terça-feira, 24 de novembro de 2015

O Fado dos 31+1

Em Portugal, ao fim de mais de 40 anos de democracia ainda se vive sob um clima de medo. Não de ti, mas de gente nervosa e lobbysta. Ninguém ou quase ninguém, se atreve e tem coragem, conscientemente, a chamar fascista a quem assim se revela, ou que este mais aquele apresenta laivos de fascista. Eles existem ou desapareceram por milagre de sto.antoninho? Eles andam por aí escondidos ou disfarçados de bonzinhos, embora não à Rui Vitória? Certamente que existem e de boa saúde e disfarçam quanto podem. Sabem-se arrumar  por detrás dos partidos com assentos seguros, que lhes dão garantia de comer e engordar à fartazana com laranja para desenjoar. Vivemos num país em que até parece que não temos um presidente de tudo e de todos com características ultrapassadas, chochas, conservadoras no pior das conservas, nascido e presente na ditadura que o meu velho pai combateu. Um vice-1ºministro com o rosto sob o boné do antigo regime, e que discursam fluentemente mais a favor do 28 de maio, do 25 novembro, do que do 25 de abril de74. Temos empresários que sabem posicionar-se, apoiar e aparecer à chamada e nos partidos, que lhes permitam entrarem em Belém para serem consultados, temos contabilistas ditos economistas de renome, professores e especialistas que dão para o torto, que até já passaram pelos governos que puseram o país no estado comatoso em que está a definhar, e o povo com vontade de lhes virar as costas. Portugal é um país aonde o medo persiste. Quase ninguém ousa dizer e os media nem pensar, que há resquícios fascistas a enfileirar na política nacional que só gosta de(o) Poder, e que após ser ouvida por um presidente da mesma escola vertebral, logo diz ao que foi fazer, à saída do palacete presidencial e a arrotar aos microfones ali dispostos, a manifestar que tipo de governo desejaria, mais convinha ao seu jeito de “investir”, com que melhores olhos veria S. Bento do Poder Aberto – Deus nos valha, pois que já Francisco de Roma não nos pode valer. Quem leu até aqui, tem o meu respeito e considero-o valente, capaz de enfrentar qualquer daesh ou o diabo pintado. Quem chegou até aqui já sentiu do quê e de quem estou a referenciar. Os de direita extrema, coligados, vão-me designar do piorio. Outros vão ensaiar o pensamento para se coligarem a mim, e entabular com os seus botões –“era isto que eu gostaria também de escrever, mas faltam-me “cojones” tal como a alguns jornais, que se queixam de liberdade de imprensa, às vezes. Mas em Portugal ainda se vive com medo “de la vie”, até porque há leis que defendem os intocáveis que se dirão ofendidos e nos levam diante da “justiça”.Que nos resta? Temos que combater o medo palaciano du pouvoir et du boulevard dos 31 convidados escolhidos a dedo e a preceito do chefe, que o tempo o empurra para fora e para dentro da má memória, ou outro que seja o medo criado por quem quer que seja. Usemos para já, a palavra, e a pouca liberdade consentida que ainda se consegue antes de subir as escadas do Parlamento e os jardins do Palácio de Belém.


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