terça-feira, 22 de outubro de 2013

Sócrates, outra vez?


O agora "exilado" político José Sócrates (JS), não contente com o espaço televisivo que lhe foi oferecido na TV pública, resolveu dar mais entrevistas a vários orgãos dos media. Numa delas, a um semanário, insulta tudo e todos os que se terão atrevido a contrariá-lo durante o seu consulado. Não só este estilo e forma ressabiada, é insólita e desajustada, como o desautoriza a desempenhar qualquer outra função no Estado Português. Se por muito menos quiseram desqualificar o actual ministro Machete por divergências anteriores com a administração dos EUA, então não sei o que seria de JS a representar o nosso Estado, depois de ter chamado "filhos da mãe" e "estupores" a altos dignitários do Estado Alemão. Já nem falo, por não ser necessário, nos insultos ao nosso Presidente em funções. Aqui, aliás, nunca se passa nada, pois ainda há pouco tempo insultaram o PR de "palhaço" e a PGR disse que estava tudo normal com a nossa fantástica Constituição. JS não quis ficar atrás do seu ídolo e protector Mário Soares, que além de faltar ao respeito ao PR, há dias queria que fosse julgado, por ter sido accionista da SLN. Este estilo trauliteiro e violento do PS e dos seus dirigentes históricos, não augura nada de bom para a nossa "democracia". Se analisarmos os tempos da Monarquia Constitucional e da I República, encontramos esta mesma agressividade. O próprio Soares deve ter saudades dessa violência, pois há meses admirou-se de "por muito menos terem morto o Rei D. Carlos". O seu Filho João Soares, chamou há dias numa TV privada, de corruptos e ladrões aos dirigentes angolanos eleitos em eleições que a ONU aceitou, e depois ficámos todos "admirados" por um dos principais visados, o PR Angolano, ter sugerido uma suspensão de uma pensada parceria estratégica com o nosso País. JS afirmou que não se irá candidatar a mais nenhum cargo político, porque não se quer sujeitar ao "favor popular". Se no seu léxico político, o favor é habitual, seria bom que não confundisse a expressão mais alta de uma democracia que é o voto, e o mandato solene que significa para a representação do povo, com nenhuma forma de favor. Como foi possível que este homem tenha estado seis anos à frente do nosso Governo?
(Esta carta foi publicada, na íntegra, no semanário "SOL", na sua edição de 25/10/13)

6 comentários:

  1. A questão, aqui, não deve encaminhar-se nesse sentido. Sócrates nunca me convenceu totalmente. No entanto, vemos nele o que jamais esta gente alcançará: arrojo perante os outros, os do poder, os do mando. E chamar estupor e filho da mãe e bandalho a este àquele não cairá por isso o Carmo nem a Trindade. Deixemo-nos de merdas, perdão, de acessórios e concentremo-nos no essencial. E o essencial é a política. É, por exemplo, a forma como Sócrates expôs a situação relativamente à queda do seu Governo, a qual poderia ter sido evitada se o PEC 4 fosse aprovado, como até a própria Alemanha desejava (e concordava). Olhemos para a Espanha, por exemplo.

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    1. Eu peço desculpa, mas reconheço um "handicap". O JS tira-me do sério! Confessado isto, eu também concordaria com a sua defesa da frontalidade e "sinceridade" em se chamar as coisas pelso seus nomes. Eu faço isso, porque nunca escolhi ser político. Mas um político, ou mesmo um ex-político não o pode fazer, sem atraiçoar o mandato dos seus eleitores. Como é que JS poderá algum dia exercer novas funções públicas depois destes insultos? Agora quanto à sua tese sobre o famoso PEC IV, ela está desmentida por vários economistas independentes. Portugal não tinha dinheiro sequer para pagar os salários do funcionalismo, ponto final. Não havia mais PEC que nos salvasse. Estávamos a empurrar com a barriga... Mas se quiser uma opinião políticamente insuspeita, leia a crónica da São José Almeida (esquerda pura e dura, do "antifascismo") no "Público" de ontem.

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  2. Como ainda há gente que acredita que o PEC 4, ou o 5 ou 6 fossem a salvação duma situação económica que estava a desviar-se do caminho honesto a olhos vistos. Quem alertou para a intervenção estrangeira foi o ministro Teixeira dos Santos, porque já não podia encobrir mais a situação desastrosa. O "Eng." Sócrates e os seus apaniguados, para além de irresponsáveis, ainda não compreenderam o buraco em que deixaram o país. Falam por cima, como se fossem duma casta de abençoados e os outros fossem parvos. Se houvesse Justiça em Portugal, Sócrates e mais umas centenas de indivíduos, situados no chamado arco governamental, estariam presos por fraudes cometidas ou por cumplicidade ou, ainda, por negligência. Esta é a minha opinião, que pode não ser totalmente correcta, e é de alguém que conheceu os meandros da política partidária e não teve capacidade de se adaptar a tanto compadrio e oportunismo. O país, a partir do momento em que não soube aproveitar os Fundos Europeus, gastou sem rei nem roque, e empenhou-se de tal forma, que o pagamento das dívidas é irreversível.

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    1. Concordo inteiramente. Segundo o que julgo saber, se dois ou três arguidos no "processo Cova da Beira", tivessem decidido falar, JS estaria preso há muito. Talvez um dia as "escutas" que o PGR e o STJ mandaram destruir inusitadamente, "reapareçam". Inacreditável como aqueles dois figurões resolveram dar a cara na última encenção da apresentação do livro do JS. É preciso despudor e descaramento! A sua intimidade ali confessada com JS deveria ter sido invocada previamente, para terem pedido escusa de despacharem sobre processos em curso contra JS. Uma vergonha nacional!
      É triste nem nos magistrados podermos confiar...

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  3. concordo em parte, Joaquim. Mas também me parece errado culpabilizarmos o Sócrates como o "estado em que deixou o país". antes dele, há outros. O problema tem mais a ver com a nossa incapacidade em criar consensos a médio prazo. planear o país. afirmar, por exemplo: queremos um país assim e assado dentro de dez anos. isso é que é uma verdadeira reforma. afinal, foi o que os nórdicos fizeram. o nosso mal é social. temos fantasmas nas nossa gavetas.

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    1. Sem dúvida, JS não é o único culpado do desbragamento nos gastos públicos. Outros governos empurraram a crise da dívida pública com a barriga, para se manterem no poder ou conquistarem o poder, consoante os casos. JS só terá pecado por ter persistido no erro, depois de seriamente avisado por Campos e Cunha. E Teixeira dos Santos levou longe demais o seu apoio a essas loucuras. Por isso no fim, talvez consciente e arrependido, até se terá portado mal com o PM, pois atirou com a toalha ao chão, sem avisar o seu chefe.

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