terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Obviamente, não voto!

Santana-Maia Leonardo - Nova Aliança
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Portugal já era, em 1974, um país bastante desequilibrado social e territorialmente. Mas a verdade é que o regime democrático, apesar de andar sempre com a coesão social e territorial na boca, tornou esse desequilíbrio absolutamente irreversível, tornando Lisboa numa verdadeira Cidade Estado. E agora é impossível reverter isso, até porque o peso dos votos está cada vez mais concentrado à volta do Terreiro do Paço. Aliás, o sonho e o destino de qualquer jovem que hoje nasça no Interior resume-se a ir viver e trabalhar para Lisboa. E os poucos que por aqui ficam são olhados com algum desdém como se tivessem algum defeito. O que é hoje um alentejano, um ribatejano, um beirão ou um transmontano? É um alfacinha cheio de orgulho nas suas raízes mas que não quer ir viver para lá, nem que os seus filhos para lá vão. 
PS e PSD são hoje duas faces da mesma moeda e com a mesma política de esvaziamento do interior em prol da região de Lisboa. E todas as reformas estruturais levadas a cabo pelos governos socialistas e pelo actual governo foram nesse sentido, assim como todas aquelas que por aí se falam e que aguardam pelo próximo Governo, seja ele PS, PSD-PS ou PSD-CDS.
E não me venham falar na regionalização… O que Interior precisa não é de aumentar os níveis de decisão, a burocracia e a corrupção. Disso já cá temos de sobra. O que o interior necessita é de um Governo que faça a Lisboa o que os Governos do PS e do PSD têm feito ao Interior. Ou seja, encerrar serviços da Administração Pública, Hospitais, Tribunais, Universidades, Quartéis, Ministérios, Secretarias de Estado, Direcções-Gerais, etc. em Lisboa e transferi-los para o interior. O que Portugal precisa, no fundo, é de um Governo que administre este pequeno território com oito milhões de habitantes como se administra uma cidade e não que administre Lisboa como se fosse o país.
O problema é que Lisboa está transformada num daqueles meninos ricos que, apesar de terem tudo, são incapazes de abrir mão de um simples brinquedo para o pobrezinho que nada tem. E PS e PSD são os paizinhos deste menino rico. Dão-lhe tudo, apesar de terem a perfeita consciência de que isso é prejudicial para o crescimento harmonioso de Lisboa e do país.
Não existe no espectro político português um único partido que defenda um modelo de desenvolvimento para o país assente em cidades médias, com um programa sério de combate à desertificação do interior e que passaria, necessariamente, por uma nova reorganização administrativa, com o fim do municipalismo e pela transferência de serviços de Lisboa para o Interior. E, como não existe esse partido, nem existem condições objectivas para existir, desde logo porque quem aqui vive ou é velho ou só pensa em fugir daqui, não tenho em quem votar, nem quem me represente.

7 comentários:

  1. Completamente de acordo... não temos em quem votar

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  2. Mas temos de começar por algum lado para que seja alterada tão calamitosa situação. Como! Não sei.

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  3. Quem beneficia com o alheamento de eleitores informados?

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  4. Este é o estado de alma actual de muitos dos portugueses. Quarenta anos a escorregar para o abismo faz-nos perder a esperança.

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