sábado, 18 de outubro de 2014

O nome

Digam-se os nomes. O nome dela e o nome dele!
Diga-se Afonso Reis Cabral, o jovem de 24 anos que ganhou o Prémio Leya 2014 com o romance O Meu Irmão. A história é entre dois irmãos... um deles com síndrome de Down... Não se fiquem pela designação «trineto de Eça». Ele é Afonso, já um escritor por mérito. Sim, descendente do autor de Os Maias, mas que isso não lhe pese demais...
Digam, descubram, perguntem pelo nome da menina de 13 anos que amava os irmãos. Tanto, que deu a vida pelos quatro, não apenas um, mas 4 ( o mais novo que salvou tinha 3 anos)!! Subiu e desceu escadas para e do 2º andar para resgatar todos. Da última vez que desceste já te trouxeram no colo... 
(«A minha filha tem 12» - pensei). 
Tinhas, menina, um pesado fardo às costas, uma enorme responsabilidade: levavas os teus irmãos à escola e tratavas deles. Bem, muito bem. Salvaste-lhes a vida.
Onde estavam os teus pais," menina lindíssima"? Os teus pais não te mereciam (desculpa-me o desabafo).
Parabéns ao Afonso (para escrever também é preciso muita coragem). 
Parabéns menina!! Não sei o teu nome, não nos dizem, mas é uma heroína real! Gostava muito de te ter conhecido. Fica bem.


(Publicado no Expresso de 25-10-2014)

5 comentários:

  1. A vida das meninas pobres conta pouco para quem dirige a comunicação social, salvo se houver escândalo. Quando são heroínas, contam pouco, ou nada, para estes formadores da opinião pública. O normal é serem seres anónimos. Não chegámos a tanto desencanto, por acaso. Contudo, ainda há alguém que as respeite. Felicito-a.

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  2. É gente simples do povo como esta mal querida menina que aos 13 anos já era amparo dos seus irmãos mais pequenos, os quais, entregues à sua má sorte, tiveram a sorte de ter uma heroína que os salvou, pagando esta malograda petiza com a vida pelo valoroso exemplo de vida, dando a vida pelos seus, em contraste com o exacerbado egoísmo que paira na nossa sociedade.
    A pobre menina, depois de ter salvo os seus irmãos, voltou ao dantesco lar talvez para salvar a sua boneca de estimação ou algo que ela também amava para lá dos seus.
    E, por antítese comportamental, no 10 JUNHO condecoram-se safardanas que nos dão cabo da das nossas vidas.
    Sobre o Afonso, ele não passa de um Eça dos nossos tempos.

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