terça-feira, 28 de julho de 2015

Portugal em chamas

Há muitos anos, que os comandos dos bombeiros garantem que mais de 90% dos incêndios têm origem na intervenção humana.
Isto significa que ano após ano, o fogo posto e a negligência queima a floresta, destrói bens, mata pessoas.
Sabemos que é no verão que mais se excitam os incendiários, sempre tratados com indulgência pela justiça; são presos de manhã, soltos à tarde e voltam a pôr fogo à noite.
O que não sabemos ao certo é o que motiva mais os pirómanos, se é apenas a demência e a paranóia, ou se em muitos casos por detrás desta acção criminosa, também se escondem os interesses dos que compram a floresta ardida por tuta-e-meia. É que a madeira queimada ainda tem um aproveitamento de 70 a 80%, e a pasta de papel ultrapassa os 700 euros por tonelada.
Entretanto, isto somado ao minifúndio, à renovação dos prados para a pastorícia, à falta de prevenção e limpeza das matas, ao abandono da imensa mancha florestal do estado, à dificuldade de acesso dos bombeiros em terreno montanhoso, à severidade da estação e uma primavera sem chuva e com temperaturas acima da média, já arderam 30 mil hectares de mata e floresta.
É irrefutável, que o investimento na prevenção e combate aos fogos florestais tem diminuído e uma parte significativa dos fundos estruturais que nos últimos anos têm vindo da Comissão Europeia, são devolvidos a Bruxelas. Isto é o resultado de orientações políticas erradas, isto é o efeito desastroso das recessivas e imbecis políticas de austeridade, para além da troika.
O combate eficaz aos incêndios faz-se sobretudo na prevenção, com maior investimento público em meios e recursos humanos, com o envolvimento dos produtores florestais, associações de compartes de baldios, com os bombeiros, com os municípios, com legislação adequada a este tipo de crimes e com os tribunais a julgar e a punir em conformidade estes atentados terroristas à natureza, à economia do país, ao meio ambiente e às pessoas e bens.
Incendiar a floresta é hediondo crime. É incompreensível que os criminosos sejam tratados com a brandura dos nossos costumes e esta trágica realidade é consequência da visão centralista e urbana de quem faz e de quem aplica a lei e tem a ver com a distância, cada vez maior, entre o campo e a cidade.
Ao contrário do governo que reduziu as verbas no combate aos fogos e ignora os bombeiros, fica aqui o reconhecimento aos soldados da paz, sempre disponíveis para arriscar a vida, para salvar vidas.

Carlos Pernes 

2 comentários:

  1. Assino por baixo. E quanto à impunidade dos incendiários, não tenho problemas em afirmar que a culpa não é apenas dos 3 partidos do chamada arco da governação...Devia haver, pelo menos, mais pressão nesse sentido.

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  2. Que haja 'mais pressão nesse sentido', antes que eu entre em depressão.

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