sábado, 31 de outubro de 2015

JÁ VÃO TARDE!

                                    MAIS UM TRISTE EXEMPLO

 Mais uma notícia que atesta a excelência da governação direitista que nos tem atormentado surgiu agora, envolvendo famílias a braços com recém-nascidos.
Está instituído há muito um apoio que foi criado para incentivar a natalidade, problema grave no nosso país, como é sabido. Mas o ministério chefiado por aquela figura do CDS que fala aos sopetões, não lembro o nome -  mas é o sujeito que, na tomada de posse de há anos, apareceu de “motinha”, para armar aos cágados -  geringonça que julgo ter inspirado até uma canção a António Zambujo…Essa gente justifica a demora no pagamento daqueles abonos com a falta de pessoal!...
Diz a notícia que o ministério em causa “perdeu” muitos milhares de funcionários. Mas perdeu ou foram empurrados porta fora; e como é possível que tenham o desplante de usar tais argumentos?
Afirmou uma das jóvens mães, com o marido desempregado, que, tendo questionado os serviços para a urgente necessidade de receber aquele apoio, lhe foi respondido que pedisse ajuda à família; tendo respondido que a família também não podia, “aconselharam-na” a ir à sopa dos pobres…
Desgraçadamente, o que não faltam são tristes exemplos destes, que atestam bem as malfeitorias desta gente da Direita, sempre que lhes é permitido acesso às rédeas do mando. Fora com eles, já!

                                                 Amândio G. Martins


CHAGAS DE LISBOA

Precisei de ir hoje ali para a zona dos Anjos, e depois como não tinha muito que fazer, lembrei-me de ir dar uma vista de olhos por uma das chagas de Lisboa que os sucessivos Executivos camarários ( o ultimo foi o de António Costa) prometeram curar: o Intendente. E que vi eu! Vi meia dúzia, se tanto, de prédios mais ou menos recuperados, o geral é degradação, decadência, tristeza. E o antro não se finou! Está mais reduzido, mas mais sórdido: velhas prostitutas ,quais almas penadas, ainda por lá deambulam, ou permanecem encostadas à porta de esconsos bares que restam,com esgares que não chegam a ser sorrisos , para os escassos potenciais clientes. E lojas de chineses, indianos, malaios, paquistaneses. Depois, o Martim Moniz cheio de furgonetas de ciganos abastecendo-se nos armazéns do Centro Comercial Mouraria e diversos polícias à coca, à caça da multa por estacionamento indevido. Até que cheguei à Praça da Figueira e à Rua Augusta, pejadas de magotes de jovens ciganos descontraída e impunemente vendendo droga marada. Tudo, dando um ar terceiro-mundista à nossa velha capital. Chagas de Lisboa! Conseguiremos algum dia curá-las?
Francisco Ramalho

Corroios, 30 de Outubro de 2015

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

O Lenine tuga

De acordo com as notícias, estaremos nas vésperas da celebração de um acordo histórico entre PS, BE e PCP que viabilizará, no Parlamento, um Governo liderado por António Costa. O que há pouco tempo atrás parecia uma impossibilidade, pela História e pela diferença abismal entre os projectos de sociedade dos três partidos, está cada vez mais próximo de acontecer.
Como é natural em qualquer processo de negociação de uma plataforma comum, têm certamente as partes valorizado e enfatizado o que os une e dado menos atenção aos remoques do passado e ao que os divide.
Relativamente aos que, do exterior, acusam o provável acordo de ilegitimidade política, têm os partidos de esquerda argumentado, e bem, a meu ver, colocando a questão no cumprimento estrito da Constituição da República e do respeito pelos legítimos representantes do povo no Parlamento, no âmbito da nossa democracia representativa.
Neste contexto de grande bonança à esquerda, fiquei estupefacto ao ouvir Arménio Carlos, líder da central sindical controlada pelo PCP, [dizer que vai] convocar uma manifestação frente à Assembleia da República para o dia em que se prevê a rejeição do programa do Governo PSD/CDS. Não existindo nenhuma magna questão em cima da mesa, e estando nessa altura o acordo já assinado, para quê a berraria e a confusão à porta do Parlamento?
Mas depois percebi! Comemora-se (?) nesse dia o 98.º aniversário do assalto ao Palácio de Inverno pelos revolucionários russos comandados por Lenine! Não conhecerá Arménio Carlos o velho ditado que diz: “em casa de enforcado, não se fala em cordas”? É que, na sequência da vitória bolchevique, instalou-se a mais longa, sangrenta e tenebrosa ditadura europeia do século passado.
Não havia nexexidade…


