segunda-feira, 30 de junho de 2014

Remorsos do papa não chegam para vitimas de abusos sexuais

Uma das obrigações sociais dos estados é a de acolher, cuidar e instruir as crianças abandonadas ou sem progenitores ,mas nem só o estado desempenha esta tarefa, existem instituições particulares que também o fazem, principalmente as de caráter religioso. Nestes casos normalmente existem convénios entre o estado e as instituições em  que o primeiro apoia o segundo financeiramente. Estas instituições pertencem maioritariamente à igreja católica. Com a   disseminação dos meios de comunicação social vieram ao conhecimento publico aquilo que já se suspeitava e que sempre existiu: a pedofilia. 
Perante estes factos os prevaricadores deviam ser afastados das crianças e levados à justiça, mas não, a igreja católica tentou sonegar e amenizar o ocorrido. 
Ao longo da história da igreja católica outros crimes monstruosos ocorreram ,por exemplo: Cruzadas da fé (sec.VI e VII), tribunal da inquisição (sec.XIII,XIV e XIV), descobertas e colonização (sec. XV a XX).
Inúmeros religiosos encontram na igreja refúgio seguro para a prática dos seus instintos  mais mórbidos, fruto de graves desvios mentais, condenando crianças que na fase mais vulnerável das suas vidas são despojadas de toda a sua dignidade,vindo a ser maioriamente os futuros delinquentes da sociedade. As diversas religiões ou igrejas condenam-se a elas próprias ao imporem matrizes civilizacionáis  estáticas, não evolutivas com o mudar dos tempos, por exemplo: o voto de castidade e a consequente proibição de constituir familia. A falsa moral e o preconceito limita a individualidade humana, castra ,inibe ,deturpa, corrompe ,aniquila. Só com o aumento da escolaridade, do grau cultural e do bem estar de um povo se pode combater o fundamentalismo religioso. Veja-se o que se passa nos países nórdicos e anglo- saxónicos, da doutrina e da postura social da igreja anglicana, a mais liberal e consonante com os tempos atuais. Por fim meditem no capitulo 24 do evangelista S.Lucas e redescubram as razões que animaram as primeiras testemunhas da evangelização de Jesus Cristo para o anunciar hoje , missionariamente com novo animo.

800 anos da Língua Portuguesa

Foi lançado no passado 10 de junho, na Feira do Livro, o Manifesto pela Língua Portuguesa, que pretende levar ao Mundo a comemoração de uma data: o 27 de junho de 1214, onde um documento régio de D. Afonso II dá início à grande aventura que passados 800 anos celebraremos. Como as coisas não nascem do nada, duas personalidades se podem e devem destacar em todo este processo que agora começa, e que irá manter-se durante os próximos 12 meses, Roberto Moreno, um brasileiro radicado há anos no nosso país e que se tornou num apaixonado defensor e divulgador da língua portuguesa, e o deputado e fundador do CDS José Ribeiro e Castro, quem agarrou a ideia e a transformou em causa a que muitos se vão juntando. Mas é preciso mais, tudo está ainda no seu início. E não podia haver altura melhor para celebrar e divulgar a data e a causa: em plena Copa do Mundo no Brasil, o maior falante da língua portuguesa em todo o planeta. Pode ser que a coisa pegue e voe alto. Ideias e vontades não faltam. Aqui, como em quase tudo, não são necessárias muitas palavras para a exaltação desta causa, bastam duas: língua portuguesa.

José Manuel Pina

Texto publicado pelo DN e Expresso

A fome

Há muita fome

Vi na TV que há fome em Campanhã – Porto. Claro que não é só lá, infelizmente. Mas neste caso, atrasos de entidades oficiais no envio do dinheiro de subsídios atribuídos, está a esmagar completamente a sobrevivência de muitas famílias.
Ao que chegámos! As lágrimas caem de muitas almas desesperadas mas também daqueles que não podem fazer nada mais do que ajudar a reclamar. E saem para a rua engrossando as manifestações gritando com alma as injustiças.
E há muitos outros que tentam mostrar que há outros caminhos, que ainda há soluções. Mas tanto aos gritos das ruas como à tentativa de conversa de outros, quem manda está surdo, mesmo quando os assuntos são abordados na Casa da Democracia. 
Mas não se pode desistir! A comunicação social não poderá dar oportunidade a quem mostra outras alternativas?

