sexta-feira, 13 de março de 2015

Poemas insertos nas páginas 117 e 118 em O LIVRO EM BRANCO, compilado em 1989

Que futuro?

Sinto-me atormentado
pela instabilidade que noto
a nível da Humanidade.
Ando mesmo taciturno,
falando tanto comigo
em conversas com pranto.
São os tempos cambiando
em inconstância infernal
e desumana fétida fragrância.
Ao deixarmos o século XX
a caminho do XXI,
os valores ‘estabelecidos’
sofrerão tal erosão,
que buracos negros do espaço,
especial suplício espacial,
terão aqui – na Terra – o seu lugar,
para tormenta constante
de cada um.
Ou será que cavaleiros errantes,
da Apocalipse, nos salvarão
desta minha utópica
ou concreta premonição?

Horas mortas

Tantos as escreveram,
mas, comungando-os no essencial,
chamar-lhes-ei apenas de desoras.
São momentos que são mortos para uns tantos,
de lassidão natural para uns quantos,
em que não chilreiam aves
e a Natureza descansa
e o homem o mesmo faz.
Mas se ele é guerreiro imprudente
e desafia com ufano o que o pode destruir
com a mais ténue singeleza,
na naturalidade singular das coisas,
então, o ciclo natural da vida,
tal qual o conhecemos,
não se compadecerá com todos aqueles
que o desafiam, pois tudo nasce,
vive e morre nesta terrena vida,
em sintonia completa
com o seu ciclo natural.


José Amaral


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