terça-feira, 7 de maio de 2013

Haver regras até para as romper

Estamos a viver num tempo em que vale tudo, e em que, com este desregramento, andamos todos sem norte!

Talvez fruto de anos não muito longínquos em que fomos obrigados a ser “excessivamente disciplinados”, quer pelo poder político, que por uma forte influência da Igreja Católica de Roma, caímos agora, no oposto. Funciona tudo de qualquer forma e feitio, sem regras!

E, com algum xico-espertismo muito nosso, juntando-lhe uma certa dose de desenrascanço, estamos de facto sem rumo. Todos nos queixamos e todos gritamos, e todos nos desnorteamos.

Como é evidente não temos necessidade de ser “superiormente mandados, ditatorialmente”, mas este preparo em que nos encontramos, está-nos a levar ao descalabro.

O ser humano precisa de algumas normas, de rotinas, de regras, uma vez que vive em conjunto, em sociedade e não pode ser cada um como bem lhe apetece, dado que a “balda generalizada” a ninguém aproveita. E estamos nesse preparo.

Assim, a começar em casa na família, são necessárias regras, planos a serem cumpridos e sem problemas em tal ser instituídos por quem o deva ter que fazer: mães e pais. Sem medos de alienar o amor dos filhos, bem pelo contrário, é tê-los educados consigo e preparados para crescer.

Depois, logo de seguida, na escola, sem ser necessariamente de palmatória em punho, mas com a devida autoridade, manda o professor.

Na empresa há já uma hierarquia instituída, que verticalmente manda, do topo à base. Claro, e não acontece por demasiadas vezes, no topo deve estar quem para tal tem mérito e qualidades – e não “a” cunha!

E, assim ao recriaremos - até - consentidamente espaços onde vivemos todos e cada um, com regras, com mães e pais a mandar, professores a imporem-se, gestores a gerir, até vai aparecer a oportunidade de levemente “romper as regras” o que, claro, implicará alguma arte! Mas só é conseguível fazê-lo se regras houver, o que de facto não está - evidentemente - a acontecer.

Antes que tudo descambe para um espaço em que ninguém manda, todos mandam e é o salve-se quem e como poder, criem-se as regras para serem maioritariamente cumpridas e de quando em vez, docemente rompidas.

(PÚBLICO, 6-5-20139
A. Küttner de Magalhães

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