Hélder Pancadas

A Banca deve voltar a ser o que era: completamente honesta

Texto publicado no DIÁRIO DE NOTÍCIAS, em 2/11/2015

A Banca, na sua quase generalidade, e alguns bancos, em particular, têm desgraçado muita gente que tal não merecia, e nem sequer pensava que tal viesse a acontecer.
Em vez de guardarem como lhes competia os bens monetários dos seus depositantes, muito ou quase tudo lhes malbarataram, deixando-os em ‘maus lençóis’, ou até na miséria, bem como o vulgar cidadão, contribuinte à força, fosse chamado a pagar tais criminosos desfalques, forçados a tal por governos de feição a tais bandidos.
E muitos banqueiros têm-se portado como verdadeiros falsários, acolitados por gente poderosa e corrupta.
Assim, a título de exemplo: alguém terá pensado, há meia dúzia de anos que, ao tomar uma vulgar chávena de café no valor de 60 cêntimos do euro, pagaria tanto como o valor de 150 acções de um banco da nossa praça, cotadas a 2/5 de um cêntimo por acção?
Portanto, nem um ‘cego’ acredita nessas banquetas, autênticos sorvedouros dos dinheiros alheios.
Que o Banco de Portugal tenha gente atenta e credível, que não se deixe enganar com tanta criminosa engenharia financeira, que só tem criado o descrédito entre depositantes, clientes, bem como no público em geral, uma vez que tais instituições financeiras, em vez de guardarem as nossas economias e rentabilizá-las, se têm comportado como a vulgar frase popular de se ‘entregar o ouro ao bandido’.
Por hoje, tenho dito.


José Amaral

Cheira mal

O senhor José Sócrates cheira mal. Vamos esquecer, por agora, o enquadramento jurídico estrito, dado que ainda não foi julgado e, até lá, beneficia da presunção da inocência.
No entanto, para um ex-político, e supostamente até de esquerda, é obsceno o nível de vida por ele praticado, ainda por cima às custas de um amigo que, se empresta dinheiro assim, deveria a família solicitar a sua inabilitação imediata.
Foi o senhor testar os seus dotes oratórios e galvanizadores de audiência a Vila Velha do Ródão, fazendo-se prazenteiramente acompanhar pelo diretor de um dos principais jornais nacionais, concretamente Afonso Camões, do JN, e queixou-se da existência de um “poder oculto”, envolvendo alguns jornalistas. Certamente Afonso Camões, o tal que, quando ainda estava na Lusa, teve o cuidado de o avisar de que estava a ser investigado, não faz parte desse grupo.
A sua defesa conseguiu rapidamente proibir o Grupo Cofina de publicar notícias (explosivas) recorrendo a elementos do processo. Formalmente, está certo, mas há aqui um detalhe a evidenciar. De acordo com o discurso anterior do “não há nada”, seria mais previsível uma acusação de difamação.
Tudo isto cheira tão mal, que nem dá vontade de chegar perto. Não tenho nenhuma simpatia pelo Correio da Manhã, mas o país tem o direito de conhecer os detalhes do modo de vida de um seu ex-primeiro-ministro, sobretudo quando eles parecem tão desproporcionados face aos rendimentos previsíveis.
Seria bom, e muito higiénico, que todos os socialistas sérios tivessem a dignidade de fugir à abordagem clubística desta vergonha e privilegiassem a primazia dos princípios.


Carlos J. F. Sampaio

É curto...mas é o que há.

Neste momento em que escrevo este artigo,  aquele que promete ser o governo mais curto da nossa história democrática, está a tomar posse. É uma tomada amarga mas que foi cavada pela própria coligação ao querer de repente, face aos fracos resultados eleitorais, retomar o diálogo que em quatro anos nunca quis ter com as forças da oposição. Seguros num muro barrado por eles, a coligação sempre se manteve distante dos princípios democráticos da conversação , afastando qualquer hipótese, mínima que fosse, de um principio de acordo com o principal partido da oposição.
Agora, no tempo atual, quando vê o tapete governativo a fugir-lhe dos pés, vem qual menino que acabou de cometer uma asneira e mesmo sem razão lança birras em todas as direcções, modificar o seu discurso só para ter acesso ao "recreio".
A democracia não funciona á lá palisse: tem regras e as regras são para respeitar. Após ter indigitado um  governo que se supõe, ter os dias contados, o Presidente da República, desvirtuou as mais elementares regras democráticas pois perante uma iminente formação consolidada de esquerda , e que aparentemente apresentou uma solução governativa de caráter estável e duradouro, preferiu ainda assim arriscar em dar posse a um primeiro ministro que sabe que terá em mãos uma tarefa dificl de concretização .
É certo que perante os resultados eleitorais, o mais natural foi o que veio a acontecer mas por vezes, convém ir para o lado contrário á da tão famigerada "tradição" ; e este item, é válido para todos os partidos . Independentemente da situação.
O que parece de repente interessar, é arranjar um governo, nem que seja á pressão : vamos ter um . Mais curto mas olha : é o que há . Até á previsível queda , este governo de coligação da direita vai andar por águas de bacalhau ; o mesmo é dizer, vai andar por aqui a fazer de conta que governa. A irresponsabilidade democrática do Presidente da República vai ser a principal causa da instabilidade gerada e esse ônus já ninguém lho tira. Cavaco Silva , sairá de cena deixando atrás de si, um rasto de políticas desastrosas e conflituantes, que fizeram regredir Portugal muitas décadas. Ou alguém já se esqueceu dos tempos do cavaquismo? O governo tomou posse mas escusava-se de dar ao trabalho: o seu reinado será o mais curto da história para bem dos nossos afamados pecados .

