sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Adiantado retrocesso social

Através do Relatório do Orçamento de Estado para 2014 (OE14), a Segurança Social sofre um corte de cerca de €238 milhões. Dado que vivemos uma gravíssima crise social ao nível do desemprego e sequente pobreza extrema, esta significativa redução lesa gravemente quem mais precisa e lhe assiste por direito próprio receber prestações sociais. A luta contra a pobreza deve ser viril. Nada admira que nem metade dos desempregados recebam subsídio de desemprego(!). Aquele insensível e criminoso corte agrava ainda mais a situação de quem depende de abono social.
Mais grave ainda é vir dum ministério tutelado por quem se autointitula «democrata-cristão». Como disse? As subtrações apontadas no OE14, além da Segurança Social estendem-se à Educação e Saúde públicas, somando €1146 milhões! As consequências são dramáticas em termos sociais e económicos, mas... os ministros da Segurança Social, Educação e Saúde afirmam categoricamente: « As nossas áreas de acção não serão afectadas»(!). Traduzindo dizem que«fazem mais, com menos». Alguém acredita? Entretanto, o Executivo baixa o IRC, nomeadamente às grandes empresas, que fará o Estado deixar de arrecadar mais de €250 milhões de receita fiscal já em 2014. Lança sobre a banca impostos ridículos. Até Junho de 2013, o Estado financiou-os com cerca de €14480 milhões e no artº138 da proposta de lei do OE14 estão previstos mais €6400 milhões para apoios à banca. J. Stiglitz, prémio Nobel da Economia disse:” A desigualdade chegou a um nível que pode ser ineficiente e má para o crescimento”. É cruel, obsceno e duma total injustiça, uma minoria a controlar a economia, o poder político e a riqueza esmagando todo um Povo que já quase só tem pão com dentes para comer. Resistamos heroicamente.

Vítor Colaço Santos
(DN, 15-11-2013)

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