sexta-feira, 14 de junho de 2013

O voto como arma política


 
Sobre este assunto publicou o DN de 13/6 a carta de um leitor que opina o seguinte:
 - "Quer o voto em branco quer a abstenção ou o nulo são inconsequentes, logo não devem ser incentivados. Na nossa vida temos de agir pela positiva e não pela negativa".
Ponho à consideração do referido leitor e dos leitores em geral os meus contra-argumentos:
- Não creio que os votos em branco sejam inconsequentes. São geralmente interpretados como votos dos descontentes e, nesse âmbito, quantos mais melhor. Utilizo a seguinte parábola: se ao fim de um dia de trabalho o meu Director de Serviço me chamar para me comunicar que um doente lhe foi pedir para nunca mais ser eu (médico) a tratá-lo (porque não gostou do meu atendimento), eu paro e penso no porquê desta espécie de voto em branco; a minha mente fica perturbada e isso não é inconsequente. Isso tem consequências, e para melhor. Imagino quão mais torturante e consequente seria para mim se em vez de um doente fossem dois ou três, ou mais doentes a queixarem-se (mais votos em branco).
- Quanto ao não devermos agir pela negativa, comento que muitas vezes somos obrigados a fazê-lo: - com o filho que teima em comer mais um gelado, o carteirista que tenta roubar-nos, o pedinte que quer esmola, a testemunha de Jeová que insiste para que a ouçamos, etc., etc. etc.. E por que não dizermos não aos matreiros políticos cuja arte de governar consiste em exercerem a corrupção, baixarem salários e aumentarem impostos? Não e não às leis (Constituição, lei do financiamento dos partidos, lei eleitoral) que tais abusos facilitam! Caiam elas, através de nova revolução, como caíram as que vigoravam em 24 de Abril de 1974!
Claro que nos falta saber o que teriam feito o PCP e o BE se lhes tivéssemos dado a mesma alternância governativa que demos durante 37 anos demos ao PS e ao PSD (à coca-cola e à pepsi-cola como muito bem dizia Miguel Portas). Mas como o povo parece alérgico à esquerda (PCP e BE), então é preferível o voto em branco aos votos nos mandatários do poder económico (PSD, CDS e PS).
José Madureira

6 comentários:

  1. Quem estiver atento, vai percebendo que as eleições, com uma capa democrática, estão armadilhadas logo à nascença. Os partidos organizam as listas em função das fidelidades e não das competências. Nas autárquicas, qualquer cidadão, com as condições que a lei apropriada disponibilizasse, deveria poder concorrer ao lugar de autarca, mediante uma número racional de proponentes em processo a decorrer no Tribunal da Comarca. A mesma situação para deputados em lista uninominal devia ocorrer com as respectivas condicionantes. Os eleitos devem fidelidade ao Partido que os escolheu e não ao povo que o elegeu. Se as regras não mudarem não aceito colaborar mais nestas cenas. Sinto-me ridicularizado na actual situação. Procurem a um qualquer cidadão se sabe em que deputado votou e a quem se deve dirigir para expor qualquer problema.

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  2. Subscrevo a totalidade das opiniões expressas no comentário anterior e acrescento que considero o voto em branco uma atitude de grande clarividência que o poder tenta, por todos os meios, minorar ao considerá-los conjuntamente com os votos nulos. O poder teme o voto branco, teme-o como não teme, por exemplo, a abstenção.

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  3. Esta gente que detém as rédeas da política não teme seja o que for. Fizeram da política profissão e pouco se incomodam com os outros. Da esquerda à direita, ninguém quer baixar o número de deputados, nem diminuir os réditos dos autarcas de câmara ou de freguesia, onde todos cobram senhas de presença nas reuniões. Ninguém quer perder privilégios, que nós já não podemos suportar.

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  4. voto em branco, é uma forma de manifestar o cansaço que esta alternância dos meninos de coro provoca e será uma forma de os levar a pensar no que realmente tem sido a sua forma de governar este nosso Portugal.

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  5. Eu voto em branco. Por enquanto...
    No dia em que um partido prometer em campanha a criação do Ministério da Família e da Pessoa!!... quem sabe... considerarei.

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  6. Eu voto. Branco é a minha cor preferida. E dobro-me ali mesmo em frente dos senhores o meu voto pois não necessito de me refugiar atrás do biombo para votar. Não me importo que todos saibam de cor é o meu voto. Não é rosa, nem laranja, nem azul nem vermelho. Branco! O que quer dizer? Que como cidadão sou participante do processo eleitoral mas das opções dadas aos eleitores nenhuma me satisfaz. A Assembleia da República deveria reflectir em cadeiras vazias estes votos.

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