segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Banalidades

Os meios de comunicação social todos os dias nos bombardeiam com assuntos importantes e nos esmagam com “temas” que nos vão entretendo e as banalidades do nosso dia a dia estão a tornarem-se rotinas.
Por exemplo: com muita frequência os Bancos e Empresas pedem aos clientes para converterem as suas consultas e facturas em “online” e assim pouparem papel… e depois complementam o apelo que com estas atitudes estamos a salvar árvores. Isto é verdade mas ainda há muitas pessoas sem ligação às novas tecnologias.
Mas depois enchem-nos as caixas de correio com “publicidade” – a maior parte todas as semanas, apelando a compras com preços especiais… e então agora já não estão sensíveis às árvores???
Neste pequeno exemplo há muitas banalidades que nos passam despercebidas. Aceitamos como rotina normal esperarmos pelo folheto do supermercado para ir comprar… Não estamos preocupados com as árvores porque há uma componente na feitura destes folhetos muito importante: dão trabalho aos que elaboram os preçários, às tipografias e até aos distribuidores destes papelinhos… e, entretanto, há lixo e muitos folhetos que vão parar aos contentores azuis.
Há uns que pensam que os preços deviam ter uma certa estabilidade e não andarem a mudar de semana para semana, mas assim não haveria curiosidade de saber o que está em promoção e as pessoas olhariam as comprar como uma zona cinzenta.
Já falei também nesta coisa dos apelos das TV do telefone, telefone… Se esta banalidade tem alguma veracidade todos os dias são entregues alguns mil euros o que ao fim de um mês, e de um ano são milhares… Mais uns extras nos fins de alguns programas e mais um carro de vez em quando. Até o governo continua a dar carros. Temos falta de empregos? Há pessoas sem esperança de estabilidade familiar? Vão-se entretendo com os finais dos programas dos telefonemas.      
Uns terão (?) milhares de prémios pelo gasto de sessenta cêntimos mais IVA e outros são esmagados com horários e exigências por uns salários que muitas vezes não chegam para pagar a casa onde dormem.
Quando chega a época natalícia multiplicam-se as iniciativas de “solidariedade” que mitigam ligeiramente esta banalidade de falta de empregos, de estabilidade, de esperança num futuro minimamente sonhado.

Afinal muito do nosso dia-a-dia é feito de coisas sem importância – as tais banalidades – que nos absorvem e aceitamos e nem damos por elas. E se nos propósitos para o próximo anos incluíssemos uma alínea de atenção à monotonia que nos querem impor e mesmo que nada possamos fazer pelo menos poderemos dizer: “sei que não vou por aí”.

Clotilde Moreira

2 comentários:

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