O Tribunal (In)Constitucional

TERRA-DE-NINGUEM_-_Capa_large.jpg
Para uma lei ou uma instituição serem respeitadas é necessário serem respeitáveis. Ora, a nossa Constituição para ser respeitável teria de ser constituída por um conjunto de normas simples, consensuais e facilmente inteligíveis pelo cidadão comum e que reflectisse aquilo que devem ser os princípios fundamentais e irrevogáveis de qualquer Constituição democrática: liberdades e garantias individuais, igualdade do cidadão perante a lei e separação de poderes.
Acontece que a nossa Constituição é uma autêntica sopa da pedra concebida pelos lunáticos da Constituinte e atulhada de normas ridículas, umas impossíveis de se aplicar, outras que nunca se aplicam, outras que só se aplicam às vezes e outras que se aplicam à vontade do freguês. E tudo escrito naquele estilo propagandístico, enfadonho e programático das cantigas de intervenção da época e que hoje só tem paralelo, quer pelo tamanho (294 artigos), quer pelo teor, nos discursos de Fidel Castro. Além disso, por estranho que pareça, o que é típico dos regimes socialistas, é uma Constituição ao serviço dos poderosos e dos donos do regime porque só eles têm o dinheiro (as custas são proibitivas) e os meios (é preciso conhecer o mapa das minas, porque se trata de um terreno altamente minado) para aceder, com sucesso, ao Tribunal Constitucional.
Por sua vez, o Tribunal Constitucional para ser respeitável devia ser composto ou por juízes eleitos por sufrágio universal ou por juízes escolhidos pelo Presidente da República e pela Assembleia da República de entre cidadãos com um currículo, um passado e uma folha de serviços a condizer com a dignidade e importância do cargo, que reflectissem o equilíbrio social (nem só juristas, nem só funcionários públicos) e que pudessem ser escrutinados publicamente, designadamente, pela Assembleia da República, antes de serem empossados.
Acontece que os juízes do Tribunal Constitucional são nomeados pelos partidos com base nos critérios partidários que toda a gente sabe quais são e raramente alguém os conhece, a não ser os seus familiares e o dirigente do partido que os convidou.
Ora, exigir ao cidadão comum que respeite uma Constituição como a nossa e um tribunal constituído desta forma é pedir de mais. Até porque, como toda a gente já percebeu, a declaração de constitucionalidade de qualquer norma depende muito mais da subjectividade dos juízes do que das normas da Constituição que apenas servem de pretexto para validar as opiniões pessoais e políticas dos juízes por mais absurdas que sejam. Basta ver que até os maiores constitucionalistas são apanhados de surpresa com as decisões do Tribunal Constitucional?!... E quando nem os estudiosos da Constituição a percebem ou entendem…
Junho de 2014

A CAPOEIRA



Uma capoeira de galarós, quando um mais espigado apruma a crista, logo a população galinácea, espavorida e temente, pede desculpas, arreia, numa subserviência lambe-espigões, fidelíssimos não sabem eles a quem, ao como, a porquê.

Curva-se porque se assusta com o levantar do pio.

Pardieiro dos pequenos e grandes oportunismos. Se pequenos, é o desenrasca, o encosta, passar à parceira do lado o ovo para que choque, o seu e o dela. Se grandes, é a esperteza armada em inteligência superior, o empreendedorismo da melhor história de enganar, sacar todos os proveitos e deixar o próximo depenado.

Cantam de galo os sucedidos, no alto do poleiro, não parando de cantar para se fazerem ouvir. A maioria, manca de entendimento debica mecanicamente as migalhas do chão. Não faz mais do que isso, debica o pouco de nada que resta para debicar.

Ambiente tenso e difícil, quase irrespirável.

Assim vivem as galinhas, sem saberem, que vão acabar invariavelmente na panela. Os galarós terão esse destino, serão comidos por quem lhes dá de comer, esses sim, os verdadeiros poderosos.

Enquanto esse desfecho não acontece, julgam-se autónomos e senhores de si, fanfarrões e narcisos.

A população residente, por serem galinhas têm o seu discernimento próprio, que é nenhum, o que explica não viverem em harmonia e organização.


É uma espécie estranha esta das galinhas, parece que não evolui, ficou perra desde o acto da Criação!

REVENGE

                                      NÃO DORMEM EM SERVIÇO!
A Direita política e o capital, num jogo sujo conjugado, que sempre foi o seu “modus operandi”, nunca perdoa a quem põe em causa as sua tramoias e pretensa sabedoria. E como a esterqueira moral e cívica é o seu ambiente natural, precisam de fabricar muita porcaria envolvendo seus opositores, para melhor se disfarçarem!
Yanis Varoufakis, ex-ministro grego das Finanças, foi “vencido” por eles numa situação em que a razão da força de sobrepôs à força da razão, mas como “não há machado que corte a raíz ao pensamento”, o professor de economia grego deixou uma aura de antenticidade que leva a que seja convidado para conferências um pouco por todo o lado.
Mas como isso se vem revelando uma espinha cravada na goela dos seus inimigos, estes trepam pelas paredes sempre que Voroufakis tem oportunidade de pôr a nu a podridão capitalista que o “derrubou”, e como são falsos os argumentos da indispensabilidade dos seus métodos extorcionistas.
Daí que tenham logo engendrado uma campanha caluniosa contra ele, agora virada para a “ganância capitalista” das suas exigências, sempre que o convidam para palestras e conferências…
Que cobra valores exorbitantes, e faz exigências de vedeta cinamatográfica, para aceitar os convites – dizem eles – ao que o homem contrapõe os valores reais que tem auferido, em nada condizentes com aquelas acusações!
Como Varoufakis até já esteve numa universidade portuguesa, não deve ser difícil podermos aferir da veracidade do que dizem uns e outro.

