quinta-feira, 19 de junho de 2014

O Dia D - 70 anos


O DIA D – 70 ANOS – A MAIOR FAÇANHA BÉLICA DE TODOS OS TEMPOS QUE SALVOU A HUMANIDADE.


Eu era criança, lembro-me ainda. Fez 70 anos. 6 de junho de 1944, o mais longo dos dias, segundo título de um filme, porquanto era, durante grande tempo, mantido em segredo pelas forças aliadas anglo-americanas, para dar início ao desembarque nas praias da Normandia e promover a invasão libertadora da França, começando, assim, a segunda frente tão reclamada pela extinta União Soviética, a fim de abreviar o  término da segunda guerra mundial.
Normandia, histórica região dos tempos medievais, palco de cruentas batalhas desde sua conquista pelos escandinavos – os chamados homens do norte (north-man), daí o nome “normando”, mais tarde dominada por ingleses. Em Rouen – sua capital – foi supliciada a heroína Joana D’Arc, graças à traição de um bispo impatriota (Pierre Cauchon)  e, na cidade de Lisieux, cumpriu seus ofícios religiosos Santa Teresinha do Menino Jesus, tão querida na França, Portugal e Brasil.


Enquanto paraquedistas saltavam de aeroplanos silenciosos por trás das linhas alemãs e aviões bombardeavam algumas estratégicas posições inimigas, aproximavam-se das praias milhares de navios, lanchas-anfíbias, embarcações repletas de suprimentos e tanques, sendo que centenas destes, já sobre as águas, prontos para combate, com lâminas caça-minas à frente e esteiras encastoadas em boias especiais, se alinhavam às barcaças de desembarque flutuando na crista de ondas de 4 metros no Mar da Mancha, numa façanha inédita jamais imaginada (terra, ar e mar).
No contingente das forças invasoras houve grande participação de voluntários  portugueses, inclusive 2 filhos do Consul Aristides de Souza Mendes, reconhecido com salvador de cerca de 30 mil pessoas das garras de Hitler, entre os quais 10.000 judeus.          
Quanto sangue derramado! Só na praia de Omaha pereceram mais de 9 mil homens. Era o começo do fim do império nazista com todo o seu séquito de crimes contra a humanidade, que Hitler, em sua loucura, julgava imbatível.
O Supremo Criador do Universo, que está acima de todo o bem e mal, a princípio, não interfere nas mazelas oriundas da inferioridade espiritual dos homens, mas, para evitar o pior, em face das atrocidades ultrapassantes aos limites toleráveis, permite que seus arautos façam prevalecer os ditames da Justiça Divina, daí por que a razão, ou seja, a justa causa se torna uma poderosa arma.
Foi o que aconteceu na França, sob ocupação de poderoso exército nazista, quando tudo deu certo, mesmo diante de todas as adversidades climáticas: vieram os vendavais, ondas gigantes e até mesmo a lua em fase de plenilúnio que não apareceu para clarear as praias, naquela madrugada nevoenta. Talvez tenha sido melhor assim, para maior surpresa dos alemães.
O general Eisenhower teve que superar enormes divergências, para se tornar comandante supremo da operação, no afã de unificar as ações em todos os setores de combate, assumindo, assim, a total responsabilidade dos riscos. Segundo Churchil,  ninguém nunca teve tanto poder, nem mesmo os guerreiros da antiguidade Alexandre e Júlio César.       
Se a invasão tivesse fracassado, a guerra ainda prolongaria e talvez com possibilidade de dar tempo para o engenho da bomba atômica ficar pronto, aí então a catástrofe teria sido incomensurável, porque os Estados Unidos, sob o governo de Truman, teriam explodido Berlim, Nuremberg e outras cidades alemãs, como fizeram, mesmo desnecessariamente, em Hiroshima e Nagasaki, no Japão. E o que teria sido pior: se Hitler houvesse construído a bomba primeiro, a destruição teria sido nas cidades de Moscou, Londres, Paris e Washington.
A humanidade deve muito a todos os combatentes e, em especial, a De Gaulle, Roosevelt, Churchill, Einsenhower e também à extinta União Soviética, com seu grande general Zhukov, o herói de Stalingrado, que exigiu a segunda frente para terminar a guerra, com a invasão da Alemanha, que aconteceu em maio de 1945.
Churchill, a raposa inglesa, mantinha-se com “um olho no peixe e o outro no gato”, só que o gato era um tigre, e assim vigiava de longe o desenrolar das coisas, para evitar que a fera Stalin viesse a dominar todo o país vencido, após estabelecer império em quase a totalidade da Europa oriental. Resultou, finalmente, na divisão da Alemanha, em duas, inclusive sua capital, que perdurou até o ano de 1990, quando foi derrubado o muro divisor de Berlim.
Saúdo este dia com os versos abaixo:
Ó praias da Normandia,
por toda a eternidade,
lembrarás aquele dia
que salvou a humanidade!

Ainda mostram as colinas
no carmim dos por-de-sóis
e ao raiar das matinas,       
o sangue de teus heróis.

E tudo espelha a vitória
bravamente conquistada
p’ra sempre ser relembrada
com imenso ardor e glória.


Vivaldo Jorge de Araújo

Este artigo foi publicado no jornal brasileiro Diário da Manhã de Goiânia - Goiás

no dia 06/06/2014, no caderno Opinião Pública pg. 4.

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