, SA é de que respondem pelas dívidas os Depósitos dos Clientes com valores superiores a 100.000 euros, sem utilizarem escalonamento, como se um depósito de 150.000 euros fosse igual a um depósito de 1.500.000 euros, e os bens do banco? E os acionistas do banco? E os administradores com salários e prémios milionários por gestão danosa? Tudo isto deveria ser muito melhor esclarecido. (JN 30/05/2013)

Este Governo é demais

Todos aqueles cidadãos-contribuintes mais atentos a estas questões de fiscalidade, não podem ficar indiferentes e não estão decerto esquecidos do que aconteceu em sede de IRS nos anos de 2011 e 2012 respectivamente, quando todos nós fomos severamente penalizados, com os cortes na maioria dos benefícios fiscais a que tínhamos direito e que este (des)governo sem dó nem piedade, puramente nos “roubou” descaradamente.
Hoje mesmo (quinta-feira dia 30 de Maio), e segundo o ministro da Presidência do Conselho de Ministros, Luís Marques Guedes surge, após a reunião do mesmo Conselho, onde foi aprovado o orçamento rectificativo, a informar a “plebe” que é intenção do (des)governo em aumentar de 5% para 15%  a dedução em IRS do IVA, gasto em aquisições e prestações de serviços em algumas actividades, isto é, este (des)governo vai triplicar os benefícios fiscais em sede de IRS, aos cidadãos-contribuintes que peçam factura.

Mais uma forma de virem enganar a “plebe” com artimanhas “circenses”. Querem fazer crer que nos estão a dar com uma mão, mas no fundo estão é a roubar com a outra. Recuso-me terminantemente a pactuar com estas artimanhas e não sou fiscal do Estado. O Estado a mim nunca me deu nada, pelo contrário só me tem ao longo dos tempos vindo a “roubar-me” e sem me pedir licença para o fazerem.
Não há outras formas mais transparentes e honestas de dar incentivos à "plebe"?.

                                                                                                        Mário da Silva Jesus

Trabalhar mais? Não!

Não é trabalhando mais horas que se resolvem os problemas de produção, económicos ou de emprego dos portugueses. Esses problemas serão resolvidos com politicas verdadeiras de opção entre produção nacional ou importação, revitalização, organização e enquadramento do aparelho produtivo e da nossa mão-de-obra, horários e ordenados humanizados entre outras vertentes.
Um trabalhador com horários prolongados (mesmo com horas extras pagas) fica cansado e além de não produzir com vigor arrisca-se a sofrer ou provocar acidentes. O ser humano tem limites e, assim como uma máquina tem de parar para manutenção, conservação, substituição de peças, também o trabalhador tem de recarregar baterias com descanso, horas de sono e ocupações lúdicas. E horários mais curtos poderão criar espaço para outros trabalhadores também terem acesso a emprego.

Três sons virginais


                               




                                 Três gritos, seguidos à dor
                                 E a vida em botão
                                 Do ventre rasgado
                                 Brotou com amor

                                 Três gritos... depois,
                                 Vagidos apenas, pequeninos ais.
                                 Três gritos de mãe
                                 Três sons virginais!...

                                 E a vida deu vida
                                 A mais outra vida
                                 Numa cadeia de evolução!

                                  Um ser
                                  Um poema
                                  Com respiração!


                                                                JOAQUIM CARREIRA TAPADINHAS    

Recém-nascido salvo dum tubo de esgoto

Já é muito conhecido o caso deste recém-nascido chinês que foi resgatado - sem um único arranhão -dum tubo de esgoto logo após o seu nascimento.
Sem comentários ou então o único que me ocorre: desespero, irracionalidade, senilidade da mãe... Ao que podemos chegar?!
O bebé está a recuperar bem. Uma perfeição de ser humano. Uma beleza.
A minha filha comentou: «não lhe podem contar o que aconteceu...».
Pois, a verdade é cruel demais.

Árvores




“São seres silenciosos que, a nosso lado, partilham quotidianamente a mesma única vida, a sua e a nossa vida. Mal damos por elas, as árvores, tão comum e familiar é a sua antiquíssima presença perto de nós, e tão anónima. A maior parte da vezes pouco mais somos capazes de dizer do que «árvore», ou «árvores», porque também as nossas palavras se foram, pouco a pouco, tornando silenciosas. E, no entanto, cada árvore, como cada um de nós, é um ser absoluto e irrepetível, idêntico apenas mutantemente a si mesmo, uma única vida com uma história única, um passado para sempre atado, de forma única, ao nosso próprio passado.”

Manuel António Pina
In “À sombra de árvores com história” Campo Aberto 2004

Direitos fundamentais das crianças

 O ministro da Segurança Social, Mota Soares do CDS, com aquele seu ar de motociclista sem capacete de protecção, para tentar justificar a oposição à lei sobre co-adopção, aprovada pela Assembleia da República, invocou hipocritamente os direitos fundamentais das crianças.
 
Não pode deixar de constituir um acto da mais profunda hipocrisia, o sr. ministro falar em direitos das crianças, quando ele e o governo PSD/CDS a que pertence, cortam no abono de família e salários dos pais, nas pensões dos avós, promovem o desemprego e diminuem ou eliminam o respectivo subsídio, permitem a fome nas escolas.
 
Ou pensará o  ministro e o governo que são as crianças que sustentam os adultos?

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Novas esquerda e direita- precisam-se!

