sábado, 20 de julho de 2013

Detroit: um sinal da Morte de uma Civilização






A cidade de Detroit declarou falência recentemente, suspendendo os pagamentos aos funcionários e às  suas  Instituições públicas. Dizia o pensador francês Paul Valery, após a 1ª Guerra Mundial, que agora as civilizações sabiam que eram mortais. 
Eu diria que,  há muito tempo,  se sabe que este capitalismo depredador de empregos, trabalhos, vidas nos aproxima, vertiginosamente, da morte como Civilização e como Planeta. Detroit é um sinal, o pior ainda está para vir. 

Não é uma questão apenas do Ocidente, democrático e liberal, da Europa e dos Estados-Unidos. Os chamados Brics - os países emergentes como o Brasil, a China ou a Índia, começam a dar sinais de desaceleração económica,  fruto  de uma Economia que só olha para grandes negócios, mais-valias, redução de custos,  e não vê a degradação e depauperação do rendimento das populações. 
O Futuro está nas nossas mãos !!! Há quanto tempo não ouvimos ninguém dizer isto - pelo contrário, os slogans do Presente são que "não há nada a fazer", "temos de ser realistas", ou o insuportável  " não há outro caminho do que a austeridade". 
Como se a realidade não fosse uma consequência da imaginação e da vontade dos homens. Tornando-nos objectos de uma qualquer mão invisível, de uma providência divina que nos aprisiona como moscas presas numa teia mortal por qualquer Aranha sádica, que as deglutirá na primeira oportunidade. 
Precisámos de outra Economia, de outra noção de produtividade. Temos de conseguir replicar, por exemplo, o modelo da Auto-Europa que permitiu, reduzindo e distribuindo as horas de trabalho, manter os empregos, contratar até mais gente,  e aumentar os salários todos os anos. 
Não podemos é esperar que o colapso nos bata à porta   para declarar falência. Se a Economia se tornar insustentável, nós também seremos insustentáveis. 
O Planeta morrerá. De que é que estamos à espera para exigir outra Democracia, outra Economia, outra Vida ? 
Serão os movimentos de cidadãos, candidatáveis a Eleições legislativas e com possibilidade de chegar ao poder, a dar essa esperança. A legitimidade é nossa, a democracia resulta de um Contrato Social entre a sociedade civil e o Estado - os Estados como vemos não estão a cumprir o seu papel - por isso, a palavra definitiva  é nossa.
Sempre foi e sempre será !!!

Rui Marques 

6 comentários:

  1. Detroit é o primeiro passo para enterrar uma civilização consumista que está na antecâmara da morte. O crescimento do produto sem distribuição justa dá que a acumulação numa parte minúscula do valor acrescentado, faz com que a outra, a maioria, já não possa consumir e acompanhar o crescimento. Logo, a insensibilidade social, acaba por destruir os alicerces que suportam a sociedade que criou e daí a falência.

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    1. Sem dúvida. E o que é curioso é que a opinião pública, que foi tomada de assalto pelos comentadores do sistema vigente, continua a negar as evidências. Como se nós não víssemos o que está a acontecer.
      Esta Economia está a tornar-se insustentável: e querem que as pessoas aceitem essa depauperação como inevitável.