  

Publicado em 24 de Junho de 2014 no Jornal Público

A Esperança não é a última a morrer, é uma das próximas a encerrar

Diz o adágio popular que "a esperança é a última coisa a morrer".

 Para o governo, a Esperança é mesmo uma das próximas a encerrar. 

 Isto tendo em conta notícias de que mesmo se prepara para encerrar a escola de Esperança, em Arronches, http://sicnoticias.sapo.pt/pais/2014-06-25-escola-da-aldeia-da-esperanca-vai-encerrar

 assunto dificilmente pode ser caraterizado como triste, passando já ao domínio do caricato.
 É que essa aldeia foi alvo de uma linda campanha, incluindo do BES, onde o tema era tão apelativo quanto emotivo, porque se ia "recuperar a Esperança".

 Um trocadilho vazio, vão, que mais uma vez não tem qualquer prossecução (positiva) por parte do governo.
 Atrevo-me mesmo a dizer que, neste caso, nem sequer é uma questão de atribuir as culpas à D. Inércia.
 O povo português tem, com uma paciência que já roça o exasperante, vindo a encolher os ombros e seguir em frente, sempre com um aréstia de esperança em que as coisas mudem.
 Desenganem-se.
 O governo vai mesmo encerrar a Esperança em Portugal.

 Relembro só que, em física, a inércia não é o único principio sob o qual o movimento se gere.
 Existe também o princípio da "ação-reação", em que "toda a força exercida num sentido gera outra, igual e de sentido contrário"...

domingo, 29 de junho de 2014

Conselho de Estado



Portugal que tem pelo menos oitocentos anos de um código linguístico estabelecido e padronizado, que permite uma grande riqueza comunicativa entre os membros da sua comunidade, já viveu na sua história momentos de democarcia participativa, em tempos passados e longínquos,  que estiveram muito à frente dos tempos de agora.

“Democracia participativa” pode ser entendido como um pleonasmo vicioso, que só se justifica pelos cânones da gramática como sendo um subterfúgio para dar mais relevo, emprestar mais vigor a um pensamento. Pode ser, em bom português, uma falta grosseira.

Acrescentar  o vocábulo “participativo” à democracia, é redundante. É? Talvez não.

É um quase desespero de se sublinhar, rasgando na folha  que se escreve, o incómodo de se viver numa democracia que não é participativa, e portanto não democracia.

O Conselho do Estado Português vai reunir-se no dia 3 de Julho e tem como agenda (conhecida), a análise da situação política, económica e social, na sequência do fim do programa de ajustamento.
Antes de se tentar desvendar – tarefa quase espírita dada a vacuidade do tema -, as impressões de circunstância  que os senhores conselheiros vão enunciar, em período de antecipação de férias prolongadas, será interessante esmiuçar o “regimento” do próprio Conselho em si mesmo:
 
O Conselho de Estado é o órgão político de consulta do Presidente da República, por ele presidido”.
“Ao Conselho de Estado compete pronunciar-se sobre um conjunto de atos da responsabilidade do Presidente da República. Deve também aconselhá-lo, no exercício das suas funções, sempre que ele assim o solicite”.

O cidadão comum e desprezível, desconhece, até hoje, que actos de responsabilidade foram imanados dos últimos Conselhos de Estado.

Membros do Conselho de Estado:

“Os representantes máximos da hierárquia do Estado
Ex Presidentes da República
5 cidadãos escolhidos pela excelência do seu contributo para a causa pública (perspectiva do presidente da República em funções)
5 cidadãos escolhidos pela excelência do seu contributo para a causa pública (perspectiva da Assembleia da República)

O painel parece, aos olhos de uma “democracia participativa”, fazer sentido – não fosse “participativo” um vocábulo em excesso no Português correctamente escrito.

Não fosse igualmente evidência o facto , de alguns dos concidadãos desta democracia participativa que fizeram o elenco de outros Conselhos de Estado, serem malfeitores e exemplos, pela negativa das negativas – e mesmo assim a sermos comedidos na adjectivação -  do que de pior se pode juntar para pensar e opinar sobre o país com oitocentos anos de língua estabelecida.

Presume-se até, que já houve reuniões de Conselheiros de Estado, em que a quantidade de pistoleiros presentes, apresentou problemas à segurança do próprio Presidente.