 Vivemos numa profunda crise global dado que vivemos na primeira civilização global da História. O capitalismo tornou-se o sistema económico de todo o planeta e as excepções são apenas pequenos resquícios das velhas utopias, que só confirmam a regra. Há que encarar, pois, esta crise de uma forma também global sob pena de caminharmos para a catástrofe. Ruíram velhas convicções, criaram-se novos valores, novos padrões de vida em sociedade, avançou-se de forma galopante na tecnologia da informação, mas o Homem continua o mesmo e os fantasmas do passado ressurgem cada vez mais na Europa e fora dela. A política continua a fazer-se com os mesmos enredos e protagonistas, nas costas dos povos, sob a tutela dos grandes grupos financeiros mundiais. A esquerda e a direita confundem-se, aos olhos do povo, quando aceitam as mesmas medidas ditas fracturantes e julgam dividir-se quando se combatem retoricamente, nos parlamentos, para corrigir os erros do neo-liberalismo económico. Falo da direita tradicional, que se reivindica da democracia cristã e falo também da esquerda não totalitária, porque são estas que podem trazer uma solução para o futuro. Não em convergência mas em permanente diálogo, em busca de soluções duradouras para a sociedade do futuro. Para que tal aconteça, ambas as ideologias tem que reconhecer erros passados e deixar cair bandeiras que já não fazem sentido para o futuro. A direita tem que deixar uma certa canga moralista e conservadora e pugnar por mais justiça social, maior regulação da economia de mercado, maior distribuição da riqueza e mais igualdade de oportunidades para todos sem descriminações de raça, credos ou condição social. A esquerda tem que deixar cair velhos preconceitos sobre tudo que é privado, sejam escolas, empresas ou hospitais, sobre a necessidade de mais rigor e exigência na educação pública, nos deveres dos cidadãos e não só nos seus direitos e na necessidade dos povos de valores espirituais para sobreviverem, sem ver neles velhos ópios mais do que ultrapassados. Será nesta convergência dialéctica que se poderá construir no futuro uma sociedade em que o materialismo, puro e duro, seja substituído por valores morais e espirituais arejados pelos novos ventos da História, em que as necessidades materiais e espirituais sejam igualmente atendidas pelos poderes públicos, pois só assim o deus do consumismo, que nos torna infelizes e pobres, será derrotado por uma visão mais igualitária e holística do Homem e da sociedade.

(PÚBLICO, 1-6-2013)
José Carlos Palha

a desopressão de rosalino

Neste jogo de palavras e de frases que se tornou a política comunicativa do Governo, anoto o que Hélder Rosalino afirmou ontem, despudoradamente, candidamente, tacanhamente, a propósito do estafadíssimo regime de requalificação da função pública: não está o Governo a criar nenhuma pressão sobre os trabalhadores, "isto que fique bem claro", desbocou o Secretário de Estado da Administração Pública. Adiantou ainda que parte de trabalhador a saída do posto de trabalho.
Ora, como esta semântica é tão ridícula, o melhor é esperar por outra. O que, aliás, não é de todo insólito na putativa imagem de grandes cérebros deste Governo.

Jardins



 (Jardim Botânico - Porto)
 
Dos sumptuosos jardins ou parques existentes por esse mundo fora não conheço nenhum em particular. Desde o Hyde Park ao Central Park ou os de Versalhes. Só conheço os de Portugal. E dos que já visitei fiquei deliciado e às vezes encantado. Em Lisboa para além do Jardim Botânico, enclausurado no meio da selva urbana, um dia fui levado pela mancha verde existente no mapa da cidade lá para os lados das Necessidades. Descobri um jardim meio escondido e algo desconhecido. Mas lindo. Calmo, grande e com excelentes espaços para nos espreguiçarmos na relva ao domingo. Curiosamente tenho vindo a reparar que muitos destes espaços existentes e abertos ao público, seja nas grandes cidades como fora delas, foram primeiro propriedade de pessoas que ali habitavam e só mais tarde, com a saída dos seus donos para outras paragens ou fruto de doações, eles se tornaram do domínio público. Em Ermesinde existe a Vila Beatriz, nome da sua antiga proprietária. No Porto os Jardins de Serralves pertenceram ao Conde de Vizela. Os de São Roque também pertenceram a uma família com o gosto das plantas e do verde. Recentemente voltei ao Jardim Botânico no Porto onde outrora viveu a família de Sophia de Mello Breyner Andersen.
O que levava estas pessoas de então a rodear a sua casa de espaços verdes majestosos carregados de árvores de diferentes espécies e com espaços extremamente bem desenhados? Havia dinheiro e terreno para isso, sem dúvida. Ora, hoje o dinheiro não escasseia para uma certa elite, o que escasseia sim é o terreno disponível dentro das cidades. Só por esta razão é que eu entendo ser hoje tão difícil encontrar alguém acomodado na sua riqueza que no espaço da sua habitação privilegia um grande e bonito jardim como os que eu anteriormente citei. Graças à fortuna de uns e do seu gosto imenso pelo Jardim podemos hoje ter o privilégio de ter alguma variedade de jardins para visitar em algumas das nossas cidades.

Menos horas de trabalho, sim!

Li o excelente texto do professor e politólogo André Freire hoje publicado do PÚBLICO. É evidente o impluso e a revolta com que o escreveu. Vale a pena ler. Deixo aqui a frase essencial: "(...) precisamos de nos bater por menos horas de trabalho para todos, e não por mais, como defende a doxa dominante".
E subscrevo enquanto PESSOA!!
 

 

Deus ou diabo?

