sábado, 18 de outubro de 2014

Carta de Moscovo

Tinha estado em Moscovo em 1985, início do curto mas muito relevante consulado de Gorbatchov.
29 anos depois, muita coisa mudou. A uma sociedade fechada sucedeu uma aberta. A Internet, o
acesso generalizado ao Wi-Fi em lugares públicos, designadamente no extenso Metro, marcam a
diferença, como certamente o fizeram em Nova Iorque ou Paris. O número de veículos
automóveis aumentou tanto, que as vias de comunicação da capital, do tempo de Stalin, apesar
de largas e bem planeadas, são insuficientes. A classe rica e muito rica exibe automóveis que só
encontram semelhante Nível nos Emirados Árabes Unidos. Uma coisa permanece imutável, e que
agrada sempre a qualquer viajante. A segurança quase total. As pessoas circulam até nos
transportes públicos com os seus dispendiosos dispositivos móveis á vista, sem qualquer receio.
Continua a existir ordem e autoridade. Agora em democracia. Uma falha (grave) tenho que
apontar, no que aos eventuais turistas diga respeito. Só se fala em russo, e só se escreve em
russo. Só episodicamente, em algum espaço cultural importante, se condescende com um folheto
ou apontamento escrito normalmente em Inglês. Em restaurantes para a classe média alta,
mesmo entre empregados jovens, não existe alternativa ao russo. Nas ruas, nos taxis, em todos
os restantes estabelecimentos comerciais populares (o centro comercial GUM, na Praça
Vermelha, é excepção, pois é para ricos), só se fala russo. Foi o primeiro país do mundo que
conheci, desde a Europa, às Américas do Norte e Sul, África, Ásia "não inglesa", em que só se
adopta a língua nativa. Será que as autoridades não estão interessadas em facilitar o turismo de
estrangeiros, só quererão os nacionais?


OBS. Foi publicada na edição de hoje do jornal "Público".

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