Olhando para a lista dos membros activos neste momento, neste Conselho, algumas pessoas mais mal intencionadas ( sindicalistas seguramente)  poderiam questionar a idoneidade de alguns, mesmo pondo de lado  teorias de conspiração, e a maldicência endógena típica dos portugueses, que é um vírus, pobres, sem cura ( aqui o Ministério da Saúde, poderia ajudar, e mais não dizemos, que eles, manganões e esperatalhaços  - desculpem o neologismo - sabem do que se está a falar). 

E avancemos para o início deste texto, onde em tempos de “trevas”, “medievais”, um que outro regente mais esclarecido, convocou, a par do conselho de “sábios” do reino, os representantes do povo (afinal, a massa que enforma o reino), e ouviu todas as partes, para decidir dos caminhos.

Comprende-se que seria embaraço para os conselheiros de estado, partilharem uma mesa com seres boçais, que mal sabem segurar num croquete, desconhecedores das excelências da dialética e da retórica, mais confortáveis com vernáculos e envergonhados dos protocolos e dos salamaleques.

 Ainda assim, porque é que o ”Regimento”, não pode aceitar 5 cidadãos eleitores escolhidos aleatoriamente no universo dos concidadãos com direito de voto?

Não é uma ideia chocante, pelo contrário,faz todo o sentido: cinco membros escolhidos pelo Presidente, cinco pela Assembleia da República, cinco cidadãos comuns.

Se o problema está nos estatutos dos membros do Conselho de Estado” em que no Artigo 3 se diz:” a função do membro so Conselho de Estado é compatível com o exercício de qualquer outra actividade, pública ou privada” isso não é uma questão, já que há membros deste conselho que exercem funções de  “tráfego” de influências que não são incompativeis com o seu estatuto de membros, assim como, um desempregado de longa duração, eleito para o Conselho de estado, pode continuar a exercer o seu desidério de tráfego de influência, na bicha para senha do Fundo de Desemprego, sem que por essa aleivosia, determine e influencie negativamente os designíos da “governance”* do país.

Nem mesmo é impedimento, e ao abrigo do capítulo III, Artigo décimo terceiro “Os membros do Conselho de Estado não podem ser detidos ou presos sem autorização do Conselho, salvo por crime púnível com pena maior e em flagrante delinto”, já que, os crimes desta gentalha, se resumem ao escanrafuchar de pequenos expedientes de sobrevivência, não passíveis de “colarinho branco e com mancebias em estabelecimento prisional diferenciado”.

É de toda a justeza, já que se vai mais dia menos dia alterar o poder absoluto do Tribunal Constitucional, e uma Constituição que foram os Senhores Juízes que fizeram só para eles, aproveitar e alterar o “Regimento e Estatutos” dos Conselheiros do Estado.

Seria pedir de mais, que os Presidentes da República pudessem – a menos que tenham problemas de acumulação de cerúmen – ouvir os ruídos dos portugueses, que falam numa das línguas mais ricas deste planeta Terra?   

Seria. Mas eles não ouvem!

*governance = anglicismo, que significa “desgoverno, cabeça perdida. Igualmente entendível como aproveitamento para benefício próprio”

Luis Robalo

O não acordo ortográfico


O não acordo ortográfico (DN 29.06.2014)

A dada altura pareceu que ser “contra” o acordo ortográfico, era ser antiquado e ultrapassado, e vinha sempre o exemplo primoroso de há um século, de “farmácia” já não se escrever com “ph” inicial, o que era sinónimo de progresso.

E, à falta de mais argumentos para dar cabo da língua portuguesa, dizia-se que para além de Angola, Moçambique, Guiné-Bissau (não confundir para já com Guine Equatorial! Ainda fala só francês, mesmo na CPLP), S. Tomé e Príncipe, o Brasil com quase 200 milhões de habitantes, e com a língua toda igual iria até, fazer crescer exponencialmente a nossa economia. Tudo uno e indivisível pelo acordo ortográfico.

E, vai daí, uma defesa imparável a escangalhar o mais rapidamente possível a língua portuguesa, dado tudo o resto já estar esfrangalhado, falada em Portugal a bem de tudo a falar igual, igualzinho.