Ando angustiado, e já vão saber o porquê:

Nos últimos tempos tenho andado muito angustiado. E interrogo-me por tal estado vivencial em que me encontro. E chego a pensar que certamente é porque estou quase a atingir sete décadas de existência.
E questiono-me se devia estar assim, ao ponto de me sentir até um pouco doente com este estado de coisas e loisas, o que me é (e tem sido) muito negativo, tendo em conta que não sou um eremita, pois vivo rodeado de entes queridos, alguns amigos e outros concidadãos.
E como não sou pombo-correio, porque não escrevo por encomenda, tendo em conta somente o que sinto, fiquei a matutar profundamente, acerca da longa ‘vida delituosa’ (que não é a única) do antigo político Duarte Lima (uma espécie de ponta de lança), e pela qual começou agora a ser julgado.
Pois bem, então, a angústia tomou novamente conta de mim só de pensar nas corjas e seitas de malfeitores que temos tido (e aceites) nas rédeas de todos os poderes da nação, o que não invalida que alguma muita boa gente também por eles tenha passado, pese embora em tão ínfima percentagem, pois quase todos eles se apoderaram ilicitamente de bons quinhões da herança colectiva, pertença de todos nós.
E é por tudo isso que não ando de boa cara, pois dificilmente consigo distinguir um deus de um diabo.

José Amaral

terça-feira, 28 de maio de 2013

"Hip Hop salvou minha vida"

Dexter (alusão ao nome de um dos filhos de Martin Luther King), é um rapper "forjado numa prisão do Brasil". Dexter esteve «exilado» 13 anos, disse ao PÚBLICO, o que é diferente de estar «preso».
Aos poucos, "vai redescobrindo a «liberdade nas pequenas coisas» (...) "Não virou as costas à prisão. Idealizou o projecto Como Vai Seu Mundo? (...) por meio de oficinas de teatro, música, dança, fotografia, rádio, trabalham a ideia de que «existem outras coisas para fazer, não só o crime»".
Dexter está em Portugal para alguns concertos.

Os palhaços e os filhos da p...

Ramada Curto foi um advogado e jornalista bastante popular do meio teatral e jornalístico lisboeta da primeira metade do século XX, tendo intervindo nalguns dos processos-crime mais célebres do seu tempo.

Uma das suas histórias judiciais que ficou célebre teve haver com a defesa de um arguido acusado de chamar “filho da p…” ao ofendido, expressão que, na altura, era considerada altamente ofensiva. Nas suas alegações, Ramada Curto começou por chamar a atenção do juiz para o facto de, muitas vezes, se utilizar essa expressão em termos elogiosos (“Ganda filho da p…, é o melhor de todos”) ou carinhosos (“Dá cá um abraço, meu grande filho da p…!”), tendo concluído as suas alegações da seguinte forma: «E até aposto que, neste momento, V.Ex.ª está a pensar o seguinte: “olhem lá do que este filho da p… não se havia de ter lembrado só para safar o seu cliente!...”».

Chegada a hora de sentença, o juiz vira-se para o réu e diz: «o senhor vai absolvido mas bem pode agradecer ao filho da p… do seu advogado».

Isto vem a propósito de recente afirmação de Miguel Sousa Tavares, que fez a capa do jornal Negócios, de que nós já teríamos um palhaço que se chamava Cavaco Silva. O que tu foste dizer?!... Em Portugal os nossos políticos são todos muitos susceptíveis e o povo muito reverente. Em Portugal, um político pode arruinar uma autarquia ou um país, enriquecer os amigos e a família e lançar o povo na miséria, destruir lares, famílias e vidas, que não lhe acontece nada. Mas, se alguém chama "palhaço" a um político, tem logo o procurador e a polícia à perna.

Eu até compreendo que certos políticos não gostem que lhes chamem "palhaços", porque, efectivamente, os únicos e verdadeiros palhaços nesta história não são os eleitos mas quem os elegeu. Com efeito, por muito que nos custe reconhecer, os palhaços somos nós, o povo eleitor, que, durante os últimos vinte anos, temos eleito e sido governados pelos ofendidos da história de Ramada Curto.

Santana-Maia Leonardo

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Livreiros


(Pintura de Alda Carneiro)

A notícia vem na edição do “Público” de sexta-feira passada. “Os livreiros no seu labirinto” é o título de um artigo que tenta retratar o quão difícil é hoje em dia manter ou abrir uma livraria digna desse nome. São referidas as últimas baixas nesta guerra de sobrevivência e também são referidos casos de sucesso. Curiosamente não se menciona, porque não era para ali chamado, o caso megalómano da livraria gigantesca que um dia alguém decidiu abrir ali para os lados das Amoreiras, em Lisboa, com tudo o que de tecnologia de ponta existia mais um espólio enorme disponível para os leitores. Fechou cerca de dois anos depois com dívidas de milhões! E não foi referida porque não é desses casos, sem qualquer sentido de oportunidade, de que se fala no artigo. Mas sim de casos de manutenção de livrarias com muitos anos e de um enorme valor simbólico, com um grande fundo editorial e situadas, a maioria, na capital. Lisboa. É sintomático haver em Lisboa, numa cidade com cerca de um milhão de habitantes, tantas livrarias a fechar as portas ultimamente ao mesmo tempo que se diz que o número de livros vendidos tem aumentado anualmente. Mesmo aqui na minha terra, no centro comercial cá do sítio, vi algo que nunca julgaria ver. A “Bertrand” a fechar. E não existe mais nenhuma livraria aqui na cidade!...excepto a secção de livros no “Continente”, que, curiosamente, um destes dias foi reduzida drasticamente. A secção de poesia, puf! Desapareceu! E as estantes têm metade dos livros que tinham. As razões para esta crise livreira são muitas e variadas. Há uma que é uma boa razão mas que só por si não é significativa. O crescimento de pólos bibliotecários pertencentes às autarquias onde se podem requisitar livros gratuitamente. As outras são de ordem comportamental, económica, etc. No entanto algumas situações deveriam ser combatidas ou devidamente fiscalizadas para proteger quem está neste ramo de actividade. Por exemplo, quem tem um talho, uma frutaria ou peixaria não vende livros, certo? Porque carga de água de um momento para o outro começaram as estações de correios a vender livros? E porque não optaram por artigos de beleza, fruta ou outra coisa qualquer? Seria na mesma concorrência desleal, sem dúvida, já que é disso que se trata. Como é dito por um ex-livreiro, no futuro, quem quiser livros bons vai aos alfarrabistas, e os livros em geral serão vendido quase e só em supermercados, estações de correios, bombas de gasolina, estações de comboios e nos corredores dos hospitais (sim, não se riam, mas no H.S. João no Porto, está lá uma banquinha com livros e diz a senhora que se vende…) e na internet. Eu, quando fiquei desempregado e descobri que pela minha condição de analfabeto (12º ano) e demasiado velho para voltar ao mercado de trabalho (50 anos) dificilmente voltaria a arranjar emprego, sonhei com uma livraria. É o meu sonho de trabalho. Andei uns tempos a imaginar montras mirabolantes completamente diferentes das usuais montras de livrarias. Mas depressa descobri que era realmente utópico num país com uma taxa tão baixa de pessoas que gostam de ler e de comprar livros estar a abrir um negócio desse género seria caminhar directamente para a falência. Por isso tenho uma simpatia especial pelo sr. Herculano, dono de uma pequena e simples livraria/alfarrabista lá para os lados da Praça da República no Porto. É uma pessoa simpática e honesta. E realiza o sonho que tenho.