                                           Amândio G. Martins


quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Será?

Texto a ser publicado no DESTAK, na sua edição de 3/11/2015

Estamos em período reflexivo. São as ‘Endoenças’  do período pós político-eleitoral.
E, o ‘mestre’ de todos os mestres disse solenemente que não retirava nada do que anticonstitucionalmente afirmou, pois não vá o ‘diabo tecê-las’.
E neste seu balbuciar de bilros e biltres, o carcomido cavaco, antes de ‘dar de frosques’, quer deixar ‘obra feita’, na linha dura que herdou da tangida vida pidesca.
E o povo, cada vez mais ‘analfabruto’, ouve continuadamente os mesmos de sempre, carpindo-lhe que, a mesma alternativa, é sempre a melhor de todas. Será?


José Amaral

Prefácio

Rexistir.jpg
“Ser homem é ser livre.Tornarmo-nos verdadeiros homens, esse é o sentido da História.” 
Jaspers 
Pulsa na esquerda
O eterno fanatismo
Feia
Gorda, velha e lerda
Enovelada na teia
Do seu próprio catecismo

Esquerda e direita
São irmãs da mesma seita
Gerada e criada
No goulag e no gueto
Onde a vida era pintada
A branco e preto    

Mas hoje em dia
Senhores
De que serve a teoria
Se o mundo é a cores?    

Ponte de Sor, 9 de Março de 2001

Ocupações honestas de 1975


Para que não venha alguém acusar que há gente que só "tira do contexto" transcrevo na integra esta noticia da net. E eu que pensava,  por aquilo que leio por aqui, que quem mandava naquela época, e que agora se prepara para voltar a mandar, é tudo gente honesta. . . .


 

O processo envolvia expropriações de prédios rurais feitas em 1975 à Companhia Agrícola da Apariça. Em 2012, a companhia já havia recebido compensações mas como não ficou satisfeita com o valor, decidiu recorrer para o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem.

Em causa alegava que os tribunais portugueses se mostraram demasiado morosos a resolver a situação e que as indemnizações pagas não representavam uma compensação justa pela perda de danos sofridos ao seu direito de propriedade.


Jorge Morais


 




 

 

"O Homem Liquidado"

Sem necessidade de citar John Rawles e Espinosa, mas trazê-los no livro de bolso e convocá-los na hora para iluminar as mentes presentes e animadas, e saber-se de antemão que se é ouvido atentamente por uma plateia preenchida de proximidade e cadeiras ocupadas por amizade confortável, Sócrates em Vila Velha de Ródão falou e disse à “cidade nova que roda”, sem parar, dos abusos sobre ele cometidos por quem deve ser o primeiro a respeitar e o último a ofender. As palmas em suspensão breve estavam destinadas também a estalar e a serem ouvidas durante toda a sua intervenção, que ganhou estilo e forma de Lição académica, em que abordou a Justiça sobretudo, a política conexa, o abuso, a humilhação, a falta de solidariedade, e os poderes ocultos. Tudo questões relevantes que a filosofia descompõe, de que o Homem se serve e a trata sem pudor. Então o que é que disse Sócrates na “Vila Velha”  que não seja tão verdade quanto questionável na “cidade nova”? De tudo se queixou o pensador de Paris e ex-inquilino do 44 de Évora e livre à condição, mas com nada surpreendeu. A amargura comandou o tempo abordado, mas temos que confessar que em pelo menos num ponto somos cativados a concordar com “o homem liquidado”. Não o de Papini, mas o de Carlos Alexandre e de Rosário Teixeira, apesar de ele prometer regressar imaculado com todos os seus direitos políticos e exercê-los com garantia, e esse ponto de concordância é o que diz do comportamento da imprensa e do jornalismo que se faz na comunicação social diversa nas redacções sobre o país. Coisa séria que os leitores e espectadores esclarecidos e críticos atentos já o sabem há muito. Nos jornais, a maioria dos que neles intervêm afinam pelo conservadorismo político e partidário, não permitindo vozes escritas que não se inscrevam no Amen oficial e no tom editorial e são por isso banidos ou sujeitos à tesoura azul após o lápis censurador. Nos canais de Tv pululam um enxame de comentadores e pivôs que entre o frete e o esforço, tentam reeducar à Direita o povo que os escuta e os vê como sábios orientadores de práticas e de vontades, e sem que os meçam como servidores de interesses ocultos sob o peso do emblema disfarçado. Sócrates não precisou de citar Hobbes embora dele se tenha servido, para ter razão, e só por isso mereceu ser aplaudido. De pé, mas não só por isso!

DESCULPAS...

                                      QUEM NÃO OS CONHECER…

Aquele Tony inglês, que fez parte do grupo de “mordomos” europeus associado às tropelias do George W. , pediu há dias desculpa ao mundo por ter caído na esparrela de acreditar nos serviços secretos americanos…
Menos mal, embora isso, agora, nada resolva. Mas fez questão de sublinhar, o que estraga tudo, que não está arrependido de terem decapitado o Iraque da sua liderança, principal causa das desgraças que daí sobrevieram para toda aquela zona do Globo.
Claro que, dos dois lacaios ibéricos, Zé Maria “asnático” e Zé Manel “burroso”, não iremos assistir a um gesto daquela “grandeza”…
Restará a esperança, embora ténue, de que um dia o mundo acorde para estas “façanhas” e seja capaz de forçar a ida a tribunal dos criminosos dessa guerra, de forma a dissuadir futuros aventureiros de fazer o que bem lhes apetece, sem medir as consequências.
É que, num mundo onde a decência não seja mera figura de retórica, os responsáveis primeiros das tragédias humanas não podem continuar a ser cumulados de honrarias, assentes no sangue de milhões de seres, crianças, mulheres, homens e animais, e a fazer terra queimada das maravilhas que o Criador e os antepassados deixaram como legado!