Porém, depois de todo este nosso esforço titânico, o Brasil marimbou-se para o acordo ortográfico - como para muitos mais acordos, e Portugal é-lhe indiferente - e já não sabe se vai assinar e aceitar mudar, e nós oficialmente já o temos como nosso, mesmo a contragosto de tantos.

E, de facto para quem lê pouco e escreve apressadamente, é vantajoso ter a possibilidade de o fazer à sua maneira, dado que encaixa sempre no” acordo”.

Hoje, é fácil encolher-se palavras, abreviar outras, esticar ainda outras e cada um escreve como acha melhor lhe convir e acrescenta ao acordo. E é modernaço.

E, cada um aprova o seu mau português, os computadores já foram programados para em “word” nos colocar traços vermelhos nas palavras “antigas” e em desacordo, mesmo que o acordo nunca o venha a ser.

E, nem a economia melhorou com o acordo, nem as ligações ao Brasil ficaram mais intensas, nem alguém passou a ler um pouco mais supostamente por estar tudo tão igualizado, por baixo.

Assim, melhor será, assumirmos a verdade que é afinal não haver Acordo Ortográfico e não nos acharmos antiquados, ultrapassados, dinossauros se continuarmos a escrever bem o português, a ler mais e a bem nos entendermos sem quaisquer vergonhas, nem diminuirmo-nos, ainda mais.

Augusto Küttner de Magalhães
 (DN 29.06.2014)
 
 

sábado, 28 de junho de 2014

PS de esquerda ou PS canhoto?

Já há muito que queria confessar a minha incomodidade perante a guerra fratricida que se instalou no seio do PS.
E a tropilha, que está na base da coligação que sustenta o actual governo, tem gozado à tripa forra com tal luta interna, uma vez que um PS nada coeso não lhe faz oposição.
Agora, temos duas alas socialistas que disputam o ceptro do Rato: a ala dos PSAC (PS de António Costa) e a dos PSAS (PS de António Seguro), as quais numa disputa popularucha se podem definir como um PS de esquerda e um PS canhoto.
E, como a luta continua, que ganhe a ala que melhor possa servir Portugal, cimente a democracia e proporcione plena equidade entre todos os cidadãos.

José Amaral



sexta-feira, 27 de junho de 2014

A galinha de ovos de ouro do nosso quintal lusitano

A nossa secular diáspora tem sido a ‘galinha de ovos de ouro’ do nosso quintal lusitano, onde pontificam e pululam ronhosos e rancorosos galos da pior espécie.
E eles, tal como os capitalistas que são apátridas e ferozes mercenários sem escrúpulos nem fronteiras, são, com e como eles, unha com carne, repartindo até à exaustão o pecúlio de todos nós, lusitanos ingovernáveis e quiçá insustentáveis, dada a ferocidade piranhona das castas ou castos loureiros, santos de espírito, jerónimos, cavacos, jardineiros, oliveirais da costa, jotas, e outros perdigotas, que cá encontraram terra muito fecunda para saquear e secar por completo, até que o nosso belo e ancestral solo pátrio vire um autêntico e estéril deserto de tudo, ou numa miragem de nadica de nada.
Assim, só nos resta impedir que tais facínoras nos privatizem o pensamento ou nos racionem o ar que ainda livremente respiramos.

José Amaral

S:João.2014.PORTO

Algumas imagens, a propósito do S. João, no Porto, em 2014.








 

A ESSÊNCIA DO AMOR

Caros Amigos e a todos os co-autores de OS LEITORES TAMBÉM ESCREVEM,

Foi com enorme satisfação que, desde ontem, dia 26/6, tenho nas minhas mãos mais um livro do qual sou um dos co-autores nele contido.

E não me canso de contemplar a nova 'cria' - A ESSÊNCIA DO AMOR - obra colectiva de poesia, lançada em Lisboa no passado dia 22/6, pelas Edições Vieira da Silva.

E, já agora, convosco compartilho um dos meus poemas nela acolhido:

SOMOS NÓS

A luz não tem pés
em sussurro de palavras incontidas
percorro-te languidamente
dependurando o sono
e varrendo o quotidiano

Escondo-me
nas tuas coxas mundo;

o sílex esteio sem freio
fende-te em penetrações
no mar da tua lava incandescente.

O céu é maçã
jorro-te microcosmicamente

somos luz meu amor.

