terça-feira, 2 de junho de 2015

Senhora Dona Esperança

Portugal sempre teve ao longo da sua rica e intensa história, heróis que foram personificados como salvadores da Pátria ditosa e amada, bem como apelidados em alguns casos de Messias.
As sucessivas crises dinásticas , e as batalhas  nas quais os honrosos e valentes tugas, se envolviam, faziam crudescer o sentimento corajoso de um amanhã melhor, renascido nas asas de uma Fênix perdida lá para os lados do horizonte espaçado.
Séculos e séculos, passados, eis que Portugal atravessa novamente uma das suas piores fases da sua história, que clama novamente por um salvador.
Na falta de um D. Sebastião vindo do meio de um nevoeiro intenso, e que não deu como provadas as suas preces de vir em socorro do seu povo, eis que nos viramos para o lado mais feminino da coisa. Viramo nos para uma tal de Esperança ...perdão : Senhora Dona Esperança, que lá por esta Messias do século XXI nos vir fazer um especial favor de nos alumiar o caminho rumo á salvação desta selvajaria que por aqui grassa, não é caso para lhe faltar ao respeito.
Qual fábula dos Irmãos Grimm, esta Senhora  Dona Esperança, parece que veio para nos indicar um caminho, um trilho alternativo que deve ser aberto como tentativa de dar forma e conteúdo ás nossas rezas e mezinhas, que faça desaparecer este tempo tortuoso que por aqui ainda da os seus maus dias.
Mas por mais que acreditemos que esta Senhora Dona Esperança, nos vai trazer boas novas, temos de ser nós por enquanto a fazer nos á Road. Temos de ser nós, a traçar o nosso destino e não deixar que seja  um ou uma Messias qualquer a fazê-lo por nós.
A esperança , por mais aclamada que seja, não pode estar em todo o lado e ser em vão invocada por aqueles espíritos incautos e pobres que julgam que uma simples crença num desígnio espiritual vai fazer melhor o caminho de pedras que hoje passam .
Esta crise de valores, só irá amainar , se arregaçarmos as mangas e colocarmos as nossas ambições e os nossos sonhos , ao dispor do nosso saber . Nós é que ditamos o nosso futuro, através daquilo que querermos construir no presente .
Não podemos viver eternamente na sombra de uma realidade enfabulada, que depois vai nos gorar as expectativas que criamos sobre um determinado assunto ou objetivo.
Faz bem á alma e ao corpo, acreditar que é na esperança que reside muitas das nossas angústias mas não façamos da Senhora Dona Esperança, pau para toda a colher. Deixemos a senhora respirar um bocado e façamos nós um pouco aquilo que esperamos dela. Lutemos pelos nossos sonhos e não vivamos resignados á espera de um futuro que nunca mais chega. É bom acreditar na arte feminina da fábula mas não nos deixemos levar no canto hipnótico da sereia.

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