quinta-feira, 9 de novembro de 2017

O amor é o “cagarra”...

”Que o nosso amor seja eterno enquanto durar”, dizia um tropical poeta.
Estatísticas recentes mostram que as pessoas se casam cada vez menos e divorciam cada vez mais, enquanto em todo mundo, homens e mulheres, continuam a morrer de amores e por amor...

Alçada Baptista – que Deus o guarde – sustentava que enquanto o casamento foi feito por interesse -  as pessoas casavam-se em função dos teres e haveres de cada uma – o casamento era para a vida. Quando nasce o casamento por amor , com este como único bem que os amantes possuem para trocar com o outro, acabando ele, ficam sem nada; e aqui ocorre-me o poema do grande limiano António Feijó, “O amor e o tempo”, de que deixo alguns versos.

Pela montanha alcantilada
Todos quatro em alegre companhia
O amor, o tempo, a minha amada
E eu subíamos um dia.

Da minha amada no gentil semblante
Já se viam indícios de cansaço;
O amor passáva-nos adiante
E o tempo acelerava o passo.
            (...)
Volta-se o amor e diz com azedume:
“Tende paciência, amigos meus!
Eu sempre tive este costume
De fugir com o tempo...Adeus, Adeus!”

É hoje evidente que poucos possuem o espírito de sacrifício para vencer a “montanha alcantilada”que a vida em comum constitui. Assim, não querendo ficar logo à primeira presos a compromissos de “papel passado”, homens e  mulheres encetam uma espécie de relações experimentais, para testar as afinidades, até ficarem seguros de que se completam para ir em frente; só que, quando isso acontece, tem-se constatado, começam a surgir os atritos onde antes nunca tinha havido problema.

A ideia que me ocorre para entender isto é que as pessoas, na fase experimental, seja dito assim, se esforçam por agradar-se mutuamente; depois de terem concluído que cada um é mesmo o que o outro sonhava e se unem a sério, acomodam-se na rotina de uma relação utilitária, em que a mulher é sempre a mais sacrificada, e às tantas até já nem sentem necessidade de ser gentis um com o outro.

Ainda que mal comparado, há similitude com certo tipo de trabalhadores que, no período experimental, para agradar a patrões e chefes, se mostram aplicados e diligentes, mas quando se vêem nos quadros da empresa, pouco a pouco se vão tornando relaxados e preguiçosos e um mau exemplo para os restantes...

Amândio G. Martins




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