sábado, 24 de outubro de 2015

Prefácio ao meu livro "A TERRA DE NINGUÉM"

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 JORGE - Romeiro! Romeiro!... Quem és tu?
ROMEIRO - Ninguém.
(in Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett)

Aos 16 anos, era convictamente revolucionário. Todos os dias eram dias de sol. E eu sonhava e acreditava nesse prometido mundo novo onde todos os homens viviam como irmãos e queria lá chegar depressa.
Aos 56 anos, sou conservador. Vivo no meio da tormenta. Descrente dos homens e do mundo, procuro, a todo o custo e com pouca esperança, salvar da enxurrada o melhor da nossa herança comum.
Sinto-me, literalmente, o Romeiro de Frei Luís de Sousa que, no final da sua longa caminhada, constata que afinal o seu mundo já não existia. O mesmo desencanto, a mesma solidão. E o Alentejo, rústico, agreste, desértico, surge naturalmente como o refúgio natural do Romeiro. O tal mundo, descrito pelo ministro socialista Mário Lino, "onde não há gente, onde não há escolas, onde não há hospitais, onde não há cidades, onde não há indústria, onde não há comércio, onde não há hotéis".
O Alentejo fica, assim, no outro mundo, um mundo habitado por seres fantasmagóricos a que o poder de Lisboa não reconhece sequer a existência e que hoje se estende pelo interior do país do Algarve a Trás-Os-Montes. Este é o meu mundo. Um mundo que provavelmente não tem nada a ver com o vosso.
Ponte de Sor, 15 de Novembro de 2014
Nota: Este livro é uma colectânea de textos que fui escrevendo e reescrevendo ao longo dos últimos trinta anos e que foram sendo publicados em jornais nacionais e locais, designadamente: A Barca, Diário As Beiras, A Ponte, As Flores, Diário de Coimbra, Diário de Notícias, Ecos do Sor, Educare - Portal da Educação, Expresso, Jornal do Alto Alentejo, Jornal Torrejano, Linhas de Elvas, Notícias de Arronches, Notícias de Viseu, Nova Aliança, O Despertar, O Diabo, O Mecanizado, O Ribatejo, Primeira Linha, Público, Rede Regional, Semanário. A todos, o meu agradecimento.

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