José Amaral


De borrasca em borrasca



Agora, que a borrasca passou e a equipa das quinas e tricas chegou, a bordo de um amarelo avião do INEM, vamos todos pôr os pés no chão para nos apercebermos do que uns quantos salafrários ilhéus urdiram nas nossas desguarnecidas costas, tal como a dentada de um jogador – Luís Suarés – a um seu adversário.
Esses ilhéus, tubo de ensaio dos seus apaniguados do ‘contenante’, queriam, genialmente, acabar com o TC e com tudo que lhes faça frente: oposição e a ‘famigerada’ Constituição.
Com tal gente, ou rebenta nova borrasca, ou o povo fica indigente de vez.

Nota: este texto irá ser publicado pelo DESTAK, em 30/6

José Amaral

quinta-feira, 26 de junho de 2014

E Tudo o 'Bento' Levou

Depois de tanto sofrimento por parte dos milhões de simpatizantes da equipa das quinas, a tragicomédia da selecção nacional, em terras brasileiras, chegou inexoravelmente ao fim. O palco vai ter outros artistas, que não os nossos.
Assim, numa missão impossível, após os estrondosos desaires perante alemães e norte-americanos, a caravela portuguesa, que já havia sulcado mares encapelados sem fim, afundou-se tal como o majestoso Titanic ao som de acordes melodramáticos de uma valsa lenta, onde pontificou uma alegoria a um mítico filme de seu nome quase igual a este: E TUDO O ‘BENTO’ LEVOU.
Daqui a quatro anos haverá mais, com outra postura, outros artistas, outros sonhos, para não termos, como agora, mais uma desilusão colectiva.

Texto publicado no PÚBLICO,  em 27/6

José Amaral

Mundial 2014 e a Fisioterapia desportiva

A propósito da fraca prestação da equipe portuguesa no Mundial de Futebol, muito se tem conjecturado a respeito da suposta débil condição física dos jogadores, levando-se muitas vezes profissionais e leigos a (re)pensarem na força ou fraqueza dos actuais modelos de reabilitação (e prevenção) desportiva. Na verdade, e como veremos, subsiste um curto-circuito entre paradigmas de trabalho fisioterapêutico, facto e reflexão não atida pela maioria dos profissionais, quase todos convencidos de que a fraca condição física dos atletas advém sobretudo da igualmente fraca preparação ou treino.
Subjacente ao típico modelo desportivo, paradigma subsidiário de um modelo económico-social moderno, liberal e meritocrático que valoriza acima de tudo a "performatividade" (portanto, o resultado), está a noção de que um número elevado de lesões, como se verificou com a equipe nacional no Mundial, seria a consequência natural de um treino insuficiente e/ou de estratégias de prevenção da lesão igualmente escassas. Não vou dizer que esta noção e o seu paradigma estão de todo incorrectos, mas, ainda assim, o que representa a sua fraqueza é precisamente aquilo que permite, mas não deveria permitir, a existência do próprio desporto de alta competição. É que, na esmagadora maioria dos casos, em desporto, o protótipo fisioterapêutico utilizado é menos o da "Saúde" do que o do "Rendimento" e da "Performance", e é isso que, de algum modo, não obstante o seu não reconhecimento por parte de muitos terapeutas (e igualmente médicos), constitui a grande fraqueza do paradigma corrente.
A verdade é que são inúmeros os casos de lesões que, em circunstâncias normais de "Saúde", implicariam um processo prolongado de reabilitação, associado ao igualmente crucial descanso das actividades competitivas (e dos seus esforços desajustados). Contudo, no contexto competitivo, a prioridade é dada à própria prestação do atleta; e, no contexto desse paradigma, o fisioterapeuta deixa de ser um profissional de saúde para passar a ser o agente que permitirá a utilização contínua e urgente da máquina que entendemos como "jogador", independentemente das consequências que isto possa trazer a longo prazo para o atleta. Está em jogo o resultado, a "performance", o ganho a curto termo, e tudo deve ser feito de modo a disfarçar sintomas ou a permitir a função que serão vitais ao ganho, assim como à subsistência da máquina desportiva e de todas as outras "indústrias" com esta relacionada.
Assim sendo, perante a dor, aplica-se o método anti-sintomático que permitirá disfarçar os sintomas que são o aviso do desgaste; perante, por exemplo, um entorse, aplica-se a ligadura funcional que permitirá utilizar determinados padrões de movimento, mas de um modo vicioso e, portanto, com inequívocas consequências para o equilíbrio muscular; e perante a estrutura aparentemente fraca (quando na realidade ela se apresenta extraordinariamente tónica e tensa... daí a fraqueza e disfunção), submete-se o membro a trabalho de ginásio, ao treino de força que levará a estrutura a exaurir-se na patologia, na transformação tecidual viciosa.
Ora, muitos destes atletas trabalhados até à exaustão, precisavam - isso sim - de ser incluídos num processo de reabilitação que visasse cuidados pensados num tempo longo e inteligentemente definido. E isso poderia (e deveria) incluir mecanismos de trabalho baseados igualmente no alongamento e relaxamento. É que, na realidade, nem toda a Fisioterapia é baseada nos clássicos modelos desportivos e de actividade física, muito centrados na força e na resistência. Por exemplo, o modelo de Reeducação Postural, do qual sou proponente, utilizador e representante, visa no trabalho estrutural e de alongamento mio-fascial o vero caminho para a real e holística Saúde humana. Não obstante, a determinada altura, é impossível abraçar estes modelos de Globalidade sem repensar o conjunto dos modelos desportivos e fisioterapêuticos, sem ver o atleta menos como máquina funcional e performativa e mais como elemento estrutural palco de uma dialéctica morfológica que explica e ajuda a prever as futuras/presentes lesões (porque a Estrutura/Postura, o "design" do atleta, poderá ajudar a compreender de outro modo a sua própria predisposição para determinadas lesões). Mas aí já o fisioterapeuta se depara com a quase impossibilidade ética de se trabalhar no campo do desporto. É que, dada a incomensurabilidade de paradigmas, a quase impossibilidade de aplicar um modelo global a um Sistema que quer a celeridade a todo o custo, é comum o terapeuta moralmente comprometido abandonar o trabalho de uma fisioterapia que não está pensada para a Saúde... ou pelo menos assim deveria ser!... pois que a esmagadora maioria dos fisioterapeutas não se deixa afectar por este tipo de consciência... falta de moralidade, contas para pagar, a ambição da fama a todo o custo, ou a simples inconsciência, entre tantas outras razões que nem merece a pena referir.

