Da falta de civismo no trânsito

Da falta de civismo no trânsito 
(DN, 01 outubro 2014)

Um destes dias, ao fim da tarde, circulava de automóvel na zona ocidental do Porto, numa rua estreita de sentido único. Um automóvel estava parado no meio da rua, não permitindo a passagem, com a condutora ao volante.

Fiz sinais de luzes, nada. Buzinei e a senhora reagiu de braços no ar. Ligou a viatura e, aos arranques, estacionou, dado que havia um espaço mesmo ao lado para o fazer.

Quando vou passar, lentamente, a senhora abre o vidro oposto ao da condução e berra: "passa lá de uma vez!" Recuei e perguntei-lhe o que estava a acontecer. Repetiu aos berros a frase. Já não era nova, estava em frente a um infantário, possivelmente à espera de neto. Esperar o neto está muito bem, fazê-lo "estacionada" no meio da rua talvez já não esteja tão bem.

Disse-lhe que não a conhecia de lado algum, pelo que não tinha que me tratar por tu, não tinha que berrar e muito menos de estar estacionada no meio da rua, não permitindo a passagem, ainda para mais podendo fazê-lo corretamente - como estava a fazer.

Ficou a olhar para mim - talvez lhe parecesse ver um extraterrestre - sem dizer mais nada, muito vermelha. Arranquei.

Por certo, isto é a normalidade nestes tempos que correm e vai ficar pior. Mas talvez seja tempo de tentarmos manter algumas regras, para não ter que valer tudo, mas mesmo tudo. Já estivemos mais longe!!

por Augusto Küttner de Magalhães