quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Uma Agenda para Portugal

Portugal vive um momento histórico particularmente crítico e desafiante enquanto país e como Estado Membro da União Europeia e da Zona Euro.

O ano de 2014 coincide com dois marcos importantes para Portugal enquanto Estado Soberano e Democrático, um de cariz mais real e doloroso na vida dos portugueses, outro de cariz mais simbólico mas importante para o nosso património histórico: a conclusão do Programa de Assistência Económica e Financeira solicitado em 2011 pelo anterior Governo Socialista e a comemoração dos 40 anos da revolução do 25 de abril.

A comemoração do 25 de abril deve decorrer num verdadeiro espírito democrático e de união entre todos os portugueses, e potenciar os compromissos necessários que permitam concluir, pelo menos, com meridiano sucesso o Programa de Assistência Económica e Financeira e o regresso a financiamento de Mercado, bem como uma estratégia de médio e longo prazo que permita a Portugal ambicionar um equilíbrio e sustentabilidade das contas públicas e um crescimento económico sustentado, traduzido em mais emprego, competitividade, produtividade, exportações, captação de investimento, que consiga gerar simultaneamente uma maior coesão e solidariedade na sociedade, principalmente entre aqueles que foram mais afetados e penalizados com as consequências da grave crise que vivemos.
No entanto, o espírito reformista que necessitamos para Portugal deve extravasar as reformas estruturais ao nível da flexibilidade e estabilidade da nossa economia e do equilíbrio orçamental, na medida em que se torna indispensável e inadiável renovar e fortalecer todo o nosso sistema democrático, a democracia representativa, a justiça, efetuando igualmente uma reforma do Estado, do sistema fiscal e da segurança social, de forma justa e equitativa.

Devemos todos ganhar consciência da importância em alterar as políticas e modelos vigentes para garantir o Estado de bem-estar social e a necessária solidariedade entre gerações, nomeadamente, as políticas públicas na educação, na saúde, pondo cobro aos elevados níveis de endividamento e sucessivos défices públicos, que penalizam sobretudo os mais jovens, pois veem-se privados do acesso ao emprego e a um futuro com mais oportunidades e de maior esperança.
Para isso, os partidos políticos, componente nuclear do sistema democrático, têm de ser mobilizados e mobilizadores, precisam de ser verdadeiros canais concretizadores dessas reformas e não os seus diques de contenção, mais abertos à sociedade e ao serviço dos cidadãos, e não apenas daqueles que neles militam ativamente.

Uma reforma do Estado bem sucedida é aquela que origina verdadeiros ganhos de economia, eficácia e eficiência na utilização dos recursos públicos e na gestão pública, e, simultaneamente, aquela que garanta e prossiga o interesse público, sem prejudicar e onerar excessiva e injustamente as empresas, as famílias, os cidadãos.
Reforma do Estado e das Administrações Públicas que equacione e decida por uma efetiva e eficiente restruturação e racionalização das estruturas e dos cargos dirigentes, mas que consiga mobilizar simultaneamente os gestores e dirigentes do setor público e todos os trabalhadores em funções públicas, de modo a prestigiar todos os servidores do Estado e transformá-los em verdadeiros agentes e criadores de valor acrescentado para as Administrações Públicas, e que estas, por sua vez, funcionem como facilitadoras do desenvolvimento económico e criação de emprego, e como prestadoras de um serviço público de qualidade.

Esta restruturação e racionalização são urgentes e indispensáveis ao nível do setor empresarial do Estado e do setor empresarial local, e exige a rigorosa aplicação da lei por parte do Estado, dos Municípios e das empresas, bem como pelos demais órgãos de inspeção e de fiscalização que devem garantir o seu escrupuloso cumprimento.
A par da restruturação e racionalização, é imperioso efetivar uma verdadeira e salutar descentralização administrativa, que promova uma maior harmonia e um desenvolvimento mais equilibrado em todo o território nacional, combatendo energicamente as assimetrias que se verificam entre Lisboa e o Porto, o interior do país e o litoral, entre os grandes centros urbanos e os de reduzida dimensão.

Para alcançar este desiderato, afigura-se premente aproveitar os próximos fundos comunitários, no valor de aproximadamente 20 mil milhões de euros, que devem ser canalizados de forma eficiente e rentável, responsável e equitativa, para o crescimento económico e apoio às PME, criação de emprego jovem e combate ao desemprego de longa duração, reinvestimento numa agricultura mais moderna e competitiva, reindustrialização nos setores estratégicos nacionais e exploração dos recursos naturais e energéticos do país, nos setores ferroviário e portuário, que privilegiem o transporte de mercadorias, no setor do turismo, entre outros.
Os enormes desafios do presente e para os próximos 10 anos com os quais Portugal se depara reclamam de todos os portugueses uma união e solidariedade que contribuam para mais e melhor Portugal. Sempre que Portugal se uniu foi mais longe e mais alto, na Europa e no Mundo.

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