quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

em O LIVRO EM BRANCO - páginas 86 e 87

Poema dos Sofridos

Nesta vida tão terrena,
(Ainda não conheço outra)
Castrações mil se sofrem
Tantas humilhações se contêm.

Suo, por vezes, o que outros sentem,
Neste agrilhoar constante,
Não sabendo por que penamos,
Mas sabendo o que passamos.

Os humildes, sofridos, dizem:
Esta vida ser uma passagem
A caminho de outra melhor.

Todavia, já não sei
O estar neste estádio,
Pois, para mim, é um calvário.

Tenho sido eu

Tenho sido na vida tão
Marginal como amador,
Não no campo profissional, não,
E não no terreno do amor.

Mas, por isso, só espinhos
Tenho colhido das rosas,
Enquanto outros vizinhos
Vivem vidas tão mimosas.

Será que tenho apetites
Estranhos e não comuns?
Por isso evito convites
De uns tantos alguns.

Vivo, pois, em coexistência
Por vezes pouco pacífica,
Mas quero a minha existência
Vertical, livre e crítica.

nota - poemas coligidos até 1988

José Amaral

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