sexta-feira, 30 de outubro de 2015

A CAPOEIRA



Uma capoeira de galarós, quando um mais espigado apruma a crista, logo a população galinácea, espavorida e temente, pede desculpas, arreia, numa subserviência lambe-espigões, fidelíssimos não sabem eles a quem, ao como, a porquê.

Curva-se porque se assusta com o levantar do pio.

Pardieiro dos pequenos e grandes oportunismos. Se pequenos, é o desenrasca, o encosta, passar à parceira do lado o ovo para que choque, o seu e o dela. Se grandes, é a esperteza armada em inteligência superior, o empreendedorismo da melhor história de enganar, sacar todos os proveitos e deixar o próximo depenado.

Cantam de galo os sucedidos, no alto do poleiro, não parando de cantar para se fazerem ouvir. A maioria, manca de entendimento debica mecanicamente as migalhas do chão. Não faz mais do que isso, debica o pouco de nada que resta para debicar.

Ambiente tenso e difícil, quase irrespirável.

Assim vivem as galinhas, sem saberem, que vão acabar invariavelmente na panela. Os galarós terão esse destino, serão comidos por quem lhes dá de comer, esses sim, os verdadeiros poderosos.

Enquanto esse desfecho não acontece, julgam-se autónomos e senhores de si, fanfarrões e narcisos.

A população residente, por serem galinhas têm o seu discernimento próprio, que é nenhum, o que explica não viverem em harmonia e organização.


É uma espécie estranha esta das galinhas, parece que não evolui, ficou perra desde o acto da Criação!

1 comentário:

  1. E há já muito tempo se descobriu que a maior parte da argúcia da raposa se deve à estupidez das galinhas!...

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