A Telenovela dos Subsídios

A Telenovela dos Subsídios Nunca vi tantas alterações a normas como estas. O recebimento do Subsídio de Natal e do Subsídio de férias dependem se o trabalhador é da função pública ou do setor privado, se é reformado da função pública ou do setor privado e do montante que recebe do salário ou da reforma. Se fossemos listar todas as alterações que houve nestas normas era preciso um trabalho de copista, mas numa coisa não tenho dúvidas: as alterações sucessivas nestes subsídios estão relacionadas com as dificuldades de liquidez do Governo e não para apoiar os cidadãos como disse o Secretário de Estado da Administração Pública, Hélder Rosalino, no Parlamento. E não se esqueçam que o “Orçamento Retificativo”, que resultou da não aprovação pelo Tribunal Constitucional de quatro artigos do “Orçamento de Estado para 2013” ainda não foi aprovado no Parlamento, podendo trazer novas alterações. Ou será que o Governo está também a utilizar o fator tempo a seu favor? (JN 27/05/2013)

Quando acabará a maldição?

Mais uma vez nesta época futebolística, na final da Taça de Portugal, ocorreu mais um déjá vue em que o SLB, que começou a jogar em quatro frentes, nada logrou vencer, pelo que nos veio logo à baila o célebre título do filme ‘E Tudo o Vento Levou’, ou talvez a frase mais corriqueira de ‘morrer na praia’.
Também não podemos deixar passar em claro o que o super bem pago mago da EDP alvitrou em considerar a baixa do PIB por causa do desaire há dias sofrido a favor do invicto FCP pela mesma equipa ora novamente derrotada perante a humilde equipa do Vitória de Guimarães, o que irá duplamente fazer baixar mais o dito PIB, pelo que, com a Taça já a caminho da Cidade Berço da Nação, estamos certos que a bem iluminada catedral fique completamente às escuras por uns largos tempos.
E já agora, somente mais este improviso: no fim do jogo, aquando da entrega das medalhas aos derrotados com alguns apertos de mão com o senhor PR, este, aquando de tal cumprimento ao treinador Jorge Jesus, pareceu-nos tê-lo ouvido o seguinte sussurro: ‘tu, ainda estás em piores lençóis do que eu’.
 
José Amaral

domingo, 26 de maio de 2013

Os jovens não querem nada com a política


"Metade dos jovens portugueses não se vêem a fazer política. (...) não estão inclinados para uma carreia política." (PÚBLICO, 25/5)
Não temos tido bons exemplos. Mas há que renovar a elite política. Sangue fresco, bons ideais, gente que quer ver este país no bom caminho e que se propõe trabalhar nesse sentido. Mas precisamos de «incorruptíveis», tal como Robespierre...


 

O «nada» da criação

Uma boa reportagem na revista do PÚBLICO de hoje: «Criatividade: o lugar onde a arte começa». Gostei das palavras introdutórias de Isabel Lucas:
"No princípio nem sempre há a ideia. Estamos no ponto onde nasce a obra, o zero, o arranque, o lugar onde tudo começa na cabeça dos criativos.(...) À partida, no momento onde ainda nada se vê ou escuta, criar é um acto isolado. Conjuga-se na primeira pessoa so singular".
É um defeito... vejo metáforas em tudo.

Quantos palhaços existem em Portugal?


O concidadão Nuno Morais Sarmento, um dos muitos ex-políticos e um ex-mais não sei quê, um das muitas dezenas de opinadores de meia e tigela inteira, comentadores, críticos políticos, fazedores de não sei o quê, foi instado a pronunciar-se sobre o que o jornalista e escritor Miguel Sousa Tavares, filho da saudosa e ínclita Sofia, terá chamado de PALHAÇO ao actual inquilino de Belém – senhor Aníbal Cavaco Silva, que vai no seu segundo mandato como PR.
O bem intencionado comentador achou não ser de bom-tom serem rebaixados e julgados na praça pública os detentores de cargos públicos, pois é menosprezar tais membros empossados em lugares de grande destaque nacional, que todos nós deveríamos respeitar.
Também acho que sim, mas ‘quem não quer ser lobo não lhe veste a pele’ e retira proveitos e proventos de muitas malfeitorias que nunca deveriam ser praticadas. Por isso, o nosso melindrado Nuno Morais Sarmento, poderia confirmar, dizendo, que muitos ex-políticos e outras figuras de relevo deveriam ser julgados por todos os crimes cometidos e metidos nas competentes enxovias por muitos e bons anos a fio, a fim de pagarem o mal continuado que fizeram e fazem aqueles que um dia neles votaram e fielmente também acreditaram, sendo logo apunhalados ao virar da esquina.

