domingo, 21 de janeiro de 2018

Sacerdotes ou sacerdotes homens?

Os últimos dois domingos, no PÚBLICO, foram férteis em editoriais, artigos, crónicas e cartas sobre o papel das mulheres na Igreja Católica, mormente como sacerdotes e ministros presidentes da Eucaristia. Foram as jornalistas Lourdes Ferreira e Margarida David Cardoso, foi Frei Bento Domingues (por duas vezes) e foi José P. Costa. Ainda, de algum modo relacionado com o tema, veio Natália Faria falar sobre "padres importados".
O assunto é complexo (será mesmo?) mas julgo poder dizer que o tom geral dessas palavras todas, era no sentido da defesa da popular frase "as mulheres podem dizer missa". Mormente dos textos de Frei Bento (FBD), parece inequívoco que, com o baptismo, elas ganharam esse direito, tal como os homens, e que, dentro da Igreja, há padres, como o teólogo Edward Schllilebeeckx (ES), que , por várias vezes, aduziu razões para a mudança de visão "misógina" do estado actual das coisas, mas foi sempre "admoestado" e repelido nas ideias, pela hierarquia.Segundo José P. Costa, citando as fontes, o próprio Papa Francisco (será por isso que, de dentro, o apelidam de "herege"?) defenderá o acolhimento do "gineceu".
A pergunta que faço é: porque razão os padres, neste caso dois dominicanos, FBD e ES, se mantiveram dentro duma religião que não admite, mesmo perante evidências tão grandes, que uma "parte de si", as mulheres, sacerdotes como "Eles", cumpram uma missão que ajudaria, e muito, os seres humanos a quem chamam fieis? A fidelidade não deveria ser bidireccional?

Fernando Cardoso Rodrigues

7 comentários:

  1. É estando "dentro" que eles podem fazer alguma coisa para que se mudem mentalidades, e a voz de muitos assim esclarecidos pode ter peso; mas digo-lhe uma coisa, quando as mulheres puderem celebrar, vai surgir outra grande luta, que é elas convencerem as outras mulheres que são padres como os homens, com os mesmos poderes, porque vão ser as mulheres as maiores contestatárias...

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    1. Quanto ao "mudar as mentalidades a partir de dentro", em termos genéricos, sou muito mais céptico do que o Amândio. Então dentro de uma Igreja! Bem sei que existe Francisco mas, também existiu João XXIII e o concílio Vaticano II... Prefiro um bom confronto que "pequenos passos" que, ainda por cima e a maior parte das vezes, recuam como os de Sísifo....
      Quanto à "contestação" das mulheres (pareceu-me ler nas suas palavras algum insinuação sobre "inveja de género", seria?...). Aí sou mais "crente", até porque elas não seriam padres mas sim sacerdotes. Ou, com alguma pretensa ironia, madres, quando muito...

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  2. Bom, deveria ter colocado "aspas" no "padre"; mas o que eu quis mesmo dizer é que as mulheres(grande parte, claro, que são quem mais frequenta as cerimónias de culto) não vai reconhecer às mulheres ordenadas o mesmo "dom" para o exercício do múnus sacerdotal que não contestam aos homens...

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  3. Ora, se a resistência à mudança começa dentro da própria instituição, havendo ainda tantos fieis que acreditam piamente em tudo que emana dela, vêem como um sacrilégio certas tentativas de mudança. Quando era miudo houve aqui uma mudança de padre, por ter chegado ao bispo que havia descontentamento com o que estava. Veio para cá um jovem bastante mais evoluído, muito culto,que já não usava os sinais exteriores que o identificavam como padre. E sabe uma coisa: fizeram-lhe a vida "negra", ao ponto de ser ele a pedir para ser substituído; o bispo, de castigo, "espetou-lhes" aqui com o anterior, que aceitou de boa vontade e fartou-se de "gozar"os detractores até há bem pouco tempo, por já não poder mais, embora ainda esteja vivo!

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    1. Mas isso não tem nada ver com mulheres no sacerdócio! O que expõe tem a ver sim com "primarismos" atávicos que têm que ser "combatidos". Ainda há pouco houve aquele problema em Canelas ( pelos vistos esta terra dá abrigo a muito energúmeno , como no caso do futebol...) em que o pároco local disse de outro padre aquilo que "Maomé não disse do toucinho" e afinal veio agora pedir desculpa, num acordo judicial com o segundo. E aí também vimos a populaça, no meio da qual relevava uma mulher "esganiçada" que chefiava a turba, chegando a impedir a missa e insultar o pároco substituto que teve que sair escoltado.... sem que o "denunciante" o viesse defender... em nome da Santa Madre Igreja. Mas, voltando ao assunto,estou em crer que mulheres no sacerdócio so despertaria orgulho nas mulheres da Igreja.

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  4. Não sou tão optimista, mas oxalá que assim seja. O caso que refere, de Canelas, que parece manter-se ainda, é tanto mais triste quanto até mete um padre a caluniar outro. E aquela gente não tem noção de quão vergonhoso é o caso que criaram!

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