                                          Amândio G. Martins

DIA 29 DE OUTUBRO - DIA NACIONAL DA TERCEIRA IDADE

Resultado de imagem para DIA NACIONAL DA TERCEIRA IDADE



A existência, em Portugal, de um dia dedicado à Terceira Idade, tem como fim chamar a atenção para a situação financeira social e afectiva em que vive a maior parte dos cidadãos desta faixa etária. Embora uma pequena parcela da população idosa aufira rendimentos suficientes para levar, uma existência minimamente aceitável a maioria passa bastantes dificuldades, competindo aos filhos suprir as necessidades económicas dos pais idosos e, sobretudo, distribuir-lhes carinho idêntico àquele que deles receberam enquanto foram jovens. As crianças, por sua vez, deverão respeitar e valorizar o papel dos avós na vida familiar. Socialmente, nada há mais triste que abandonar idosos em lares, não permitindo a cooperação e a partilha de saberes entre as diferentes gerações. Conta-se que há muitos anos, numa terra longínqua sempre que alguém atingia uma idade avançada, o seu filho entregava-lhe um cobertor e abandonava-o num monte, onde ficava a aguardar a morte. Certo dia, um idoso, ao chegar a sua vez de ser deixado no referido monte devolveu o cobertor ao filho, dizendo-lhe “fica com ele, assim já terás dois cobertores para te aqueceres quando também chegar a tua vez de para aqui vires”. Só então o filho se apercebeu de quão terrível era aquele costume e trouxe o pai de volta ao seio familiar.

P.S. - Tal como alguns filhos, abandonam os pais, igualmente todos os nossos Governos têm vindo a
abandonar os nossos idosos...esta é uma realidade nua e crua.

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Portugal e os Descobrimentos (III)



Compatriotas,

Em Janeiro de 1988, por iniciativa de O Comércio do Porto, levou este jornal diário a efeito um certame intitulado ‘Portugal e os Descobrimentos’, em que os leitores poderiam dar o seu contributo, através da rúbrica ‘Rota dos Leitores’.
Contribuindo com muitos trabalhos, quero convosco compartilhar uma pequena parte dos mesmos e que foram publicados pelo citado jornal nortenho.
Assim, transcrevo-vos parte do que de meu nele foi publicado em 1/3/1988:

Roteiro da Ímpar Odisseia

Começando pelas Canárias
A Ceuta fomos à conquista,
Este foi só o começo
Da obra que já se avista.

Aportámos em Porto Santo
P’ra povoar a Madeira,
Mas não ficou só aqui
A nossa grande canseira.

Reconhecemos a costa africana
Desde o Norte ao Cabo Não,
Até transpor o Bojador
Limite do mundo d’então.

Vamos à Angra dos Ruivos
Indo à Pedra Galé,
Navegando ao Cabo Branco
Com rija gente – não ralé.

Nuno Tristão Arguim avista
E Garças, na Mauritânia,
Descobre o Senegal rio
Para a nossa Lusitânia.

Desenvolvem-se tratos comerciais
Em viagens d’exploração,
Deixam-se para depois
Rotas novas d’emoção.

Cadamosto de Veneza vem
Indo aos rios da Guiné,
Onde Diogo Gomes explorações faz
Arrostando-as com elevada fé.

Morre o Infante Navegador
O Ínclito abençoado
E Pedro de Sintra chega
Ao Cabo Mensurado.

Santiago, Fogo e Maio,
Boavista e o Sal
Foram descobertas primeiro
Seguindo-se descoberta igual.

São Nicolau e Santa Luzia,
Santo Antão e São Vicente
Completaram co’a Brava
O grupo do ocidente.

Soeiro da Costa atinge
O Cabo das Três Pontas,
Mas o João de Santarém
Vai fazendo contas.

E com Pero Escobar
Descobrem Ano Bom,
São Tomé e Príncipe a bisar
Em desempenho tão bom.

D’Europa foram estes os primeiros
O Equador dobrar,
Mas tal feito originou
Sacrifícios sem par.

Camarões e Ilha Formosa
De Fernão Pó foram,
Mas a odisseia não parou
A outras terras rumaram.

Lopo Gonçalves e Rui Sequeira
Vão de seu cabo ao Gabão,
Atingem Santa Catarina
Mesmo ali ao pé da mão.

João Vaz Corte-Real
Viaja ao Atlântico Norte,
Em terras da Gronelândia
P’ra nosso bem, nossa sorte.

Alcáçovas foi o tratado
Que nos reservou o direito
De marear mais além
E nos deu grande proveito.

Diogo de Azambuja constrói
A fortaleza que foi
S. Jorge da Mina o nome
“Elmina Bay” dizer-se ‘sói’

Eis que Diogo Cão
Do Cabo Catarina além vai,
À Baía do Molembo chega
E depois de lá sai.

