segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Miguel Torga








 Miguel Torga (escritor)
São Martinho da Anta.12.Agosto.1907-Coimbra.17.Jan.1995

Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha, nasceu ainda no tempo da Monarquia em São Martinho da Anta, Vila Real. De uma família de lavradores e almocreves transmontanos, a paisagem e a infância rurais marcaram-no e determinaram o seu gosto de andarilho. Foi a fidelidade à terra e a valores patriarcais que venceram tanto a tentação cosmopolita como a tendência de intelectual estrangeirado.
Matriculado em Lamego no Seminário acabaria por desistir por não querer seguir a carreira eclesiástica e, adolescente, partiria para o Brasil, para casa de um tio onde trabalhou na fazenda. Voltou cinco anos depois já preparado para prosseguir os seus estudos que entretanto tinha iniciado ainda no Brasil por insistência do seu tio que via nele um jovem inteligente. Terminado o liceu matriculou-se na Faculdade de Medicina de Coimbra em 1928 onde tirou a especialidade de otorrino estabelecendo-se depois em Coimbra, rendido aos seus encantos, atraído pelas livrarias, cinema e tertúlias literárias numa cidade povoada por estudantes universitários.
Desde os seus tempos de juventude colaborou em várias revistas tendo ajudado a fundar duas, o “Sinal” e “Manifesto”. Colaborou na “Presença” e “Revista de Portugal” de Vitorino Nemésio. A partir daqui decide confiar os seus pensamentos exclusivamente ao seu “Diário” que, pela sua extensão (1941/1994) e dramática fundura humana, contém alguns dos seus mais belos poemas. Depois de o “Diário”, “A criação do mundo” explora o filão autobiográfico e onde demonstra a sua rebeldia conta as injustiças e abusos de poder tecendo críticas ao franquismo que motivaram a sua prisão pelo regime. “Vindima” foi o seu único romance que relata a vida dos vindimadores do Douro, obra de carácter bastante humanista que relata a vida difícil das gentes do Douro e a sua labuta diária de como que criação de um mundo esplendoroso merecedor de todos os louvores e cânticos à sua beleza natural, moldada por mãos rudes mas humildes. O homem como criador e propagador da vida e da natureza, o homem rural com quem Miguel Torga teve um convívio permanente seja nos tempos de juventude seja mesmo enquanto médico, esse homem e não uma qualquer divindade é que era merecedora dos louvores de admiração. É no conto, o género mais próximo da poesia, que Miguel Torga atinge um lugar cimeiro na Literatura Portuguesa. “Bichos” (1940), “Contos da montanha” (1941), “Rua” (1942) e “Novos contos da montanha” (1942) ilustram o dom do autor par breves histórias de temática moral. O mais ambicioso e mais orgânico livro de poesia “Poemas Ibéricos” (1952) tem um rasgo épico a que não será alheia a lição de a “Mensagem” de Fernando Pessoa.
Mais de uma vez candidato ao Nobel, prémio que nunca viria a ganhar, foi no entanto merecedor de vários prémios tais como o Prémio Camões em 1989 e Prémio Montaigne em 1981 e, em 1992, o Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores.
É uma das figuras mais marcantes da Literatura Portuguesa do Séc.XX.

1 comentário:

  1. Miguel Torga é um pensador filósofo que ao escrever vai sempre à raiz dos problemas, sejam eles sociais ou pessoais. A sua obra devia ser mais considerada e se houvesse gente esclarecida e influente no meio académico, devia haver mais que uma cadeira com o seu nome ( I - II), em cursos de letras, nas nossas universidades, a exemplo do que faz o Brasil aos seus escritores mais notáveis. Mas Portugal continua a ser todo dos pequeninos, e não só aquele pequeno parque em Coimbra assim denominado.

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