José Amaral

sábado, 25 de maio de 2013

desemprego, subsídio e ricardo salgado

"Os portugueses não querem trabalhar, preferem o subsídio". Leio, entre aspas, a frase. O autor é Ricardo Salgado, do BES. Fico abismado. Como é possível, numa altura destas, haver alguém, montado nos seus milhões de euros, que profira uma frase deste teor? Um banqueiro que tem uma quota-parte da culpa da situação do endividamento das famílias, não deveria jamais abrir a boca para disparatar deste modo. Seria o mesmo eu afirmar que os banqueiros querem fugir ao fisco e só coatados é que regularizam a sua situação fiscal, pagando os respetivos milhões em falta. Obviamente, que estaria perigosa e injustamente a generalizar. Do que é público, só um é que o fez.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

O respeito não é para todos?

O comentador-escritor Dr. Miguel Sousa Tavares (que já o ataquei em 20.Out.2009, no extinto Global Notícias),fez hoje numa entrevista ao Jornal de Negócios, uma afirmação polémica e bombástica ao ter afirmado e passo a transcrever: com a devida vénia que… “Nós já temos um palhaço. Chama-se Cavaco Silva”.
Ora bem perante esta afirmação o autor desta gracinha pode estar sujeito ao que diz  “o número um do artigo 328 do Código Penal estabelece que “quem injuriar ou difamar o Presidente da República, ou quem constitucionalmente o substituir é punido com pena de prisão até três anos ou com pena de multa”.
Mas para mim isso é o menos:
Muito sinceramente deva confessar que não tenho qualquer espécie de simpatia pelo Dr. Miguel Sousa Tavares, nem sequer este “pobre manuscrito” possa servir para vir em sua defesa ou para o aplaudir  tal "garçola". O mesmo acontece em relação com o Dr. Aníbal Silva (que até já o elogiei em 28.Dez.2009 no Diário de Notícias) e que igualmente não gosto e não tenho qualquer simpatia pela referida personagem.
Temos o que temos, e como muitas vezes diz o meu compadre, rapaz com uma certa cultura e que ainda não cheguei a perceber se é por "tico nervoso ou vício", afirma sempre a palavra “prontess”.
E efectivamente, assim é, não temos outras personagens melhores.
Vamos lá a entender-nos e a parar um pouco. Já consultaram por acaso o dicionário PRIBERAM da Língua Portuguesa e analisarem a palavra “palhaço”?.
Acho quanto a mim que é um adjectivo que não tem mal nenhum. Senão vejamos entre outras coisas o que diz…não…não digo, consultem o dicionário. Depois podem-me igualmente abrirem-me um processo e eu não tenho "estaleca" para tal. Porque francamente a mim e muito sinceramente até tenho que gostar, já me têm chamado muitas vezes de “palhaço” e fazem-me passar por “palhaço”, e eu queixo-me a quem?. Sim porque sou um cidadão exemplar e tenho os meus impostos em dia e mereço igualmente muito respeito. E, porque não?.
Efectivamente como me têm tratado e me tratam os políticos desta minha terra?...Como?, Isso mesmo por “PALHAÇO”.
Pois não é mentira, pois não?????. Então "Prontess".


                                                                                                   Mário da Silva Jesus

"Rexistir" na Feira do Livro de Lisboa


Santana-Maia Leonardo estará na Feira do Livro de Lisboa 
no dia 25 (Sábado) de Maio das 17:30 às 19H00 horas
 (junto ao stand da Editorial Minerva) para autografar 
o seu mais recente livro REXISTIR (2ª edição)


Página do autor no portal da editora:
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Este não é um livro de poesia, mas um manifesto de quem não subscreve o mundo em que vive e contra a geração que, em Maio de 68, escrevia nas paredes de Paris «a imaginação ao poder» e que hoje, no poder, sem imaginação, vai corroendo e consumindo um a um todos os valores que herdámos dos nossos pais e dos nossos avós, a nossa cultura, a nossa pátria e a nossa alma, com a mesma persistência com que o eucalipto desertifica o solo arável.
Não sou poeta, nem escritor. Sou um alfaiate de província que, sem freguesia, teima em coser e em resistir com as suas linhas à tirania arrogante e insolente da Alta Costura do pensamento.

Graffiti sim, graffiti não.






Alguns políticos são manhosos. Apregoa-se de que é necessário limpar os graffitis da cidade porque é feio, porque é vandalismo por isto e por aquilo e a coberto de uma suposta campanha de limpeza os reais objectivos parecem-me bastante diferentes. Logo pela ocasião temporal em que ocorre vontade higiénica da Câmara Municipal. As eleições autárquicas estão à porta. E isto leva-me a pensar que efectivamente o que se pretende é pura e simplesmente apagar as mensagens políticas espalhadas um pouco pela cidade. É certo haver graffitis que são uns puros rabiscos feios e completamente despropositados. Mas temo que não sejam só esses o alvo desta campanha. A ver vamos...porque da parte dos políticos tudo se pode esperar. Não é sr. Rui Rio?

O seu cabelo branco





Podemos chamar a atenção de desconhecidos por uma coisa tão simples e banal, rotineira e sem importância, como...
a forma como (ainda) nos penteamos!
A D. Adozinda não imaginava como eu (a desconhecida) reparava no seu lindo cabelo.

Citações




“Há muitos factores na mente do ser humano que a torna neurótica e a debilitam. Dois deles, muito enraizados, são a preocupação inútil e o aborrecimento desnecessário, porque pode ser-se muito eficiente e firme sem aborrecimento nem preocupações. É preciso trocar a preocupação pela ocupação diligente e eficaz, e o aborrecimento pelo contentamento e pela serenidade. O aborrecimento é uma forma de aversão e, por vezes, conduz à má-criação, à malevolência e à violência.”