Luís Coelho, fisioterapeuta e escritor, www.reeducacaopostural.blogspot.com

Nem eu me demitia!



 Por um milhão e seiscentos mil euros oferecidos de bandeja para trabalhar só um bocadinho e muito de vez em quando, quem é que se demitia?

Até ficava mal.

Se ninguém se demite, porquê dar um mau exemplo?
Se Irrevogável – com estas coisas do novo Acordo da língua – passou a significar “ontem tive uma birra, mas hoje volto de pedra e cal”, como é que “não me demito”, não pode ter a significação que o palrador  muito bem entender?
Se o comentador não sai da televisão, porque é fotogénico, apesar de ter que vir a comentar – com a imparcialidade que se exige a um opinador televisivo – a sua própria ascensão ou queda; se o banqueiro diz que sai, não saindo;  se o corrupto saiu e não devia ter saido.
Se sair é pior que falecer, porque é que alguém com bom senso há-de querer sair seja lá de onde for?
Eu não saio da minha escola, que fechou, porque sou professor; eu não deixo de ir ao hospital apesar de não poder tratar os meus doentes com as terapêuticas que os poderiam salvar, mas que não tenho disponíveis, porque a administração recusa comprar; eu não deixo de estar desempregado, porque não posso estar empregado.
Não me demito e pronto! Vou ficar até estar todo encarquilhado, a cheirar a podre.

 

Quem parte e reparte e ...

