quinta-feira, 9 de abril de 2015

Ajudar em tempo de crise

A inventividade e novas soluções em tempo de guerra, a improvisação como resposta a catástrofes ou acidentes foi uma realidade que os povos encontraram como forma de contrariar ou contornar os infortúnios da vida.
As teorias de gestão, principalmente as anteriores à segunda revolução industrial, foram alteradas ou mesmo eliminadas em consequência da observação da sua aplicação prática.
Corrigir um produto acabado é coisa do passado, o controlo de qualidade desviou o enfoque do fim do processo produtivo para a observação das ferramentas e métodos que o vão produzir. A razão é óbvia: custo! De facto é preferível investir numa produção com zero defeitos do que controlar e reparar o produto acabado.
Cada vez que um fabricante, quer seja de televisores ou automóveis, publica um anuncio para recolher produtos acabados cujos defeitos só foram detetados depois de colocados no mercado sofre um duplo prejuízo.
A ação corretiva que representa elevados custos diretos, e os custos de imagem que são muito maiores e duradouros.
Hoje é assim em todos os setores de atividade, quer ela seja produtiva ou comercial.
Da sequência dessas exigências emergiu um conceito:
Justamente em tempo (JIT), ou seja, com exceção de algum material armazenado apenas como precaução, o material a consumir chega justamente a tempo de ser utilizado. Assim poupa-se espaço de armazenamento, poupa-se em produzir e armazenar para utilizar mais tarde, poupa-se em complicadas logísticas para prever quando e quanto encomendar, resumindo, poupa-se dinheiro.
Essa gestão feita essencialmente para poupar, torna-se ainda mais importante quando se trata de bens perecíveis. Por isso hoje há menos sobras e isso reflete-se na quantidade recebida dos nossos dadores.
Essa ação de otimização de meios e material do lado dos nossos mecenas, tem um efeito significativamente negativo na nossa capacidade de captar dádivas.

A tendência não pode nem deve ser contrariada, há pois que ser mais inventivo e pôr maior enfase noutras oportunidades ainda não exaustivamente exploradas.
Já recolhemos o papel e cartão que possa ser valorizado, as cápsulas de café e os materiais elétricos e eletrónicos, mas temos de pensar no vidro, nos milhares de garrafas que são abandonadas nas nossas praias e outros locais de lazer. Na mesma ação podemos incluir os cilindros de alumínio dos refrigerantes, incluir as cabeleireiras dos nossos bairros como recetadoras dos cilindros de cosméticos e fixadores, o tema não se esgota aqui.
Mas há uma ideia que me surge sempre que penso na captação de recursos tangíveis:

O envolvimento das comunidades apoiadas, e há tanto que elas podiam fazer em favor de si próprios. Pensemos nisso.     

Rui Jacinto

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