Descobre o rio Congo
E d’Angola a sua costa,
Até ao Cabo do Lobo
A sua almejada aposta.

Segue-se o Cabo Padrão
A ponta dos Farilhões,
Sobre o Zaire até Ielala,
Novas terras, sonhos e visões.

Agora é Bartolomeu Dias
Das Tormentas Esperança fez,
Unindo o Atlântico ao Índico
Feito ímpar desta vez.

Pero da Covilhã visita
Sofala, Cananor e Goa,
Passando por Calcutá
Logo na Etiópia está.

Colombo vai às Antilhas,
Tordesilhas é tratado,
D. João II deixa este mundo
Mais amplo, mais dilatado.

Às terras da Gronelândia
Não vai um navegador,
Vão o Pedro Barcelos e
O João Fernandes Lavrador.

Vasco da Gama chega
À longínqua terra Natal,
Em viagem tão longa
Mas não menos triunfal.

Segunda expedição à Índia
Com Pedro Álvares Cabral,
Lá não chega, ao Brasil vai
P’ra gloria deste nosso Portugal.

Muitas expedições se fizeram
À estranha Índia apetecida,
Mais d’uma dezena foram
E muita gente referida.

Fernão de Magalhães
Também aqui faltava,
Passeou pelo Pacífico
Onde o vento escasseava.

Desde o rio São Lourenço
P’la Nova Escócia passando,
Fomos até à Califórnia
Sem o périplo terminando.

Chegámos além do Japão,
Novas Hébridas, Tabiti,
Austrália, Nova Guiné,
Tudo tão longe daqui.

Que gente foi esta – ó Júpiter,
Qu’enfrentou o Neptuno?
Obra fizeram com cascas de noz,
Fomos todos, todos nós.



Onde está esta gente?

Mas que gente é esta que partiu
“Por mares nunca dantes navegados”,
O Cabo Bojador surgindo viu,
Outros lugares nunca dantes avistados.

Venceu lendas, mitos e medos,
Superstições, doenças e querelas,
Ultrapassou escolhos e penedos,
Sofreu, vencendo procelas.

Seguiram-se terras ignotas,
Feitos tais, quase imortais,
Para espanto dos demais.

Hoje parecemos janotas
Comemorando feitos de mortais,
Que nunca tal farão jamais.

José Amaral







Brevíssima abordagem


Em ‘As Flores de Lótus’, romance de cerca de 700 páginas, da autoria de José Rodrigues dos Santos, fico surpreso (e não) com o diálogo entre o senhor general (Gomes da Costa) e o senhor doutor (António Oliveira Salazar), do qual dou a conhecer um pequeno excerto: "O problema do país, senhor general, são os partidos", exclamou Salazar. "Ao contrário do que apregoam aos quatro ventos, os partidos não existem para servir o povo, mas sim para servir as suas clientelas. Fingindo servir a população, os partidos servem-se a si mesmos e apenas deixam ao país umas migalhas do banquete que engorda as suas gentes. Essa é a raiz do problema".
Nas quatro estórias, vertidas neste mais recente romance de JRS – o seu 14º -, quero NÃO acreditar no que Salazar pensava, acerca dos partidos. Todavia, no actual momento político que Portugal atravessa, está, pois, à prova a alteração radical de tal salazarento pensamento.
Que ‘O Pavilhão Púrpura’, título do seu próximo romance, continue a prodigiosa senda do seu autor, um dos mais premiados jornalistas portugueses.


