quinta-feira, 22 de maio de 2014

As próximas eleições


As próximas eleições vão servir para eleger o parlamento europeu o qual por sua vez irá eleger o novo presidente da comissão europeia, em substituição de Durão Barroso, que certamente estará a preparar-se para assumir no futuro um cargo político de relevância em Portugal. Ora, as eleições sendo para o parlamento europeu mais parece pela campanha eleitoral que e vê em Portugal que são eleições para a Assembleia da República. Temáticas europeias debatidas? Zero! Nada que nos espante, aos mais avisados, mas deprimente, sem dúvida. Pouco dado a perder tempo com tempos de antena, vi no entanto, por casualidade, uma pequena intervenção televisiva de Catarina Martins, co-dirigente do Bloco de Esquerda em que, a propósito de participação eleitoral sempre muito baixa nestas eleições europeias, colocava no mesmo saco, os abstencionistas e os votos em branco e nulos. Porquê? Não sei. Estranho, pois deveria saber perfeitamente que são coisas distintas. O eleitor que não vota, pode fazê-lo por várias razões enquanto que aquele que vai até à urna e entrega um papel em branco está a votar como os outros só que está a dizer que não se revê em nenhum dos partidos concorrentes. Como é assim tão difícil à Catarina Martins e a todos os que professam desta opinião entender uma coisas tão simples. A resposta que julgo estar subjacente a este modo de ver é uma forma de tentar mobilizar os cidadãos a votar porque só com os votos expressos é que os partidos podem contar com mais ou menos dinheiro das subvenções partidárias. Nesse aspecto, o BE não se distingue dos restantes partidos da nossa pseudo-democracia. Tacanhez política diria eu.
No entanto do que eu gostava de ouvir falar nestas eleições era de assuntos bem mais importantes que as insignificância com que se enchem telejornais. Estas eleições vão ser fundamentais para a Europa, que é como quem diz, para os destinos de Portugal. 
Editado recentemente em Portugal, há um livro ("A Europa Alemã-De Maquiavel a "Merkievel": Estratégias de Poder na crise do euro") escrito por um alemão (Ulrch Beck) de escassa 100 páginas que se lê num instante. Dele retiro algumas perguntas pertinentes que gostava de ver debatidas. Em vão, claro, é o meu desejo...

Que forma política terá de assumir a Europa para deixar de ser uma assombração aos olhos dos cidadãos, transformando-se num projecto querido, em algo cuja morte será sentida pelos cidadãos como a perda de uma parte deles próprios, algo pelo qual vale a pena viver e lutar e a que uma pessoa daria a sua voz numa eleição?

O que significa a Europa para os indivíduos e quais são os princípios para um novo contrato social para a Europa que podem ser desenvolvidos a partir desta perspectiva?

Sabem os indivíduos no seu íntimo que a Europa, par se libertar desta barafunda em que se encontra actualmente, precisa de novas instituições?

E abem que essas instituições só podem ser criadas através de um grande esforço comunitário, de uma cooperação que ultrapassa fronteiras?

Como é possível despertara consciência social e ecológica da Europa e do mundo e dar-lhe a forma de um movimento de protesto político?
Como é possível juntar a nível europeu ou até mundial gregos furiosos, espanhóis desempregados, alemães inseguros, portanto, membros da classe média à beira do abismo, transformando-os num sujeito político que implementa um novo contrato social?

Aos meus colegas de blogue, votem em branco ou não, espero que votem. Não podemos virar costas a esta situação de profunda crise europeia. 

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