quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Depois da tragédia

Sobram as palavras, mas não é possível a ninguém ficar indiferente a tanta terra calcinada, tanta casa e equipamentos industrias destruídos, tantas vidas perdidas, mas tem-se pena, sobretudo, da pobreza mentral de quem, vivendo rodeado de matéria combustível, não mexe uma palha para se proteger.

Nasci e vivo numa pequena aldeia de montanha e tenho a perfeita noção de que somos nós os primeiros responsáveis pela nossa segurança; se aquela gente martirizada, os seus elementos mais activos, tivessem cumprido o seu dever, este tipo de tragédias não teriam lugar, pelo menos a esta escala, porque os incêndios nunca chegariam às habitações.

O que não faltam agora são papagaios a gritar que o Estado falhou e a pedir demissões, mas se a ministra se tivesse demitido da primeira vez que o propuseram, agora estariam a pedir a demissão do substituto; “o Estado falhou”, mas então o Estado não somos todos nós? Até parece que, nestes casos, o Estado se limita ao Governo em funções, como se pudesse dispor de poderes milagreiros...

Ouvi há dias, num momento de grande dor mas também de ponderação, um autarca confirmar que teve poucos bombeiros, porque não chegaram para acudir a todo o lado, mas mesmo que pudesse dispor de milhares deles não resolveria nada, tal a dimensão do monstro!

Àquele papagaio com sotaque brasileiro que, em Pedrógão, não se cansa de proferir tolices, ainda não vi ser-lhe feita uma pergunta bem simples: o que fez ela, que acções terá liderado para prevenir a tragédia, para alertar as autoridades locais e as populações da zona em nome da qual agora se evidencia...


Amândio G. Martins

Sem comentários:

Enviar um comentário

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.