José Amaral

Reformar o estado, libertar a sociedade, repovoar o território

TERRA-DE-NINGUEM_-_Capa_large.jpg
As câmaras municipais são a célula cancerígena do nosso sistema político. Se não conseguirmos perceber isto, nunca conseguiremos, com sucesso, alterar o nosso modelo de desenvolvimento, reformar as mentalidades, o nosso sistema político e a nossa administração pública, combater a corrupção e o compadrio e tornarmo-nos num verdadeiro Estado de Direito. O poder autárquico é a base da pirâmide que sustenta toda a estrutura do poder político partidário e o modelo macrocéfalo de desenvolvimento do País.
À excepção de Lisboa, Porto e pouco mais, a esmagadora maioria dos municípios têm tamanho paroquial, o que leva necessariamente ao caciquismo. O senhor presidente da câmara paira sobre todas as actividades do município, por mais insignificativas que sejam. E, à semelhança do senhor prior que leva a bênção a casa dos seus paroquianos, o senhor presidente leva o chequezinho a casa dos fiéis, para a obra, o almoço da colectividade, a viagem ao estrangeiro, o concurso de pesca ou o campeonato de sueca. Não há nada que aconteça na paróquia que dispense a sua presença e aqueles que não se ajoelham à sua passagem são olhados como hereges e literalmente perseguidos.
Acresce que os municípios reproduzem, em ponto pequeno, o modelo macrocéfalo de desenvolvimento do País, onde a capital (sede do concelho) impera e esvazia todo o território. Por outro lado, a competição desenfreada entre municípios vizinhos, para além de pressionar as câmaras a consumir recursos em excesso (há cada vez mais localidades com equipamentos de luxo sem gente sequer para os utilizar), conduz inevitavelmente à desertificação do território, num processo irreversível de concentração de população na região de Lisboa e na faixa litoral circundante. Não há modelo que melhor sirva o poder de Lisboa do que a divisão do território em pequenos municípios liderados por tiranetes que se digladiam entre si para conseguir ganhar um lugar à mesa do Orçamento de Estado.
E quem olhar para um orçamento de uma autarquia não pode deixar de se arrepiar pela forma como é gasto o nosso dinheiro. Se se reduzisse os executivos autárquicos a um por distrito, Portugal só tinha a ganhar, sem que isso implicasse desmembrar ou reduzir o número de municípios. Bastava que os “presidentes de câmara” passassem a ser cargos de direcção da administração pública não electivos e os “governadores-civis” passassem a ser eleitos, assim como a assembleia distrital.
Em primeiro lugar, as terras ficariam com os serviços municipais libertos da tutela do ditador. Ou seja, a câmara municipal passaria a estar organizada para servir os munícipes, com isenção e imparcialidade, em vez de se destinar a colocar os afilhados do senhor presidente.
Em segundo lugar, poupar-se-ia mais de metade do orçamento das câmaras que é gasto, literalmente, a sustentar o poder político e a garantir a sua reeleição, ou seja, a alimentar os do partido, os afilhados e a chusma de associações, fundações, institutos e organizações por onde eles se reproduzem e que são sustentadas por dinheiro público.
Em terceiro lugar, a sociedade civil podia respirar livremente, sem ter de andar sempre a esbarrar no senhor presidente, o que a obrigaria a ter vida própria, deixando de depender dos subsidiozinhos e dos favores do senhor presidente.
Em quarto lugar, a dimensão distrital e o maior distanciamento em relação ao senhor presidente, faria não só que a qualidade dos candidatos aumentasse como também que os munícipes passassem a preferir, naturalmente, eleger um presidente competente e sério. Com efeito, quando os municípios têm o tamanho paroquial, as pessoas escolhem é o amigalhaço que lhes garanta o emprego dos filhos e os desenrasque, levando a que o Estado de Direito seja diariamente violado, sob pena de o senhor presidente perder os amigos e os votos. O mesmo sucederia, aliás, se o juiz da comarca ou o comandante do posto da GNR fossem eleitos.
Em quinto lugar, um executivo distrital permitia: um melhor aproveitamento dos recursos e um melhor planeamento; dar peso, unidade, diversidade e voz ao distrito; descentralizar, ocupar uniformemente o território nacional, colocar todos os distritos em pé de igualdade e combater a desertificação do território.
Em sexto lugar, as tensões que se estabeleceriam necessariamente entre as cidades do distrito faria com que fosse necessário estabelecer pontes não só entre as diferentes cidades como entre os diferentes partidos, o que seria benéfico para a qualidade da democracia e do Estado de Direito, a liberdade de expressão e de opinião e a distribuição de poderes dentro do distrito, impedindo a concentração hegemónica de poderes numa cidade ou numa pessoa. Um dos nossos grandes problemas é precisamente o excesso de individualismo e a nossa incapacidade de nos associarmos num objectivo comum. Nos nossos pequenos municípios, o partido que manda na câmara manda em tudo. Enquanto que, se o executivo fosse distrital, os interesses, por exemplo, do PS de Santarém seriam conflituantes com os do PS de Torres Novas, de Tomar e de Abrantes. E isso seria benéfico porque obrigaria a criar pesos e contra-pesos e ajudaria a criar uma cultura de compromisso que é precisamente o que nos falta.
Tenho, no entanto, a consciência da dificuldade de levar a cabo esta reforma urgente (e que devia ser a mãe de todas as reformas: administração pública, mapa judiciário, gestão das escolas e dos hospitais, etc.), na medida em que os municípios estão controlados por caciques que são, objectivamente, os grandes aliados do poder hegemónico de Lisboa.
Outubro de 2013

Um bom exemplo



O FMI, os mercados, as agências de rating e toda a direita, têm dito cobras e lagartos do possível entendimento do PS com o PCP, os Verdes e o BE.
O mundo está mau e perigoso. O desemprego é enorme, os trabalhadores perdem direitos e regalias arduamente conquistadas, a guerra destrói países, os refugiados são aos milhões, e um conflito mais generalizado onde a arma atómica pode ser usada, é uma apocalíptica possibilidade. Perante este medonho quadro em que o capitalismo dominante e o imperialismo transformaram o mundo, quando mesmo num pequeno país como o nosso, a Social-Democracia ( uma das componentes gestoras do capitalismo) “ameaça” cooperar com forças anti-sistema, os capatazes do mundo através dos seus agentes e representantes, fazem soar todas as campainhas de alarme para amedrontar e manipular os povos.
Os resultados eleitorais podiam e deviam ter sido ainda muito melhores. A direita devia ter dado um trambolhão ainda bem maior, e a oposição consequente, nomeadamente a CDU, merecia ter subido muito mais. Mas, estamos no bom caminho!No caminho da justiça social e da dignidade. Só nos podemos orgulhar se formos exemplo para outros povos.
Francisco Ramalho

Corroios, 28 de Outubro de 2015

A CAIXA DE EUSÉBIO OU DE PANDORA?

