ENTÃO, SENHORA PGR?

Quero acreditar que a Senhora Procuradora Geral da República (PGR), é uma pessoa séria e competente. Mas no elevado lugar que ocupa, não pode, nem deve parecer outra coisa, e neste triste caso da investigação ao seu colega da República Popular de Angola (PGA), pareceu que existiu uma "agenda" qualquer estranha à investigação. Senão vejamos. Julgo saber que a PGR pode investigar qualquer cidadão, nacional ou estrangeiro, desde que conheça indícios da prática de um crime. Também aprendi que essa investigação é totalmente sigilosa, e todo e qualquer facto ou pessoas investigadas, estão abrangidos pelo "segredo de justiça". Foi público e notório, em todos os jornais e meios de comunicação de massa portugueses, que o PGA estava a ser investigado por movimentos bancários eventualmente criminosos. O visado foi condenado na praça pública portuguesa. As autoridades angolanas reagiram fortemente, como é normal, perante esta flagrante e grosseira quebra do segredo de justiça, que em última análise, a PGR de Portugal é responsável por assegurar. O ministro dos Estrangeiros, Rui Machete, pediu umas "desculpas esfarrapadas" pelos inconvenientes da situação, e foi por isso quase linchado pelos políticos da oposição e "medias" portugueses.
Agora, pasme-se, sabe-se que antes da reacção angolana, e em particular antes do próprio Presidente de Angola ter suspendido a ligação estratégica com Portugal, o processo em que o PGA foi visado, havia sido arquivado meses antes.
Havendo sido gravemente violado o segredo de justiça, porque é que a PGR não divulgou também, em tempo oportuno, o arquivamento?
Por isso pergunto, então, Senhora PGR, quando acusa os responsáveis pela criminosa quebra do segredo de justiça?
Sabemos que da última vez que mandou investigar seus colegas (Dra. Cândida Almeida e outros dois), o processo foi arquivado sem procedimento.
Será que agora nem sequer vai iniciar uma investigação?
Se é o caso, assuma então as suas responsabilidades e demita-se, prestaria um bom serviço ao País.

OBS. Publicado na íntegra na edição do semanário SOL de 8/10/13