In “Os melhores contos espirituais do Oriente” Esfera dos Livros 2006

O regresso da justiça privada

Aquilo que uma pessoa atenta começa a constatar é que, à magistratura judicial, começaram a aportar não apenas indivíduos com a vocação de juiz, mas também justiceiros, doutrinadores e funcionários públicos, no sentido pejorativo do termo.

Qual é a diferença? É que, ao contrário do juiz, o justiceiro descrê da justiça dos homens e, como tal, procura alcançar a justiça divina escrevendo direito por linhas tortas. Por sua vez, o doutrinador procura fazer doutrina, enquanto o funcionário público procura despachar processos. Ou seja, do justiceiro sai sempre a solução mais aberrante do ponto de vista jurídico (para ser justa à sua maneira); do doutrinador sai sempre a solução mais inesperada (para ser inovadora); e do funcionário público sai sempre a solução mais fácil (para não dar muito trabalho). Qualquer das três hipóteses só serve para fazer abalar a fé do cidadão na justiça e nos tribunais. Com efeito, a justiça para ser justiça tem de ser justa de acordo com as regras instituídas, regras essas que devem ser inteligíveis e coerentes aos olhos do cidadão comum.

Em boa verdade, os cidadãos depositam hoje tanta confiança na justiça portuguesa como nos jogos de fortuna e de azar. Talvez por isso esteja a regressar em força a justiça privada, porque a maioria dos portugueses não tem dinheiro para arriscar nos Casinos da Justiça em que se transformaram os nossos tribunais.

Neste contexto, falar em advocacia preventiva dá vontade de rir. Com efeito, para que pudesse haver uma advocacia preventiva, era necessário que, pelo menos, os advogados e os juristas fossem capazes de fazer um juízo de prognose, com alguma segurança, sobre o resultado de determinada causa. Ora, isso só seria possível se, em Portugal, houvesse estabilidade legislativa e uma verdadeira jurisprudência. Infelizmente, não há. O que existe em Portugal são decisões judiciais avulsas e contraditórias em que impera o princípio anarco-lusitano de “cada cabeça sua sentença”.

Parafraseando Camões: já não basta o legislador mudar a lei a cada dia, como também a decisão do tribunal nunca é como soía.
 
Santana-Maia Leonardo
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Enquanto nos resta um sopro de vida

Cada vez fico mais cheio deste sistema democrático, eufemismo de carnificina social:
‘Quem cabritos vende e cabras não tem, de algum lado eles vêm’ é um conhecido provérbio que certamente a sociedade cheia de cultura e muitíssima bem apetrechada talvez não saiba o que significa, contudo os incultos, os campónios e todos os palermas que tudo aguentam já há séculos que sabem de ginjeira o que quer dizer: é de alguém dar ou vender o que não é seu, ou que nada disso produziu para tal regabofe ou festança.
Assim, nesse sentido proverbial, as governações dos últimos tempos com o epicentro máximo na escala Fujita deste actual desgoverno, a delapidação dos bens públicos atingiu o clímax de todas as dissipações admissíveis, com os mais carenciados a aguentar a conta dos cabritos que tal governação tem distribuído a seu bel-prazer.
E então, por que será que todos os poderes instituídos se dão ao desfrute de continuarem a viver à tripa forra, tal como andarem diariamente a viajar por todos os lados; usarem veículos topo de gama a torto e a direito; usufruíram vencimentos insustentáveis; disporem de reformas principescas sem qualquer tempo contributivo a quem nem a reforma mínima deveriam auferir; beneficiarem banqueiros corruptos (ex.: BPP, BPN, BANIF, etc.); darem avenças avultadas a fundações mil; permitirem vencimentos megalómanos em empresas que tudo sugam ao povão.
E o que é que qualquer força política diz a tal respeito? Calam-se na protecção aos seus e de todos de igual jaez, sem quererem separar o trigo do joio.
Este sistema dito democrático não passa de um sistema antropófago que tudo nos rouba e come em proveito próprio.
Portanto, antes que a morte nos prostre por inanição, derrubemos os nossos inimigos, que não passam de vendilhões e emissários ao serviço da estranja e dos seus próprios corruptos interesses.
Portanto, abaixo com todos eles, enquanto nos resta um sopro de vida!

José Amaral

Manifestação de professores


 

“Este Governo tem vindo a tomar sucessivas e cada vez mais gravosas medidas que têm vindo a eliminar os mais elementares direitos das pessoas, sejam elas trabalhadores, aposentados ou desempregados, e põem em causa o próprio futuro do país! O povo português não pode assistir passivamente à destruição da esperança num Portugal melhor, pelo que contrário, temos de nos erguer e lutar por ele. Os professores, como grandes responsáveis que são pela construção de futuro, têm que tomar parte activa no combate que se impõe pelo nosso direito colectivo a um país com futuro, a um Portugal melhor!”