Após Bruno de Carvalho ter denunciado a oferta do Benfica aos árbitros, delegados e observadores dum kit composto pela Caixa Eusébio, incluindo vouchers de refeição, não esclareceu se também incluiria fruta, café com leite, férias na Terra de Vera Cruz ou à China. Ficamos agora a saber pela boca de Jorge Jesus que ele próprio, durante os seis anos que prestou serviço naquele clube, nunca deu conta de tais ofertas. Mas olhe que, mesmo que desminta tais ofertas, não se livra de sobrar para si a acusação que se o seu currículo enriqueceu nestas últimas seis épocas, foi graças àquelas ofertas que conseguiu tantas victórias. Concluindo, parece-me que o que o presidente do SCP conseguiu foi o mesmo que Pandora obteve ao abrir a famosa caixa: espalhou não todos os males ao mundo, mas a certeza que JJ é um autêntico flop, pois só conseguia ganhar à custa das ofertas da sua entidade patronal. Jorge Morais
 
Publicado no Jornal METRO em 28.10.2015

LIBERDADES

                               DA LIBERDADE DE IMPRENSA

…O principal, por ora, a conquistar, em amena cooperação entre escritores e leitores de jornais, é repor a normalidade do regime do ónus da prova. Não se pode admitir o critério corrente de que o que não foi desmentido foi admitido. Tal não vale para a polícia, nem vale para os tribunais, pelo que não pode ser prerrogativa da Imprensa.
Ou a notícia é devida e factualmente fundada ( e exibe os necessários sinais da sua seriedade) – como mandam as boas regras, mas omitem as más excepções – ou expressamente se reconhece interrogativa ou especulativa, ou ninguém pode ser interpelado por um alegado facto na exclusiva e precária base de que o não desmentiu.
Assumir esta conduta é, não só mais cómodo e prático, como constitui a única forma de ajudar a imprensa a tornar-se mais exigente na notícia, na exacta medida em que o público se vai tornando mais céptico perante ela. Jornalistas e leitores deverão, portanto, ser os grandes agentes do instante combate à leviandade impune.
                                             (…)
Entretanto, a hipótese mais corrente para o visado se defender dos abusos é a formalíssima carta que invoca a lei de imprensa. O resultado é mais ou menos assim:
N. da  R. -  Tomamos nota das declarações do sr. X. Contudo, 73 fontes que solicitaram o compreensível anonimato dizem tê-lo visto com fulano, beltrano e sicrano a a passear no parque da cidade, entrar furtivamente no gabinete do presidente da Câmara  e almoçar num conhecido restaurante com aquele grupo de amigos do partido. De qualquer modo o sr. X não desmente o essencial da notícia.
A segunda hipótese é escrever:
“Sr Director: em relação à notícia tal, agradecia a V. Exa a publicação, não de um desmentido – longe disso!... – mas de alguns aperfeiçoamentos”. Depois fala-se a verdade, não se fala em lei de imprensa e é tudo entre cavalheiros. Só que o resultado, no comum dos jornais, não é muito mais encorajante. A Nota da Redacção diz lacónica e polidamente: “Publicamos com gosto a carta do sr. X. Ainda que, como ele próprio refere, não se trate de um desmentido ao essencial do publicado.
Mas a terceira e mais sábia solução é mesmo nem desmentir.

NOTA – Extratos de uma crónica de Nuno Brederode Santos há anos publicada no “Expresso” e aqui transcrita por Amândio G. Martins.



terça-feira, 27 de outubro de 2015

O DOMÍNIO DA COMUNICAÇÃO SOCIAL


Os senhores do grande capital, procuraram controlar a comunicação social, logo pouco tempo depois do 25 de Abril de 1974, após a fase do «cravo vermelho ao peito... sobretudo faz jeito a certos filhos da mãe», como diz a canção do José Barata Moura.


«a opinião - UMA VOZ DEMOCRÁTICA», foi um jornal que nasceu em meados de 1973, na luta contra o fascismo e pela democracia, sendo a única publicação do Norte que tinha que ir à censura a Lisboa.


Na sua acção e luta após o 25 de Abril, por uma democracia ao serviço dos interesses do povo, editou estes autocolantes, com desenhos do cartunista Miranda, que durante muitos anos ilustrou páginas do «Jornal de Notícias.

O Tempo

Estive ontem, dia 26/10, no Centro de Dia da ‘minha’ Junta de Freguesia de Mafamude, durante cerca de hora e meia.
Tomei o meu café; li o jornal diário e, depois, da estante, retirei o ‘Relicário de Cantigas – cantos populares de Vila Nova de Gaia’, II volume, da autoria de Carlos Valle, numa edição da Câmara Municipal de Gaia, de 1982.
E, acerca do Tempo, nele li a seguinte e engraçada quadra:

O tempo pediu ao tempo
Que o tempo lhe desse tempo …
E o tempo respondeu ao tempo:
- Tudo por tempo … tem tempo!

Vim pra casa, ficando a matutar no tempo e na quadra acima.
Assim, aqui Vos deixo quatro singelas quadras da minha autoria que acabei de criar, acerca também do tempo:

O tempo pediu ao tempo
Que lhe desse mais um tempo;
O tempo sem parar o tempo
Concedeu-lhe mais esse tempo.

E o tempo foi passando
Com o tempo concedido;
Assim o tempo foi andando
Com o tempo percorrido.

No meu entendimento
O tempo dá-nos tempo,
Pró nosso empreendimento
Seja que seja esse tempo.

O tempo não volta atrás
Ele sempre segue em frente,
Ou será que é capaz
De fazer algo diferente?


José Amaral