sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Mitologias e coisas afins

Uma das minhas curiosidades culturais são os mitos e a Mitologia. Da segunda, com maiúscula, realço o que li, em dois volumes, em "História das Mitologias" ( Direcção de Félix Guirand, Ed.70) e, mais recentemente, "A Sabedoria dos Mitos" de Luc Ferry.
Dos outros, os mitos, existe uma "catrefada" deles, uns chamados de urbanos e outros nem tanto. Um deles, dos tais "nem tanto" foi-me relembrado, hoje, pela pena de Miguel Esteves Cardoso -Livros e obrigações- no PÚBLICO, ao dizer que o velho lema de que um livro tem que ser lido até ao fim, não é verdade ( e eu concordo) pois pode/deve ser largado quando "deixa de divertir, entreter, empolgar, distrair, comover" (sic) ou ensinar... juntarei eu. Mas o maior dos mitos, quase "elevado" à categoria de Mito "maiúsculo", é a de que os seres humanos se dão todos muito bem, nascemos todos ungidos, e só "descambamos" por "descuido" nosso ou maldade dos outros e "abraço para aqui, abraço para acolá". Recuperei este meu pensar ontem à noite,vendo ouvindo e lendo ( não poderia ignorar...) Pacheco Pereira, na "Quadratura do Círculo",e  Yuval Noah Harari, no "Homo Deus", respectivamente. O primeiro defende, para dentro de cada os partido político, uma discussão aberta e mesmo dura, mas nunca feita de palavras delicodoces e "traiçõezinhas" terminada com... um abraço inquinado e patético. Quanto ao livro, esse vai mais longe, e diz que não são a alma e a consciência mas sim a capacidade de cooperação flexível que faz que os seres humanos sejam "superiores" (com aspas...) e vivam uns com os outros.... à distância. Já que em proximidade, em relações íntimas, em pequenas comunidades.., é difícil.  A não ser que, como o fazem, mantenham umas hierarquias falaciosas baseadas em leis imutáveis da natureza ou mandamentos sagrados e não em caprichos humanos. Isto é de todos os dias e de todos os lugares, macro e microcosmos.  Termino com o que penso: poderemos melhorar, somente, mas para isso precisamos de muita paciência e cultura. De outro modo dito: é a Cultura, estúpido! Não nos esqueçamos da dureza mas juntemos-lhe   argumentação avisada e prenhe.

Fernando Cardoso Rodrigues

4 comentários:

  1. O "Zoo Humano", de Desmond Morris, Publicações Europa-América, esclarece muita coisa do que realmente somos...

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    1. Verdade. Que "fez época" há muitos anos, já depois do "Macaco Nu" do mesmo autor, creio.

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  2. Sim, é do mesmo autor, pertencendo à mesma colecção "Estudos e documentos", da mesma editora; o "Macaco saíu com o número 50 e o Zoo com o 56.

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    1. Na altura, era eu estudante universitário, circulavam de mão em mão numa avidez de cultura bem relevante!

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