Passados os tempos áureos do rei venturoso ou da minha meninice, os ventos da desgraça têm soprado por de mais sobre o mal cuidado jardim colectivo, à beira-mar abandonado, em que os filhos de um deus menor dele fogem a sete pés ou a tal são obrigados, porque, por cá, as ervas-daninhas são tantas e perigosas, que as teias por elas tecidas têm tornado terra mui fecunda para todos em estéril sementeira.
E quase todos os doutos arautos – provindos das excelsas áreas de Direito, Economia, Gestão e Finanças, ou de outras desagregadoras panaceias – que têm colocado o dito nas cadeiras do poder, mais não têm feito do que seguirem à risca o pacóvio provérbio de ‘quem parte e reparte e não fica com a maior parte, ou é burro ou não tem arte’.
Todavia, indo muitíssimo para além do aforismo, tais lesivos artífices a tudo se têm abarbatado, deixando os cofres da nação vazios e quase todos nós na penúria.
E vejam como todos eles, com a Justiça a seu favor, gozam na nossa cara, como se fôssemos mentecaptos ou simplesmente cidadãos de segunda.
Só como exemplo, vou tomar dois casos recentes. Um, prende-se com o cidadão que, por artes circenses, se locupletou com cinco milhões de euros de honorários de uma cidadã que foi desta para melhor, recaindo todas as suspeitas do terrível desenlace sobre o causídico em causa.
O segundo facto, diz respeito a um outro cidadão que esteve preso e que inocentemente afirmou que só não erra quem não trabalha ou nada faz.
E mais declarou que estar na cadeia ‘foi uma experiência que me enriqueceu’, ou não terá sido antes enriquecedora o terem-lhe posto muita massa nas mãos que, afinal, era de um sobrinho?
E são cidadãos como estes que tiveram o condão de terem sido, são e virão a ser os condutores dos destinos de Portugal.
Oh ditosa Pátria, que inditosa serás com filhos deste jaez.

José Amaral

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Justiça pão de ló?



JUSTIÇA DE PÃO DE LÓ?
É preciso ver que os juízes, por formação têm maiores conhecimentos linguísticos que lhes permitem criar belas metáforas, vertidas para acórdãos que são autênticas peças literárias, dignas de óperas bufas.
Comovente é a justificação de que um criminoso de bens públicos, depois de condenado a pena efetiva, seja posto em liberdade porque, pasmem:  “Tem meios próprios de subsistência e suporte familiar” .
Descansem , eu não sou formado em nada. Apenas usufruo estes espetáculos grátis, com doutores/atores, a desempenharem estas palhaçadas, de palhaços ricos, para humilhar os feitos palhaços pobres; a maioria do povo! Bonito é ver e ler a solenidade, do alto das suas togas, as suas “doutas” sentenças! Que maravilha? Comovente mesmo.
Vejamos: uma pessoa é condenada, a seis sete anos de prisão, depois vê reduzida para dois, depois, porque se arma em bem comportado dentro da prisão, embora não tivesse sido cá fora, e porque tem suporte familiar e meios de subsistência própria é posto na rua?  Contenham-se, Não se riam.
Não. As penas são para ser cumpridas. Caso se porte mal na prisão, o detido vê o agravamento das condições prisionais. O normal é cumprir a pena. Isto é mesmo uma justiça de pagode, para os alguns, normalmente para os poderosos. Para os pobres é a sério!
Não bastou ter dinheiro, roubado ao Estado, para o utilizar em dezenas de recursos, beneficiar de muito fechar d’olho, e só depois de ir para a prisão é que os juízes “descobrem” que o Isaltino “tem meios próprios de subsistência”!
Então, antes, Isaltino não tinha “meios próprios de subsistência e suporte familiar”?
Sugiro que qualquer um, condenado a prisão, mostre a sua conta bancária e prove que não é divorciado, e desta maneira, fica em casa.
Por fim, a minha compreensão para com o juiz, que com sentenças destas ganha bem seu pão (de ló?)
Silvino Taveira Machado Figueiredo
Gondomar

A CIÊNCIA E A RELIGIÃO DIANTE DA INFLUÊNCIA DA PARTÍCULA DE DEUS (BÓSON DE HIGGS) NA CRIAÇÃO DO UNIVERSO


No início, há  cerca de 14,50 bilhões de anos,  tudo eram trevas, o simbólico ovo cósmico estava tão espremido, mas tão espremido,  que apesar de dimensões próximas de zero, continha o pré-embrião do Universo, situação esta, caracterizada pelos cientistas de  "singularidade"(fase anterior a criação).

A ciência considera o momento da criação, portanto, o marco temporal zero, o instante da explosão do ovo cósmico,  que com conseqüente  expansão continua de  seus fragmentos, constituiu este colosso chamado universo. Criando assim, nesta mesma esteira, o tempo e espaço, posteriormente a massa de tudo que nos rodeia.

