quarta-feira, 23 de setembro de 2015

A desmotivação dos professores

O meu filho, que frequenta o 4º ano, ainda não tem professor (a 23 de setembro). A pessoa que havia sido colocada para leccionar acabou por não aceitar o cargo: está cansado e vai deixar a carreira docente.
Percebe-se porquê: a instabilidade é grande, a cada ano que passa a escola onde trabalham é diferente; são obrigados a percorrer centenas de quilómetros; quando começam as aulas já estão exaustos. Depois, é o receio de não serem colocados no ano seguinte. É uma instabilidade que não lhes permite «assentar», criar família, educar os seus, vê-los crescer (e até vê-los sequer a cada dia- chegam tarde, os filhos já dormem). 
Pode estar-se motivado para dar aulas? É possível encontrar energia para motivar os alunos? 
A profissão de professor não é respeitada pelos governantes, em primeiro lugar. Eles não compreendem o que é ser-se professor. 
Ser professor nunca foi tão difícil por todos os motivos. 
E se não temos professores motivados, é natural que o insucesso venha por aí, e o abandono escolar também.
Em campanha eleitoral, que se fale da Educação e o que fazer com uma Escola Pública que está de má saúde mental.  Há professores no ensino público que continuam a lecionar com processos disciplinares e queixas dos encarregados de educação. Os diretores dos agrupamentos são forçados a colocá-los onde os pais não conhecem esses professores...Problemas internos a uma escola pública doente.
É urgente tratar estes professores, dando-lhes mais condições, dignas. Dando-lhes , por exemplo, um local de trabalho perto de casa, perto da família, perto dos filhos!
Professores saudáveis e motivados, logo alunos motivados e sucesso escolar.


1 comentário:

  1. O problema da educação em Portugal é uma consequência da incompetência generalizada na governação do país. Fui professor durante décadas, passando por todas as situações e exercendo os mais diversos cargos, desde professor contratado a presidente do Conselho Directivo, o que me deu um conhecimento das estruturas do ensino. Sem que de repente nos apercebêssemos, tudo foi piorando, desde os programas até à colocação dos professores. Em todos os sectores estruturantes da sociedade há imensas reclamações, e cada grupo, agora desperto, exige melhores condições para si, não tendo em conta que isto é um problema de um todo. A dívida externa do Estado, as dívidas das empresas públicas e das privadas, a descapitalização dos bancos, em cujos falsos activos são considerados créditos incobráveis, tudo junto, levam-nos a uma situação de bancarrota, que os governantes pretendem esconder. Como isto anda tudo ligado, só um novo caminho poderá levar o país a um porto com alguma segurança. Enquanto não se encontrar um novo rumo, muitas crianças não terão escola a tempo e horas, nem todos os doentes serão atendidos no tempo devido. É a realidade, nua e crua, que custa a dizer e que nos dói. Um abraço lusitano a todos os que lutam pela dignificação de Portugal.

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