quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Quando o telefone toca

O baile parecia não ter fim, até que o telefone tocou. Do lado de lá da linha vinha o recado de que estava a fazer-se tarde repor a ordem natural das coisas. E as coisas eram nem mais nem menos meter nos eixos o senhor Costa que estava a ter um protagonismo que extravasava os resultados obtidos na eleição para o comando da coisa pública. Mal o triiim soou, Coelho apressou-se a levantar o auscultador e ouviu com atenção o que de Belém lhe recomendava para se impor e o que havia de dizer. A voz com sotaque algarvio, muito funda, quase roufenha foi no entanto perceptível. Pedro Coelho todo-sim-chefe-é-para-já, interiorizou, consentiu, e como bom aluno e bem comportado prometeu reunir os media e tornar tudo mais claro. O senhor Costa não podia andar a fazer de conta que era o vencedor da dança de salão e falar com os bolsos cheios de exigências e ameaças. Pedro de facto tinha-se deixado ultrapassar, e agora queria recuperar o pé e a cabeça que adormecera no impasse criado pelos resultados de tal eleição, e que o trazia baralhado. Com algum nervosismo, lá reagiu frente aos microfones àquilo que agora lhe parecia uma chantagem e que punha em causa a verdade e o seu lugar sobretudo à frente de todos os destinos ambicionados e traçados embora sem um programa conhecido e claro mas que se adivinha pleno de malfeitorias. O tempo escolhido não apagou o ridículo que se lhe colou por não ter percebido antes que estava a ser repasto do líder perdedor, mas mesmo assim animou-se e falou com ar de zangado e até acabou por deixar um ultimato. Farto das duas vezes que se reuniu com o senhor Costa sem qualquer avanço para os consensos que Belém reclama, disse que não queria bailar mais ao som da música que lhe andava a dar o dançarino do Largo do Rato, e que o maestro e inquilino a prazo no palácio de Belém por telefone na calada da noite, que é quando estes recados são dados, também queria suspender pois também o andavam a pôr nervoso, o que se reflecte no rosto tenso, carregado, que apresenta. Perante estas faltas de vontade de encontrar a solução tão desejada mas às avessas dentro do desespero, o país ao que tudo indica, vai continuar à espera sentado e de mão estendida. À falta de contibutos para formar uma estabilidade governativa, o país e o mexilhão vão seguir para um prolongamento, tipo, "os cavalos também se abatem", até à nota imprevisível ou um novo triiim, que ponha termo a tanta agonia. "E ponto final"!

2 comentários:

  1. "Foi fácil tirar o homem de Boliqueime, mas nunca conseguiram tirar Boliqueime do homem"... Por mim, "boliquei-me há muito para a triste figura!

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  2. Já não é com a 'pedra no sapato', mas com o 'Himalaias' às costas.

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