Esta explosão primordial tornou-se mais conhecida como a "teoria do Big Bang", um termo um tanto pejorativo dado pelo astrônomo e matemático inglês,  Sir Frederick "Fred" Hoyle. 

De acordo com a teoria do Big Bang , o universo emergiu de um estado extremamente denso e quente ( singularidade ), cujo espaço  tem se expandido desde então, aumentando ainda mais, de maneira  continua, as enormes distancias entre as galáxias.

A ciência tem feito a sua parte, ao comprovar a  teoria do Big Bang em experiências que simulam tal evento, no colossal acelerador de partículas (CERN - 27Km) na fronteira da França com a Suíça- o complexo mais caro até hoje construído.

Existe um silêncio declarado  por parte dos cientistas sobre a fase anterior à grande explosão primordial (fato muito criticado pelos religiosos), por não haver  sentido da ciência estudar esta anterioridade,  já que o tempo e o espaço só apareceram com o Big Bang, alegando sempre, que o "antes" tem a ver  apenas com   questões filosóficas e religiosas.

Havendo, portanto, uma linha tênue  que separa estas duas situações, alguns cientistas entrando na seara dos religiosos e vice-versa, chegando a  ponto destes últimos a taxar  o CERN, como máquina do demônio, espalhando no mundo, que a mesma  poderia fazer aparecer  durante os experimentos os chamados buracos negros, que engoliriam como conseqüência  o nosso planeta.

Os cientistas também tem entrado em áreas que não lhes dizem respeito, vejamos como exemplo o que  Darwin deixou escrito na sua autobiografia: "O mistério do princípio de todas as coisas é insolúvel para nós, e, pelo meu lado, devo conformar-me com permanecer agnóstico.” Lembrando que agnóstico são pessoas que não acreditam nem descrêem na existência de um Deus.

Recentemente, o físico Stephen Hawking, contrariando suas afirmações anteriores, disse que o universo bem poderia ter surgido do mero jogo espontâneo das leis físicas, sem nenhuma intervenção de um Deus criador.

Apesar de todas estas divergências, recentemente na Europa começou um  movimento no sentido de reunir cientistas, filósofos e teólogos para refletir sobre a criação do Universo. E foi isso precisamente que aconteceu no mês de Outubro (2012) em Genebra, na oportunidade, Rolf Heuer, diretor-geral do CERN, disse taxativamente, "Dei-me conta de que é necessário analisar isso, como cientistas precisamos  discutir com os filósofos e teólogos o antes do Big Bang".

Por mais paradoxal que possa parecer o criador da teoria do Big Bang e da expansão do universo, foi um fervoroso  religioso  católico, trata-se  do belga Monsenhor Georges Henri Joseph Édouard, que alem de sacerdote , era astrônomo e professor de física na Universidade Católica de Louvaina na Bélgica.

Lembrando que esta teoria foi muito mal atribuída a Edwin Hubble . O mestre belga também foi o primeiro a produzir o que hoje é conhecido como a lei de Hubble e fez a primeira estimativa do que é agora chamado a constante de Hubble , com publicação  em 1927, portanto, dois anos antes do artigo de Hubble(1929).

Esta explosão, conforme dados experimentais,  teve como conseqüência a formação de partículas sub atômicas, com velocidade extremamente alta e  trajetória aleatória,  e por não possuir massa, elas,  por si só, seriam incapazes de produzir algo. Eram no meu entender os gametas da futura formação do universo, precisando ainda de “alguma coisa” para se formar o embrião.

Eis que esta “alguma coisa” apareceu, entre as partículas iniciais despojadas de massa e imensa velocidade, apareceu uma, não se sabe  de onde, que se imiscuiu  entre as demais, com produção de campos de origem magnética,  que ao inibir a velocidade das outras, propiciou a criação de massa, por conseqüência a matéria que nos rodeia, por isto a denominação de Partícula de Deus (Bóson de Higgs).


 A meu ver este é o momento verdadeiro da criação, pessoalmente  chamo de instante  da fecundação que deu origem ao embrião do universo, este colosso, que vem  com o tempo alcançando  dimensões inimagináveis, cabendo aqui uma reflexão mais profunda de todos os segmentos envolvidos, sejam eles científicos ou religiosos.