Este texto faz parte da convocatória para a manifestação do dia 25 de Maio assinado pelo Sindicato dos professores do Norte e subscrevo todas as palavras nele contidas. Com efeito nunca se assistiu a um ataque tão feroz à administração pública de que os professores são um exemplo. E este ataque à escola pública vai comprometer o futuro de muitos jovens que começam a sentir que dificilmente os seus sonhos se converterão numa realidade promissora no nosso país

Alentejo



Além-Tejo. Julgo ter sido esta a primeira palavra utilizada para designar toda uma região que hoje em dia se conhece por Alentejo. E é do Alentejo que tenho saudades. Das suas cidades pequenas e acolhedoras, das suas gentes bem falantes, atenciosas, com grande sentido de humor, do silêncio escaldante de Verão e da sua comida deliciosa. Um dia, quando fiquei desempregado pela primeira vez, peguei no carro e "fugi" de casa directo ao sul. De Marvão a Évora foram dias percorridos como um vadio. Numa pura contemplação da natureza. Mas soube-me a pouco. Sabe-me sempre a pouco quando consigo lá chegar. E há tanto Alentejo que ainda não conheço! Porque ele é imenso! Sinceramente gostava de passar um ano a percorrê-lo pelas suas estradas intermináveis sentado em cima de uma carroça puxada por um burro, tal e qual como uma família de ciganos que eu vi o ano passado às portas de Évora. Até os ciganos alentejanos são diferentes. Viver em tenda, sentir as estações do ano nesta terra. Andar sem horas e sem presas, e ter o céu todas as noites como tecto. Uma noite, voltava a Évora, parei o carro na beira da estrada saí com a minha mulher e ficamos um bom bocado ali a contemplar uma imensidão de estrelas no céu! E a sentir uma ligeira brisa quente a passar por nós. Estou ansioso por lá voltar. Soubesse eu fazer amigos...e decerto já teria amigos no Alentejo. Ciganos ou não.

Salazar




Salazar morreu em 1970. Já passaram muitos e muitos anos. O regime que chefiava morreu em 1974. Já passaram muitos e muitos anos. No entanto parece haver ainda muitas pessoas saudosistas de um regime que mantinha uma guerra que ceifou a vida a milhares de jovens portugueses, uma polícia política que torturava cidadãos que lutavam pela liberdade e por uma maior justiça social e política, um regime que obrigou milhares de portugueses a emigrar para encontrarem trabalho, um regime que apoiava a exploração do grande capital, um regime que não tinha assistência social nem de saúde, um regime retrógrado. A este grupo de pessoas tentam algumas editoras e escritores chegar com os seus livros utilizando o nome de Salazar para promover as obras. A esta triste conclusão cheguei ao olhar num dia destes para uma banca de livros e ver um livro com o título de “Amor e Sexo no tempo de Salazar”, recentemente editado. Ora, para quem anda atento ao panorama editorial livreiro em Portugal, já certamente reparou na quantidade, para mim anormal pelas razões anteriormente apontadas, de livros em que o autor ou editora optam por incluir o nome de Salazar no título da obra. A maior parte das vezes os livros pouco ou nada têm a ver com o ditador mas sim com a época em que viveu. Na obra acima citada, o autor deve quer retratar a vida sexual e amorosa no tempo do Estado Novo, ou dito de outro modo na primeira metade do séc. XX. Tão simples quanto isso. Mas um título como “A vida amorosa e sexual dos portugueses na primeira metade do séc. XX” não causaria tanto impacto como o título escolhido. Salazar ainda vende e de que maneira! Não me espantaria nada que continuassem a surgir obras com títulos como “O croché no tempo de Salazar”, “As deliciosas receitas de D. Maria a governanta de Salazar”, “A mini-saia no tempo de Salazar”, “Memórias escaldantes do tempo de Salazar” ou, mais picante ainda, “Os escândalos secretos no tempo de Salazar”. Sinceramente esta opção de editor ou autor entristece-me. Acreditava que a figura do ditador estava devidamente enterrada e sem ter deixado muitas saudades. Mas parece que me enganei redondamente…no entanto assumo ter também em casa um livro com o nome de Salazar na capa. Chama-se “As vítimas de Salazar: Estado Novo e Violência Política” de Irene Flunser Pimentel e Luís Farinha. É uma 2ª edição. A primeira vendeu 7000 exemplares numa semana.
Se calhar, dado o sucesso do livro em 2007, editores e escritores adoptaram Salazar para os títulos das obras posteriores, em nome das vendas…

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Angela Merkel

Angela Merkel Depois de muitos anos a dizer que os países europeus com elevados deficits (em crise) teriam que tomar medidas económicas de austeridade (diminuírem a todo o custo às despesas), juntamente com a opinião da Troika, vem agora dizer que os países europeus para saírem da crise precisam de políticas de crescimento e emprego e que a culpa é das medidas de austeridade propostas pela Comissão Europeia e por Durão Barroso. Assim como em Portugal, na Alemanha os políticos tanto dizem como desdizem. (JN 21/05/2013)

Viver




“Quando cremos não nos preocuparmos na nossa vida, em cada instante dela deixamo-la flutuar à deriva, como uma bóia sem amarras que vai e vem impelida pelas correntes sociais.  E isto é o que faz o homem médio e a mulher medíocre, isto é, a imensa maioria das criaturas humanas. Para elas viver é entregar-se ao que é unânime, deixar que os costumes, os preconceitos, os usos, os tópicos se instalem no seu interior, as façam viver e tomem sobre si a tarefa de fazê-las viver.”

Ortega y Gasset 
(1883/1955)

Programa Revitalizar e a Europa

Há coisas que não se compreendem, nem com muito esforço. O Governo português lançou, em 2012, um programa direcionado para empresas que se encontram em dificuldades financeiras, com incontornáveis dívidas excessivas e impagáveis. Uma das premissas do programa Revitalizar baseia-se, para além de facilitados acessos a fundos financeiros, na renegociação com os credores, incluindo-se neste ponto um perdão parcial da dívida da empresa. Foi o que aconteceu, por exemplo, à maior gráfica do país - Lisgráfica -, a qual, por intermédio deste programa, conseguiu superar uma situação de insolvência iminente.
Ora, a questão que se deve colocar é simples: por que razão é que este caminho não é trilhado pelo Governo português perante os seus credores internacionais? O princípio é o mesmo e nem é novo, pois decorre de qualquer processo negocial, como, aliás, foi prática durante todo o século XX, principalmente no período pós-segunda guerra mundial (e o devedor era, aqui, a Alemanha) e, mais recentemente, com a própria Grécia.
Mercados à parte, programas como o Revitalizar a uma escala naturalmente mais alargada serviriam, antes de mais, para um verdadeiro renascimento europeu, sobrevalorizando aquilo que nunca deveria ter sido desvalorizado: os princípios fundacionais da União Europeia, indo ao encontro de uma verdadeira Europa pensada, na apropriada asserção de um dos seus fundadores, o francês Jean Monnet.

