segunda-feira, 9 de setembro de 2013

O sufoco dos impostos

O Sufoco dos Impostos
O cidadão acorda num quarto que pagou 23% de IVA, desde o colchão a roupas e móveis. Acende a luz (IVA 23%) vai para o banho (IVA 6% na água, mas taxas de saneamento e resíduos sólidos no importe superior a 100% do valor da água consumida), liga o gás (23%) usa sabonete ou champô (23%), desce a escada ou utiliza o elevador (taxa de serviço da zeladora do condomínio 23%) e está na rua. Pega no carro que está à porta e que na compra pagou mais de 30% de impostos, sujeito ao Imposto Único de Circulação, mais a inspecção anual, que é sobrecarregada com 23% de IVA e com o custo do seguro que inclui ainda mais taxas e impostos. Vai ao posto de abastecimento de combustível, onde o preço de venda ao público tem uma componente de cerca de 60% de taxas e impostos. Depois passa a ponte onde paga portagem com 23% de IVA e estaciona para tratar de qualquer assunto e paga uma taxa que quase corresponde à compra do terreno. Toma um café e um bolo com a taxa de 23% de IVA, e paga um preço mais elevado porque foram servidos na esplanada, e esta paga taxas pela ocupação do espaço, acesso público à TV e por ter uma tabuleta com o nome da pastelaria.
 Depois, ainda estremunhado e apalermado com todo este quadro, começa a deitar contas à vida. Com as novas taxas do IMI, o Estado quase se apossou do imóvel que tanto lhe custou a adquirir, e paga agora mais de Imposto que o que pagava quando morava em casa alugada. Do salário, desconta 11% e a entidade patronal 23,75%. Tem retenção na fonte do IRS, cerca de 15% e mais uma taxa transitória de 3,5%. Das parcas poupanças que conseguiu amealhar, o Estado cobra-lhe 28,5% dos juros que rendem. Começou a pagar taxas onde não era hábito, como sucede agora no SNS. Tem de dar apoio à mãe, cujo senhorio aumentou 20 vezes a renda da casa em virtude do IMI e das avaliações. Os encargos com a educação dos filhos aumentaram e, para agravar toda esta situação, a mulher está desempregada há 2 anos, vai perder o subsídio, e não há jeito de encontrar trabalho. Também na firma, onde já está há dezenas de anos, já se fala em reestruturação e despedimentos, embora tudo no segredo dos deuses para evitar alarme. Esta é a peça que está em cena em centenas de milhares de lares.
 O Governo em funções tem uma solução para cada um e para todos os casos exemplares como este; aumento de impostos, directa ou indirectamente. Diz-nos que é irreversível mudar de rumo porque assim foi o acordado com a Troika. Depois de reduzir à miséria cerca de 80% do país, a mando dessa tríade, e por falta de capacidade dos políticos actuais e passados, o que será de nós e deste território? Aos trabalhadores, aos reformados, aos doentes, aos estudantes, podem reduzir os seus direitos, e às entidades, que fizeram contratos que são o alicerce da desgraça, que se agrava no dia-a-dia, não podem ser coartadas as regalias, que na situação que decorre, até podem ser infames. É urgente encontrar um caminho digno, mas diferente, e os outros países da União Europeia têm de ser parceiros e não algozes.
5.09.2013
Joaquim Carreira Tapadinhas 
Montijo                                   

1 comentário:

  1. Leio o seu artigo e lembro-me da candidatura de Menezes à Câmara do Porto. Parece, segundo rumores, que vai deixar em Gaia uma dívida colossal pela sua gestão de investimento (?) que foi a prática nos seus mandatos. No entanto, e em contraponto com a gestão de Rui Rio, mais poupado, segundo dizem, nada destas coisas de dinheiros e quanto vai custar ao gaienses a sua gestão se fala. Parece que as questões financeiras ficam sob uma manto de silêncio com o beneplácito da comunicação social. Digo eu...

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