sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Já não nos atiram areia para os olhos!


Como forma de legitimar a dominação exercida sobre a população, pelos nossos governantes, fiéis discípulos das políticas neoliberais, na era do capitalismo selvagem, o discurso imperante desde o dealbar da crise tem sido o de afirmar, de forma propagandística e como forma de “lavar as mãos”, que se “tem vivido acima das nossas possibilidades” - camuflando assim a verdadeira responsabilidade da agenda neoliberal no deflagrar da crise económica e financeira.
Na realidade, o que causa mais estupefacção é que estas políticas são-nos impostas sem nenhum tipo de aceitação social, o que, diga-se de passagem, numa sociedade democrática, é deveras preocupante. Acresce que este tipo de corrente ideológica, que é profundamente desigual na distribuição da riqueza, preocupando-se somente com as exportações das grandes empresas, precipitando para a insolvência as pequenas e médias empresas e colocando no desemprego os seus trabalhadores. Com a agravante de que esta ideologia tem como principal objectivo a obtenção do lucro, “custe o que custar”, não tendo um pingo de ética, nem sensibilidade social, na aplicação das suas medidas. O que realmente importa é aproveitar todas as oportunidades para privatizar o erário público, abrindo espaço para a desregulação financeira e desregulando por completo as relações laborais.
Como se não bastasse, temos um primeiro-ministro que, disfarçado de D. Sebastião, vestiu a capa do empreendedorismo, sendo um verdadeiro campeão nesse domínio. Esqueçamos, assim, a história, a filosofia e as ciências sociais em geral. O que importa é seguir os ditames do “chefe” e criar por “geração espontânea” um empreendedor em cada um de nós.




Nuno Abreu (Público 21/02/2014)

Sem comentários:

Enviar um comentário

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.