terça-feira, 7 de novembro de 2017

Parece que foi ontem...


O ano de 1993 caminhava para o fim, era mês de novembro e, em Lisboa, dois candidatos queriam a câmara, o lisboeta Jorge Sampaio e o algarvio Macário Correia, que tinha deixado o governo, de cuja acção terá sobrado apenas aquela frase bonita em que dizia que beijar uma rapariga que fumasse era igual a lamber um cinzeiro; constou que o resultado daquela “graça” foi as raparigas fumadoras dispensarem os rapazes que o não fossem...

Beneficiando da curiosidade que sempre é dispensada às novidades, a CIC vivia momentos de euforia, com gente na direcção que garantia ser capaz de “vender” um presidente da República como se fosse um sabonete; vai daí, anunciaram com estridência, com dia e hora marcados, um debate com aqueles dois candidatos, mas sem que eles fossem tidos nem achados!

Estupefacto, ou nem tanto, dado de onde vinha o atrevimento, Sampaio fez saír um comunicado a informar que, não tendo sido convidado para tal debate, não compareceria. Só que isto não demoveu  os senhores da CIC, que o ignoraram completamente, continuando a colocar o spot até ao último minuto; e Sampaio cumpriu o que tinha dito.

Imaginando-se com aquele tempo de antena gratuito só para ele, Macário lambia os “bêços”, nem lhe passando pela cabeça que os jornalistas que iria defrontar o  impediriam de averbar aquele tempo todo para debitar a sua cantilena como quisesse; e foi cilindrado, saindo de lá mais amarrotado que o chapeu de um pobre, sem sequer perceber bem o que lhe estava a acontecer, como a seguir foi cilindrado na eleição.

Tinha sido a primeira vez que, no país, um órgão de Comunicação Social usou de toda a sua força para obrigar alguém a um determinado comportamento, numa tentativa clara de ditar as regras do jogo.

Outro aspecto interessante foi que, precisando o partido de um bom candidato à câmara, Sampaio não mandou para a “fogueira” uma Teresa qualquer coisa, foi ele mesmo e venceu, como depois venceu para a presidência da República. E deixou saudades quando saíu, como tinha deixado saudades o antecessor. São assim os líderes que contam.

Do Macário soube-se que chegou a presidente de câmara, mas lá na sua região, onde até parece que perdeu o mandato por falcatruas, ou não tivesse sido ele membro da “entourage”cavaquista, que deixou no país marcas que hoje pagamos bem caro...


Amândio G. Martins

1 comentário:

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