segunda-feira, 3 de novembro de 2014

a verdadeira condecoração de durão barroso

José Manuel Durão Barroso foi, naturalmente, condecorado pelo Presidente da República. E a condecoração não foi parca na forma e no conteúdo. Barroso foi agraciado com o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique, uma distinção reservadíssima para chefes de Estado estrangeiros e a pessoas com feitos de natureza extraordinária e especial relevância para Portugal. O discurso do agraciado e do agraciador foram paupérrimos e provincianos. Cavaco afirmou, negligentemente, que a homenagem era "justíssima", visto que estávamos perante o português que exerceu o cargo internacional mais elevado alguma vez exercido por um nacional. Adiantou ainda que "Portugal muito beneficiou pelo facto de termos à frente da União Europeia um português, conhecedor da realidade portuguesa, conhecedor do mundo, e com o prestígio de Durão Barroso". E acrescentou, desavergonhadamente, que ele próprio pôde "testemunhar quanto Portugal beneficiou da ação" de Durão Barroso à frente da Comissão (...) [e] "fê-lo com elevada competência, com sabedoria e dedicação ao projeto europeu, prestigiou Portugal e muito ajudou Portugal.
Já com a condecoração pendurada ao pescoço, o ex-presidente da Comissão Europeia agradeceu salientando que estava "sem palavras" e que a homenagem que Cavaco Silva lhe prestava é uma forma de reconhecimento do país. A comprovar que, afinal, a história não o esquecerá, disse, concludentemente, que a sua decisão de 2004 fora, afinal, a correta.
Durão Barroso é um aproveitador, como salientou Miguel Veiga em entrevista ao jornal Expresso. Não é o único, evidentemente. Infelizmente, este qualificativo tem servido como um fator identitário da nossa avilanada classe política. Como aproveitador que é - e dos melhores - aproveitou bem o que  a política lhe concedeu. Mas, para mal dos seus pecados, o seu feito mais notável, nas suas expetáveis linhas biográficas, ficará sempre aquele em que decidiu abandonar o cargo de primeiro-ministro do seu país para ser Presidente da Comissão Europeia.
Na verdade, Cavaco Silva, na sua enviesada leitura dos factos, até consegue expandir uma razoável verdade, visto que outros portugueses jamais alcançariam tão elevados cargos, pela simples razão que, nas mesmas circunstâncias, jamais os aceitariam.

1 comentário:

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