sábado, 13 de fevereiro de 2016

França e democracia


O país da liberdade, igualdade e fraternidade, e da democracia, está a deitar tudo isso no caixote do lixo, ou a colocá-las de quarentena.

Cá, já tivemos quem defendesse a suspensão da democracia por seis meses para “pôr” o país em ordem. Claro que ficaria a democracia suspensa por uns bastantes “maus” anos.

Em França, quando se colocou o país em estado de emergência, logo a seguir ao 13 de Novembro de 2015, e foi prolongado por três meses, por uma questão de reposição de uma normalidade democrática que tinha sido abalado, tudo bem.

Agora parece muito grave os deputados, para já, votarem uma lei que parece que irá poder vir a fazer parte da Constituição francesa para que o estado de emergência possa ser um recurso normalíssimo e infindável.

Criarem-se situações “normalíssimas” em que a polícia entra, sem mandado bem fundamentado de um tribunal, na casa de uma pessoa por se desconfiar de qualquer coisa, ou por essa pessoa não agradar convenhamos que não é propriamente democrático.

Cá, no nosso país, a polícia política no tempo da ditadura fazia “isso”, mas era uma não democracia.

 Felizmente que estamos por cá, até ver, em democracia e não se coloca este malabarismo de estado de emergência para suspender uma parte da democracia que pode fluir para onde se for entendendo. O mal é começar.

Em simultâneo permite-se agora, também em França, retirar a nacionalidade a cidadãos franceses, invocando razões de segurança.

Principalmente se forem um pouco “escurinhos”!

A ministra da Justiça francesa — feio de o dizer e pior de escrever, mas não era branca de todo e era mulher, algo que a muitos incomoda — já se havia demitido face a estes atentados contra as liberdades em França, e, agora, e bem, demitiu-se o ministro dos Negócios Estrangeiros. (...)

É a França, terra da liberdade, a dar seu sinal de ditadura, ou de não democracia, não liberdade, Não igualdade, não fraternidade!

Muito grave.

Augusto Küttner de Magalhães, Porto
(Público, 13.2.2016)

6 comentários:

  1. Já o tinha lido no PÚBLICO no espaço - hoje - comigo compartilhado. Todavia, não penso que a França, no caso em apreço, esteja a colocar no lixo a LIBERDADE, a IGUALDADE, bem como a FRATERNIDADE. Estando eu, blindado num aconchegante condomínio fechado, guardado a sete chaves, não me importarei com o que se passa fora dele. Estou seguro, é o que importa.

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    1. Caríssimo também li o seu merecido e devido espaço.

      O problemas é, que se nos fecharmos todos a sete chaves, em condomínios aconchegados e blindados - e para isso é necessário termos dinheiro, que nem todos temos...- , vamos voltar depressa e mal ao tempo do Feudalismo, das Cidades/ Estado da putrefação da Europa. Já esteve mais longe!!!

      Um bom fim de semana , apesar do tempo.

      YUm abraço do

      Augusto

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    2. Caro Augusto completamente de acordo com o seu comentário ao " fechado a sete chaves. Inteligente e oportuno. Um murro no estômago da indiferença e egoísmo que por aí grassa. Um abraço.

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    3. Muito obrigado.

      É assustador o Egocentrismo, o Egoísmo, o EU, EU, Eu, Eu, que nos rodeia.

      Mas todos fazem de conta..... que é normal e muito bom.

      Quando tudo rebentar de tanto eu em combate com outros eu.....será tarde..

      Mas, um abraço Arlindo do

      Augusto

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  2. A história faz-se com a análise de espaços mais alargados. Não é por uma decisão incorrecta que prevalece um mês ou um ano que se destrói um passado prestigiado. Não se diz o dia ou o anos das luzes, mas, sim, o século das luzes. Haja calma, porque a França da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, ainda defende esses valores, embora seja difícil mantê-los ou implementá-los, especialmente a Fraternidade, que, como diz Agostinho da Silva, ainda nenhum país do mundo conseguiu instituir como princípio. Contudo, é preciso estar atento, e denunciar os erros que a sociedade, de quando em vez, propaga.

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