quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

O comprimido contra a crónica centralização

Em Maio, a Assembleia da República aprovou um voto de saudação à candidatura de Portugal à sede da Agência Europeia de Medicamentos, com o PS a pensar em Lisboa para tal. As pressões de «notáveis» do Porto e as eleições autárquicas à porta, mudaram o pensamento para o Porto.
Se o objectivo era mesmo que essa agência se localizasse no nosso País, haveria que organizar e estruturar um processo de candidatura com hipótese de escolha, e não ir atrás da satisfação do ego presidencial da câmara de Porto, que pensou que o sucesso turístico seria talvez credencial suficiente.
Embora se fale pouco ou nada, varrendo talvez para debaixo do tapete, a verdade é que a candidatura do Porto não primou pela competência, ao ver chumbados pela comissão técnica europeia, ainda antes da decisão final, os edifícios indicados pela câmara municipal para possível sede da agência europeia.
Depois, incompreensivelmente, para compensar a incompetência e errada aposta, seguiu-se os numerosos trocadilhos governamentais e municipais sobre a intenção de transferir o Infarmed de Lisboa para o Porto, cujo desfecho não se enxerga ainda, numa espécie de comprimido avulso para tratar a crónica doença da centralização.
A descentralização não se concretiza com atitudes isoladas, mas com a inversão das políticas seguidas nas últimas quatro décadas, nas quais o PS tem muitas responsabilidades, em conjunto com o PSD e CDS, e adoptando medidas que vão desde a regionalização aos incentivos à produção nacional, ao investimento público e privado, ao aproveitamento de potencialidades locais, à manutenção e reforço de serviços públicos e administrativos e promovendo o emprego de qualidade e com direitos.


1 comentário:

  1. Publicado no Jornal de Notícias de 19.12.2017, com o título «Um comprimido contra a centralização» e alguns
    cortes no texto.

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