terça-feira, 21 de maio de 2013

"Matam-nos. Matam-nos mesmo"

As práticas brutalmente antissociais a que nos sujeitam já nem são disfarçadas pelo verniz político. Não se discute o modelo, mas sim, se há ou não há Estado social, que é para suprimir!
Diz-se que a sociedade portuguesa é politicamente democrática, mas socialmente fascista. Os comentadores do óbvio, afirmam:« A demissão do Governo abre uma crise». Crise, é o Executivo exercer.
Medidas austeritárias vão sobrecarregar ainda mais os reformados e pensionistas. Rosário Gama, Presidente da Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados – APRe!, diz:”Matam-nos. Matam-nos mesmo.”
Só por distração ou tolerância se pensará que o Governo está desorientado, não sabe o que faz, que esqueceram as pessoas, por verem só números. Não!, esta gente age por estratégia, atacando pensionistas (que não podem emigrar) já depauperados e esbulhados a viver num clima insuportável de angústia, medo, incerteza e insegurança quanto ao futuro. Isto chama-se: Terrorismo social de Estado! A retroatividade aplicada aos cortes nas pensões dos funcionários públicos foi alvo dum discurso do ministro Portas dizendo, que a medida continha uma linha vermelha inultrapassável. Agora, portas abertas a mais esse saque... O presidente do partido «dos velhinhos e reformados» montou esta encenação inqualificável. Oportunisticamente, o MRI- Movimento dos Reformados Indignados, também «protestou» e «reivindicou». Quem são?- Um grupo de reformados milionários, que são uma afronta a quem vive com reformas miseráveis. O seu presidente ex-administrador do BCP tem uma reforma luxuosa. Chamam-lhes Movimento que o Relvas Inventou...As “gorduras do Estado”, não podem ser as reformas dos pensionistas porque estes já vivem muito aquém das suas necessidades.
Vítor Colaço Santos

Natureza




“A absoluta simplicidade e o despojamento da vida que o homem levava nos tempos primitivos tinham pelos menos a vantagem de deixá-lo ser hóspede da natureza. Quando se sentia retemperado pelo alimento ou pelo sono, tinha a estrada novamente diante de si. Morava neste mundo como se fosse numa tenda e estava sempre palmilhando vales, cruzando planícies, galgando cumes de montanhas. (…) Já não acampamos durante uma noite, instalamo-nos na terra esquecidos do céu.”

Henry David Thoreau
(1817/1862)

segunda-feira, 20 de maio de 2013

futebol: o que nos faz diferentes

Campeões e campeonato à parte, irracionalidades clubísticas postas de lado, importa relevar o seguinte dado, no qual se cimenta a nossa originalidade futebolística, sendo também considerado, de certo modo, um traço identitário português: de acordo com os números disponibilizados no sítio oficial da Liga Portuguesa de Futebol (LPFP), 79% do público que assistiu, nos estádios, aos jogos de futebol, pertenciam aos chamados três grandes - Sporting, Benfica e Futebol Clube do Porto. A mesma LPFP forneceu ainda os dados relativos às "outras" assistências: Rio Ave, 32 054, Paços de Ferreira, 30823, e por aí adiante. O Benfica teve 635.689 espetadores nos 15 jogos realizados no seu estádio, o FCP, 454173 e o Sporting 397817.
Importa, pois, olharmos para estes números e questionarmo-nos por que razão isto se passa e por que razão as mentalidades custam tanto a alterarem-se em Portugal.

A condição dos portugueses melhorará

O desemprego sempre foi objeto dum discurso e prática de resignação governativas. A prioridade do Executivo deve ser a resolução
desta enorme chaga social. Não é fácil querer diminuir o desemprego, quando as ameaças no posto de trabalho estão respaldadas por
leis laborais que permitem despedir quando for preciso. Por tudo e por nada... Há muito mais de 1 milhão de portugueses em idade
ativa sem trabalho, dos quais quatro em cada dez jovens não têm ocupação.Temos a 3ª taxa de desemprego mais elevada da OCDE. Do
total de desempregados menos de 40% recebem subsídio. Porquê? E desse total, mais de metade são desempregados de longa duração,
estando há mais de ano e meio fora do mercado de trabalho.Se se alargar o conceito de desempregado aos inativos que desistem de
procurar emprego, então o número sobe consideravelmente.O emprego/trabalho é cada vez mais precário.Atinge a infâmia: Uma amiga
trabalha 72 horas semanais(!), a troco dum anexo, água e luz... Conheço quem trabalha só a troco de comida.Jovens acabados de sair
da Faculdade fazem estágios de um ano sem qualquer remuneração. Os trabalhadores precários têm medo de entrar em protestos porque
perdem de imediato o pão! Comprova-se que o desemprego castiga mais os indiferenciados e os menos habilitados.É urgente, como o
sustento, haver crescimento para se criarem postos de trabalho. Ao criarem-se, não empregarão pessoas com menos de nove anos de
escolaridade e "o país vai continuar com taxas altas de desemprego durante uma década", avisam economistas. Quando a alternativa
substituir a alternância a condição social, política e económica e moral dos portugueses melhorará. Significativamente!
 
Vítor Colaço Santos