domingo, 26 de fevereiro de 2017

Dez mais nove zeros

Em terminologia anglo-saxónica, são dez biliões. Em euros, é muito dinheiro.Tanto que, se nos concentrarmos nos melões que com ele se podem comprar, rapidamente chegamos à conclusão de que dava e sobrava para pagar os juros que o sobreendividado país paga anualmente ou, em alternativa, as despesas anuais dos sempre esbulhados sectores da Saúde ou da Educação, para não falar da Segurança Social. Mas fugiram do país, beneficiando de frouxa ou nenhuma vigilância.
Se alguém transferiu esses montantes é porque os acumulou, coisa lícita que, como se sabe da teoria “eco-irónica”, está ao alcance de qualquer um de nós, desde que se esfalfe a trabalhar e não ande por aí a perder tempo com reivindicações salariais. Contudo, as migrações, sem fronteiras nem muros, dessas massas monetárias estão sujeitas, por lei, a vigilância que se pensava apertada. Afinal, não é tanto assim, talvez porque os meios de fiscalização das autoridades competentes se concentram no escrutínio dos “abusos” cometidos no âmbito dos rendimentos mínimos, baixas médicas e subsídios de desemprego. Pensar-se-á que a descapitalização e empobrecimento do país se devem a estes “luxos sociais” e nada têm a ver com os offshores.

Expresso - 25.02.2017, truncado das partes sublinhadas.


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