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  2. Em tempos recentes ouvi alguém dizer que o Capitalismo está em crise. Não concordo, porque enquanto por esse mundo fora as Bolsas Financeiras continuarem activas o Capitalismo sobrevive e está para durar. Haverá, sem dúvida, casos de falências sejam elas de empresas, cidades ou estados. Mas isso não significa que o Capitalismo esteja em agonia ou a dar os seus últimos suspiros. Não. Haveremos de ter Capitalismo por muitos e longos anos. Em tempos, quem era dono do maior exército dono do maior arsenal militar era quem detinha o poder. Com a passagem da economia agrária para a industrial é quem detém a Finança que detém o poder. A Finança sobrepõe-se à Economia que por sua vez se sobrepõe à Política. O cidadão comum pode fazer algo para mudar esta escravatura ao dinheiro? Não sei. Joaquim Carreira fala num aspecto importante nos dias de hoje. A distribuição injusta dos benefícios do produto leva a desigualdades. Eu, ao comprara no Lidl, estou a pagar por um produto cujo lucros não vão ser investidos localmente mas num país distante. E isto aplica-se a inúmeros casos. As multinacionais assim funcionam. Vêm buscar o dinheiro local para depois o investir longe do lugar de onde o colectaram. Mas pergunto, caro Joaquim, se a economia mundial está baseada no consumismo generalizado não vejo como pode esta civilização consumista, como lhe chama, de estar na antecâmara da morte.

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  3. Em tempos recentes ouvi alguém dizer que o Capitalismo está em crise. Não concordo, porque enquanto por esse mundo fora as Bolsas Financeiras continuarem activas o Capitalismo sobrevive e está para durar. Haverá, sem dúvida, casos de falências sejam elas de empresas, cidades ou estados. Mas isso não significa que o Capitalismo esteja em agonia ou a dar os seus últimos suspiros. Não. Haveremos de ter Capitalismo por muitos e longos anos. Em tempos, quem era dono do maior exército dono do maior arsenal militar era quem detinha o poder. Com a passagem da economia agrária para a industrial é quem detém a Finança que detém o poder. A Finança sobrepõe-se à Economia que por sua vez se sobrepõe à Política. O cidadão comum pode fazer algo para mudar esta escravatura ao dinheiro? Não sei. Joaquim Carreira fala num aspecto importante nos dias de hoje. A distribuição injusta dos benefícios do produto leva a desigualdades. Eu, ao comprara no Lidl, estou a pagar por um produto cujo lucros não vão ser investidos localmente mas num país distante. E isto aplica-se a inúmeros casos. As multinacionais assim funcionam. Vêm buscar o dinheiro local para depois o investir longe do lugar de onde o colectaram. Mas pergunto, caro Joaquim, se a economia mundial está baseada no consumismo generalizado não vejo como pode esta civilização consumista, como lhe chama, de estar na antecâmara da morte.

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  4. Caro Amigo Pedro
    Isto demoraria uma vida inteira a discutir e o resultado seria sempre o mesmo, dependendo das premissas que tomássemos. O capitalismo, acumulação de riqueza, é na sua essência apenas um sistema. Pode ser dirigido pelo Estado, capitalismo de Estado dos países ditos socialistas, ou capitalismo como sistema onde o estado não é o proprietário de tudo e deve impor as regras de funcionamento, para evitar o capitalismo selvagem, que parece imperar neste momento nalguns espaços do globo. O grande óbice de tudo isto está na medida apropriada a cada momento. Quanto ao poder do capital, quando, como sucede agora domina em toda a linha a economia, se não houver um apropriado discernimento no seu controlo e influência, pode matar a própria organização social por afogamento de dívidas. Os juros não têm em conta o crescimento económico dos países e das empresas e funcionam na inversa, isto é, quando mais fraco é o rendimento, mais se exige pela retribuição do empréstimo. Só uma sociedade permanentemente em crescimento consumista poderia suportar tantos encargos que o capital lhes criou. Como isto funciona por ciclos, e agora estamos em retracção, não é possível pagar os encargos assumidos e, para evitar o descalabro social é preciso cortar quase pela base o importe das dívidas, com todas as consequências que isso possa ter, que não serão superiores à tarefa de reduzir à miséria uma grande parte da população, que nessa situação, nunca terá forças para se reerguer.

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  5. «Só uma sociedade permanentemente em crescimento consumista poderia suportar tantos encargos que o capital lhes criou.» Acho que esta pequena frase diz tudo. Sairmos da voragem consumista em que nos metemos é quase impossível mas seria um caminho para adquirirmos maior liberdade. Sábias palavras a suas caro Joaquim.

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